terça-feira, 20 de maio de 2008

“Baixinhas” defendem soberania brasileira no continente

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - Vinte e um títulos em 31 edições, invicta a 57 jogos (desde 1986) e campeã nas últimas 11 edições. A seleção brasileira feminina de basquete embarca na manhã desta terça-feira para o Equador com a missão de defender sua soberania no Campeonato Sul-americano, em Loja. O evento é o primeiro teste na preparação do grupo para o Pré-olímpico Mundial, em junho, na Espanha, e um desafio para o grupo que está mais enxuto e mais ‘baixinho’.
As veteranas titulares Adrianinha (armadora), Kelly e Érika (pivôs) e Iziane (ala) só se apresentam na Europa por causa de outros compromissos profissionais. Adrianinha na Europa e as outras três na WNBA.

Os desfalques deixaram o Brasil sem uma pivô legítima dentro do garrafão. A única do grupo é Karina, 22 anos, 1,87m, que disputará seu primeiro torneio oficial com a seleção. Antes disso, ela só participou dos amistosos contra Cuba, em março.

Até 2006, a grandalhona Alessandra (2,01m) dominou o garrafão do continente. Com sua saída após o Mundial, a responsabilidade passou para Érika (1,97m) e Kelly (1,92m), que se revezam na posição. Sem elas, o Brasil deixou de ser o ‘gigante’ do garrafão e tentará compensar com a rapidez a ‘encolhida’ do grupo.

”Apesar de baixo, este time é bem marcador e tem muita velocidade”, explica o técnico Paulo Bassul. “Estamos indo sem nenhuma pivô, mas dará para administrar”, aposta confiante.

Segundo ele, a situação não é exclusividade brasileira. “Com exceção da Argentina, que tem a Vega, nenhuma outra equipe tem alguém na posição”.

Com isso, o Sul-americano testemunhará uma situação impensável até algum tempo. “As pivôs (alas/pivôs) mais altas serão as do Chile”, garante o treinador. Tradicionalmente, o Chile é uma das equipes mais baixas dos torneios. Mas sua mudança de status não chega a preocupar. Há uma semana, as chilenas estiveram no Brasil disputando um amistoso contra a seleção da casa e foram massacradas pelo placar de 88 a 24.

Lidar com o encolhimento da equipe não é o único desafio brasileiro no Equador. Duas das 12 convocadas só vão unir ao grupo em Loja. É o caso da armadora Claudinha e da ala/pivô Mamá, que estavam defendendo, respectivamente, os franceses Clermont Ferrant e Villeneuve. Nenhum problema na opinião do treinador, que as considera perfeitamente integradas ao esquema de jogo do time.

Apesar das situações peculiares, Bassul está confiante que o time pode manter o padrão das últimas edições. Para isso, definiu como estratégia tirar o máximo proveito das jogadoras mais experientes como Micaela, Êga, Karla e Chuca, que já participaram de outras convocações.

”Estamos com uma equipe bastante renovada, mas que mesclada com as mais experientes dá um bom grupo. Vamos atuar sempre com o cuidado de manter pelo menos duas das mais experientes em quadra ao mesmo tempo”, ressalta.

O Brasil estréia no Sul-americano neste sábado, enfrentando o Equador. Também disputam a competição Colômbia, Argentina, Venezuela e Chile. As seleções enfrentam-se em confronto direto e as duas melhores decidem o título dia 29. Além da defesa da tradição brasileira no evento, a competição também serve de laboratório para que Bassul defina quais jogadoras permanecerão no grupo para o Pré-olímpico, última chance de classificação para Pequim.

Fonte: Gazeta Esportiva

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