sexta-feira, 25 de julho de 2008

Entrevista - Claudinha (CBB)


Ela já tem a medalha olímpica, o bronze em Sydney (2000). Oito anos depois, Claudinha vai em busca de mais uma. Nascida no Guarujá, São Paulo, Claudia Maria das Neves é a jogadora mais experiente do grupo que vai a Pequim. A armadora defendeu o Brasil em dois Campeonatos Mundiais (Alemanha/1998 e China/2002), foi campeã em duas Copas Américas (São Paulo/1997 e Maranhão/2001) e tem quatro títulos sul-americanos (1993, 1997, 1999 e 2008). Já passou pela WNBA, Espanha e há seis anos está na França. Na temporada 2007, Claudinha mostrou que vestir a camisa verde e amarela tem muito valor. A jogadora não mediu esforços para garantir a vaga olímpica para o Brasil. Foi e voltou da Europa em seis dias para ganhar entrosamento e ritmo. E o esforço não foi em vão. Claudinha ajudou a classificar o Brasil para a quinta Olimpíada consecutiva e a segunda de sua carreira.

Como é a sua vida na França?

E bem parecida com a que eu levava no Brasil. Tenho treino duas vezes por dia na quadra em ritmo forte. Gosto do meu técnico, ele é muito bom. A gente treina muito arremesso e ataque, o que é comum na Europa. A musculação é que fica um pouco a desejar, mas isso é padrão em todas as equipes européias.

Você sente diferença de treinamento quando chega na seleção?

Sinto um pouco. Na parte técnica não, mas na física sinto bastante. Na França, a gente malha somente uma vez por semana e eu chego na seleção, o trabalho é muito mais intenso. Na última semana de treinamento em São Paulo, tivemos musculação quatro dias. Fico com a musculatura bem fortalecida. Para a próxima temporada francesa, vou insistir para ir à academia pelo menos duas vezes por semana.

Já são seis temporadas na França, sendo que quatro defendendo o Montpellier. Em 2007, foi para o Clermont Ferrand. Como foi a mudança?


Eu cheguei num momento de renovação no Clermont. Do time antigo, só tinham ficado três jogadoras. Até o técnico era novo. Dessa maneira, não me senti deslocada. A grande maioria estava na mesma situação.

Este ano foi uma maratona para defender a seleção. Você saiu da França para o Equador, onde disputou o Sul-Americano. Depois foi do Equador para a Espanha, onde garantiu a vaga olímpica. Qual foi a sua motivação para essas viagens?

Quando o Bassul me chamou para a seleção este ano, eu já sabia que ia ser essa loucura. A gente vive num vai-e-vem constante. O campeonato francês termina tarde e quando acaba, temos uma série de questões burocráticas para resolver. Sempre perco uma parte de treinamento da seleção. Mas para chegar bem no Pré-Olímpico, fui para o Equador ganhar entrosamento e ritmo de jogo no Sul-Americano. Apesar de cansativa, a viagem valeu a pena porque depois cheguei bem no Pré-Olímpico de Madri. Acho que a vaga olímpica é motivação suficiente para enfrentar qualquer situação.


Você gosta da rotina da seleção?

Gosto sim. Não é muito diferente do que a gente vive no clube. Há anos faço a mesma coisa. Mas é bom quando tem folga de dois ou três dias, que a gente pode ir para casa. Mesmo com a ótima convivência que temos umas com as outras, é sempre bom ter uns dias longe. Além disso, a nossa casa é sempre melhor que hotel.

O Brasil estréia contra a Coréia nos Jogos Olímpicos de Pequim no dia 9 de agosto. Que analise você faz desse jogo e dos outros adversários?


Contra a Coréia, temos que jogar bem com as pivôs dentro do garrafão e trocar bastante na defesa. As coreanas corem muito, o jogo delas é na velocidade e nos arremessos de fora. Nenhum time é imbatível. É claro que Austrália e Rússia são adversários fortíssimos, mas o Brasil já venceu essas duas equipes algumas vezes. O time do Brasil não é o mesmo, mas o campo é neutro e tudo pode acontecer. Acho até bom nós chegarmos desacreditadas. Podemos surpreender a todos.


O que você gosta de comprar nos países que visita?

Eu adoro comprar. Sou uma consumidora assumida. Adoro comprar bolsas e perfumes. Quando estive em Ibiza, na Espanha, que é livre de imposto, eu trouxe muita coisa. Não sei o que vou comprar na China, talvez uma máquina fotográfica. Mas dizem que por conta da Olimpíada, as coisas não estão muito baratas. Parece que aumentaram os preços de tudo. Vamos ver quando eu chegar lá.

E o que faz nas férias no Guarujá?


Assim que chego, deixo o carro na garagem e pego minha bicicleta vermelha com cestinha. A família toda anda de bicicleta. Alias, todo mundo no Guarujá se locomove assim. Gosto de ir à praia, relaxar. Mesmo quando não tem sol, vou molhar o pé na água. Tem dias que vou correr, outros que fico estirada na areia, tomando sol.

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