quinta-feira, 8 de maio de 2008

Entrevista - Êga

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Na certidão de nascimento é Soeli Garvão Zakrzeski, mas ela só responde quando a chamam por Êga. A ala/pivô paranaense é uma das mais experientes da seleção brasileira, que se prepara para o Campeonato Sul-Americano do Equador e o Torneio Pré-Olímpico Mundial da Espanha. Aos 30 anos, a jogadora é tetracampeã sul-americana (2001, 2003, 2005 e 2006); tem duas medalhas pan-americanas (bronze em Santo Domingo / 2003 e prata no Rio de Janeiro / 2007); ainda foi vice-campeã do Pré-Mundial da República Dominicana (2005); terceiro lugar no Pré-Olímpico do Chile (2007); e quarto lugar no Mundial do Brasil (2006). Defendendo o Manns Filter de Zaragoza, da Espanha, Êga foi a cestinha do time com 352 pontos e reboteira com 195 em 26 jogos. Com a seleção brasileira ela tem dois objetivos: o título sul-americano e a vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim.


Fale um pouco sobre a temporada na Espanha.

Foi bem diferente das outras vezes. Quando fui para França e as duas vezes que joguei na Espanha, eu fui para completar o grupo já nos últimos três meses da temporada. Desta vez, cheguei logo no início. O time tinha acabado de começar a pré-temporada. Foi uma experiência nova e gostosa, em que me senti parte de um todo. Peguei o trabalho do início até o fim. O time é formado por meninas novas, de 19 e 20 anos. No início, era a única estrangeira na equipe. Depois veio mais um reforço e a Franciele chegou no meio da temporada. O objetivo do time era não cair para a segunda divisão e conseguimos alcançar essa meta.

Como é o estilo de jogo espanhol?

É bem diferente do que estou acostumada. Na Europa em geral, o jogo é muito tático e não sai do esquema de maneira alguma. No Brasil, a gente joga dentro da filosofia do técnico, mas tem abertura para usar a criatividade e se soltar mais. Eu gosto de jogar na velocidade e perdi um pouco disso na Espanha. Tive que me adaptar ao estilo, mas acredito que toda a experiência é válida. Tudo o que aprendemos de diferente vem para acrescentar na vida.

E o que você achou do seu desempenho?


Eu me saí bem. Alcancei bons números. Perdi um pouco da minha velocidade para me ajustar ao padrão de jogo do time. Mas na hora de decidir a partida, eu sempre dava um toque na armadora para fazermos uma jogada diferente.

Zaragoza é uma cidade boa para morar?

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É um lugar muito gostoso. É a segunda maior em número de torcedores na Espanha. O povo gosta muito de basquete. Eles não só assistem aos jogos no nosso ginásio como vão até as cidades vizinhas para torcer. Perdendo ou ganhando, a torcida organizada, a ”Fiebre Amarilla”, estava nos apoiando. É muito bom jogar e morar em Zaragoza.


No tempo que tinha livre, você fazia alguma coisa diferente?

Perto da minha casa, tem uma igreja evangélica com brasileiros e outros estrangeiros. Eu saía de casa para ir treinar, jogar e ir a igreja. A rotina não mudava muito, só quando chegava a época de liquidação, a famosa “Remarcas”. Tudo fica tão barato que é impossível não comprar. A gente até brinca que chega com uma mala e volta com três.

Sentiu falta do Brasil?

Não cheguei a sentir falta porque tudo é corrido demais. Não pensava muito no Brasil. Estava vivendo o momento, que era treinar e lutar pelo time. A convivência com as minhas companheiras de grupo era ótima isso ajuda a não sentir saudades. Além disso, meu irmão veio comigo e sempre fazia uma comida brasileira em casa.


Qual a sua expectativa para esta temporada com a seleção brasileira?

Temos jogadoras novas no grupo, mostrando seu potencial e com muita vontade de ficar no grupo. Algumas meninas ainda não chegaram por conta do calendário de seus clubes e esperamos ansiosas por elas para colocar o papo em dia, treinar e atuar junto nas competições. O que a gente precisa é de vontade, garra, e isso tem de sobra em todas nós. Com o talento de todas e concentração, vamos cumprir nossas metas deste ano.

O Brasil vai defender o 12º título sul-americano consecutivo. Qual a importância de manter a hegemonia do continente?

O Sul-Americano será um bom começo de temporada. Temos que nos unir para superar as dificuldades e fazer o time crescer. O Brasil é sempre favorito ao título, tanto pela tradição como pelo nível técnico. O principal adversário é a Argentina. Elas têm um time bem montado, chato de jogar contra. Qualquer desatenção, elas encostam no placar e passam à frente. As argentinas evoluíram muito, com boas atuações no Mundial 2006 e no Pré-Olímpico das Américas 2007. As partidas servirão para ganharmos entrosamento e como teste para ver como lidamos com as situações reais de jogo. Também vamos ter chance de corrigir as falhas antes de chegar no Pré-Olímpico. Mas é claro que queremos ser campeãs para começar com o pé direito a caminhada para Pequim.


Dá para carimbar o passaporte para Pequim no Pré-Olímpico Mundial?

Acredito no grupo do Brasil e temos chances de ficar com uma das cinco vagas. O jogo chave é o do cruzamento das quartas-de-final, que deverá ser contra Cuba ou Bielorrúsia. Não importa o adversário, temos que manter a concentração durante toda a competição e pensar em um adversário por dia. O Pré-Olímpico é um torneio de curta duração e não vamos ter tempo para lamentações. Precisamos ter maturidade para enfrentar as dificuldades que aparecerem e seguir em frente.

Sendo uma das mais experientes do grupo, como você vê a responsabilidade de liderar o time rumo à vaga olímpica?

Nós temos grandes chances de nos classificarmos para a Olimpíada. Ter experiência é ótimo, mas melhor ainda é jogar com vontade. Eu me machuquei na preparação para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e esta é a minha chance de ir a uma Olimpíada. Daqui a quatro anos, não sei se vou ter essa chance. Agora é o momento. Com certeza, vou estar 100% para brigar pela vaga e por uma medalha.

Fonte: CBB

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