sexta-feira, 24 de abril de 2009

ONG do PC do B recebe mais verba do que prefeitos de SP

Instituição elogiada pelo TCU recebeu R$ 8,5 mi do Esporte, pasta controlada pelo partido

Maior doadora da campanha da ex-jogadora de basquete Karina, que dirige a ONG, foi uma empresa que mantém contrato com a instituição

n2204200901 Uma ONG ligada ao PC do B recebeu do Ministério do Esporte mais recursos do que 12 Estados ou todas as prefeituras paulistas contempladas pela pasta no ano passado. O ministério é controlado pela sigla desde o início do governo Lula.

A ONG Bola pra Frente, que recebeu R$ 8,5 milhões em 2008 do governo, é dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, eleita, em Jaguariúna (SP), vereadora pelo PC do B, no ano passado, com 642 votos. O partido elegeu outro vereador na mesma cidade com o mesmo número de votos, contra nenhum nas eleições anteriores.

A verba do Ministério do Esporte é repassada por meio do Programa Segundo Tempo, que promove práticas esportivas com alunos no período em que eles não estão em aula.

A ONG promoveu uma licitação para escolher a fornecedora de alimentos por dois anos. O valor do contrato é de R$ 4,4 milhões e a vencedora foi a RNC Comércio de Produtos Alimentícios e Artigos Esportivos. Essa empresa foi a maior doadora da campanha de Karina em 2008, responsável por 54,3% dos R$ 28,5 mil arrecadados pela candidata. Em média, cada voto recebido por Karina custou R$ 44.

Para comparação, cada voto dado ao prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), custou R$ 7,85 e para a sua adversária Marta Suplicy (PT), R$ 8,57. "Todas as doações são legais e declaradas", diz Karina.

Ganhadores ou perdedores, os quase 380 mil candidatos a prefeito e vereador gastaram cerca de R$ 2,2 bilhões nas eleições passadas, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Foram R$ 17 por eleitor.

Repasses

O ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, visitou a ONG em abril de 2008.

Somando-se todos os valores repassados por meio do Segundo Tempo para os Estados de Acre, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins chega-se a um total de R$ 8,3 milhões. Somando-se os repasses para 23 prefeituras paulistas no último ano, o total foi de R$ 5,35 milhões.

A sede da ONG fica na casa de Karina, enquanto a sede administrativa está em uma sala no centro da cidade. A vereadora diz que não alterou o endereço da sede por conta das correspondências.

Segundo o balanço de 2008, as despesas da instituição somaram R$ 7,5 milhões, custo de R$ 418 anuais por aluno.
O gasto com pessoal totalizou R$ 1,82 milhão. As despesas operacionais somaram R$ 4,3 milhões, entre elas R$ 132,5 mil com combustível e lubrificantes e R$ 3,33 milhões com refeições e lanches para os alunos.

TCU

O TCU (Tribunal de Contas da União) já fez duras observações sobre repasses do programa Segundo Tempo. Mas citou apenas uma vez a Bola Pra Frente, elogiando o trabalho.

De acordo com a ONG, são atendidas 18 mil crianças em cidades do interior paulista. O dinheiro do ministério é responsável por 81% da receita total.

Karina argumenta que, além do TCU, a CGU (Controladoria Geral da União) também elogiou o trabalho da ONG. Apresenta ainda auditorias feitas nas contas da instituição.

Sobre a filiação ao PC do B, diz que procurou o partido mais ligado a esportes e que todos os seus projetos na Câmara são ligados ao tema. Sempre que questionado sobre o Segundo Tempo, o Ministério do Esporte diz que ligações partidárias não são consideradas.

Fonte: Folha de São Paulo

Ex-pivô Karina vira "rainha do dinheiro" do Ministério do Esporte

Bruno Doro

Após deixar as quadras, a ex-pivô de basquete Karina Rodrigues virou recordista para o Ministério do Esporte. Ela é coordenadora-geral da ONG Bola pra Frente, entidade que mais recebe repasses da pasta do ministro Orlando Silva, excluindo o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e a Confederação Brasileira de Futsal - lembrando que, em 2008, o COB foi o responsável pela delegação brasileira nas Olimpíadas e a Confederação organizou, no ano passado, a Copa do Mundo da Fifa.

Nos últimos dois anos, Karina recebeu, pela Bola pra Frente, R$ 8,5 milhões para realizar o programa Segundo Tempo, que abre as escolas para a prática esportiva. O valor supera o que entidades de 12 estados, somadas, receberam para realizar a mesma ação governamental, no mesmo período.

Levantamento feito pela ONG Conta Abertas usando o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) mostra que o Ministério do Esporte manda para Acre, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins, conjuntamente, R$ 8,4 milhões para o Segundo Tempo.

O mesmo estudo aponta que apenas os estados de Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo recebem, individualmente, mais que os R$ 8,5 milhões da Bola pra Frente. Baseada em Jaguariúna, na região de Campinas, a ONG é responsável, ainda, por mais da metade de toda a verba dedicada a São Paulo (R$ 16,7 milhões).

"A distribuição me parece distorcida. De 131 entidades beneficiadas, a esmagadora maioria (112) recebeu menos de 1% do total dispendido (pelo Ministério do Esporte). Dezenove entidades receberam, cada qual, mais de 1% do total. Essas, no agregado, receberam um total de 79,5% de todo o dinheiro. Ou seja, um desequilíbrio patente", afirmou, por e-mail, Cláudio Webber Abramo, diretor executivo da ONG Transparência Brasil, que analisou tabelas de gastos do Ministério a pedido do UOL.

Com tanto dinheiro circulando, a Bola pra Frente já foi alvo de investigações do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União. Nenhum deles encontrou irregularidades. Um detalhe, porém, foge da esfera dos números: a ONG que mais recebe do Ministério dos Esportes é controlada por uma vereadora do PC do B, o mesmo partido de Orlando Silva.

A defesa de Karina para essa crítica é simples: "Em 2003, começamos com 400 crianças. Hoje, temos 18 mil. E temos núcleos em várias prefeituras. É um projeto suprapartidário. Temos prefeitos de toda a sopa de letrinhas, PT, PSDB, DEM", afirma a ex-pivô, eleita em Jaguariúna, no ano passado, com 642 votos.

Segundo seu site, a Bola pra Frente trabalha em 16 cidades da região de Campinas. Nenhuma delas é comandada pelo PC do B - o prefeito reeleito de Ibaté, Zé Parrella, cumpriu seu primeiro mandato pelo partido, mas atualmente faz parte do PSDB. Os 16 municípios são comandados por oito partidos diferentes. As legendas mais representadas são o PSDB (Conchal, Ibaté e Iracemápolis) e o PPS (Holambra, Jaguariúna e Santo Antonio de Posse).

"Minha ligação com o partido do ministro não ajuda. Pelo contrário. Em nenhum momento tivemos privilégios, só mais pressão e controle. Mas eu duvido que alguma ONG tenha os balancetes na internet, como nós temos", continua.

Questionado pela reportagem, Orlando Silva também negou favorecimento. Segundo ele, o projeto é grande e recebe mais verba do que outros municípios porque algumas cidades da região têm problemas jurídicos que impedem o repasse de verbas.

"O que acontece é que diversos municípios do interior não conseguem a ter acesso a financiamentos porque têm dívidas com o Estado e a União. Então o 'Bola pra frente' faz esse meio de campo. Recebe a verba e aplica seu projeto em diversos municípios. É um programa muito interessante. Eu mesmo já fui ver de perto", explicou Silva.

Sede da ONG, Jaguariúna vive uma situação inusitada. Somando os repasses governamentais para ações no município, a cidade recebe, no total, R$ 17,5 milhões. Disso, 48 % vão para a entidade de Karina e apenas 28% para a prefeitura - que não realiza o Segundo Tempo.

Para o secretário de finanças do município, Vágner Brito, a divisão de custos é normal. "A ONG lida com um projeto muito maior do que Jaguariúna. Por mais que eu tente, não teria como gastar tanto. Além disso, o município trabalha com pessoal próprio, funcionários. Não precisa de verba do governo federal".

KARINA: "SERIA MAIS FÁCIL SE EU NÃO FIZESSE PARTE DO PC DO B"

Conhecida por sua garra dentro do garrafão, a argentina Karina chegou ao Brasil na década de 90, lutou para ganhar cidadania brasileira, mas não defendeu a seleção por veto da Fiba. No fim da carreira, virou atleta-dirigente, em Campinas e Jundiaí, onde foi responsável por equipes com patrocínio de multinacionais, e se envolveu em polêmicas, sempre criticando a administração do esporte. Tentou jogar até 2004. Desde então, passou a se dedicar à ONG e se aproximou da política. Hoje, aos 37 anos, é vereadora em Jaguariúna.

Você é vereadora pelo PC do B e a ONG que coordena é recordista em repasses de um Ministério comandado pelo partido. Você não vê problema nisso?

Acho que não. A preocupação que os críticos têm é que o projeto possa ter um enfoque político, mas essa argumentação cai por água abaixo quando você olha para as cidades em que trabalhamos. Temos núcleos em cidades de vários partidos. Se a natureza fosse política, só teríamos prefeituras da base aliada (do governo). Quando comecei, a única prefeitura do PC do B com que trabalhávamos era Ibaté. Hoje, o prefeito mudou para o DEM e ainda assim continuamos o projeto.

Pertencer ao partido ministro ajuda?

Pelo contrário. Só traz mais pressão. Seria muito mais fácil se não tivesse essa ligação. Sofremos fiscalização da Controladoria da União, do Ministério Público, do TCU, com denúncias anônimas. E até agora, não foram feitas críticas, apenas elogios. Eu até faria uma aposta. Não existe outra ONG no país que receba dinheiro público e publique os balancetes na internet como nós fazemos.

Quando você se filiou ao PC do B?

Há dois ou três anos. Eu era filiada ao PP. Eu sempre tive vida ativa política e me identifiquei com os planos do partido para o esporte. É direito de todo cidadão se identificar com uma causa. Eu, apesar de ser naturalizada, sempre sonhei em ver o Brasil realizando grandes eventos. Já tivemos o Pan no Rio, vamos ter a Copa do Mundo em 2014 e, quem sabe, as Olimpíadas de 2016.

Fonte: UOL

7 comentários:

Anônimo disse...

Isso é sacanagem!!!! é muito dinheiro mal empregado...

Depois nós temos uma menina no judô que a mãe é cabelereira e que não recebe praticamente nada pq até hoje a bolsa atleta não saiu. Essa menina foi bronze na última olimpíada.

na mesma olimpíada um judoca que não tinha 1000 reais para fazer exame para faixa preta e que tbm não recebe nada.

No RJ A base da seleção brasileira de judô que pertencia a Gama Filho acabou e os atletas estam a ver navios.

Cadê o Ministério do Esporte nessa hora ???

cadê a bolsa atleta de vários atletas que teriam por direito recebê-las e que é passado por uma análise e que a minoria acaba não recebendo.

Tem muitos atletas aí que estam exatamente na categoria nacional e internacional do bolsa atleta e não recebe.

Se até a Janeth recebia bolsa atleta, logo isso não pode ser coisa séria...

Depois querem que o esporte no Brasil seja coisa séria... sou super patriota, mas representar um país que paraticamente não ajuda em nada é melhor vestir a camisa de outra seleção que certamente vai te dar condições de trabalho e vai investir.

Antigamente "condenava", mas hoje acho natural se isso acontecer.

Juarez é campeão PanAmericano de karatê ajudem o cara!!!

Investir no Brasil não dá é o país da hipocresia.

Anônimo disse...

Na verdade a maioria não recebe o bolsa atleta... estou só me corrigindo.

abração.

Anônimo disse...

E a Jade Barbosa fazendo campanha para arrecadar fundos para arcar com o tratamento de uma lesão. Cadê o COB, para onde vai o dinheiro das loterias? Agora nossa hermana argentina, administrar essa quantia toda? É o fim do esporte brasileiro, os resultados olímpicos são o reflexo dessa palhaçada toda....

Anônimo disse...

Vou abrir uma ONG agora pq aí fico milionário sem participar do BBB.

Anônimo disse...

Para não dar espaço para um possível oportunismo dizendo que só estamos falando de atleta profissional, vamos lá...

Na base!
Americana possui a base da seleção sub-19 e tem a Tássia uma das maiores revalações do nosso basquete.
Quanto essa menina ganha ? Quanto jogadoras como Leila e Débora ganham ?

Se na média cada criança do projeto "leva" pouco mais de $ 400.000.

Certamente a criança não vê nem $1,00 real e aí fica a pergunta: Essa grana vai parar no bolso de quem ?

Quanto será que ganha um professor desse núcleo ?

Realmente a coisa está feia. Está mais fácil ficar rico fundando Ongs do que ganhar no BBB.

Anônimo disse...

Conheço o ótimo trabalho que Americana faz. E a sorte que ainda tem alguns patrocinadores.
E vocês sabem,tem outros times como Americana que sofrem para poder manter o basquete feminino. Para formar as atletas que irão representar nosso país.
Barretos, é um deles, que está ai só conquistando campeonatos: nacionais, regionais, escolares, Federaçao e outros e sobrevive só com a ajuda da prefeitura e com o patrocinio da FEB que dá bolsa de estudo as atletas.
E com toda esta dificuldades em 2007 representou o Brasil, sem a ajuda do COB no Mundial Estudantil em Pau na França.
E agora em Maio vai novamente representar o Brasil no mesmo Mundial na Turquia.
Acompanho a APAB, desde 2006 e sei muito bem a dificuldade que enfrenta para que nosso basquete feminino continue vivo.
Agora lendo esta reportagem, vejo que o custo anual por aluno é de 418.000 mil reais sendo quase 35.000 reais por mês e essas meninas em Barretos com garra força de vontade, responsabilidade, conquistaram todos esses titulos sem uma ajuda de custo até 2008.
Isso que é ter amor ao basquete.
Parabéns APAB, Parabéns Jesus, Parabéns meninas.
ACORDA MINISTRO!!!!
VAMOS DIVIDIR O BOLO!!!

Anônimo disse...

Filiada ao PP?
Nossa Karina que decepção!