sexta-feira, 7 de março de 2008

Michelle Splitter embarca em novo sonho
Após driblar a leucemia, pivô catarinense de 18 anos se apresenta à seleção brasileira

Rodrigo Alves


Photobucket


Michelle Splitter se diz surpresa pela convocação para seleção brasileiraMichelle Splitter ainda ensaiava os primeiros arremessos no treino da equipe de Americana, no interior de São Paulo, quando tocou o celular da técnica Mila Rondon. Ao receber o telefone, a jogadora não conseguiu conter o sorriso: no outro lado da linha, a CBB avisava que ela havia sido convocada para a seleção adulta. Após driblar uma leucemia diagnosticada em 2004, a pivô de 18 anos e 1,98m dá mais um passo decisivo nesta quarta-feira, quando se junta a outras 11 atletas em São Paulo.

O grupo treina durante esta semana para quatro amistosos contra Cuba, entre os dias 10 e 15. Na manhã da convocação, Michelle nem sonhava com a lista. De lá para cá, tem sido difícil pensar em outra coisa.

- Eu nem acreditei, fiquei pensando no que estava fazendo ali. Estou muito surpresa e feliz. Agora vamos ver o que vai acontecer - conta a catarinense, irmã do pivô Tiago Splitter, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.

O que vai acontecer, e a pivô sabe bem disso, é uma espécie de vestibular. Do grupo comandado por César Guidetti em Havana deve sair a base para o Sul-Americano do Equador, em maio, sem falar em possíveis reforços para Paulo Bassul no Pré-Olímpico de Madri, em junho. Os três anos de tratamento para vencer a doença, no entanto, ensinaram Michelle a ser paciente e não criar expectativas.

- Cheguei a pensar o que aconteceria se eu parasse de jogar. Muitos médicos diziam que eu poderia não voltar, mas eu ia dar um jeito, nem que fosse só para brincar no fim de semana. Agora, na seleção, quero aprender e evoluir - explica a jogadora, que chegou a perder 17 quilos, mas voltou às quadras há menos de um ano, em grande parte graças ao apoio da família.


Os pais, Cássio e Elisabeth, são certamente os mais orgulhosos do basquete nacional, com Tiago brilhando nas quadras da Espanha e Michelle chegando à seleção após superar uma doença grave.

- É uma emoção muito grande para nós. Ela se recuperou com paciência, muita vontade e perseverança - elogia a mãe, que pretende acompanhar a jogadora diariamente, por telefone e internet, durante a viagem a Cuba.

Em Santa Catarina, torcendo de longe, Cássio se comove ao falar da filha.

- Eu fui à lona nesses três anos de tratamento. Preferia ter ido a uma guerra. E agora não tenho como explicar isso. Fé? Ciência? Amigos? Orações? É incrível. Eu sempre falei as coisas para ela, e hoje é ela que me orienta - conta o pai.


A história de superação valeria a pena até para uma jogadora sem chances de evoluir na carreira. Mas Michelle - quem é do ramo garante - tem futuro no basquete. A técnica de Americana enche sua atleta de elogios.



Técnico da seleção brasileira, Paulo Bassul aposta no potencial de Michelle Splitterl- Ela é um diamante que o basquete feminino ganhou. Esse talento já tinha sido percebido antes mesmo da doença. Vai ser uma grande pivô no futuro, sem dúvida nenhuma - prevê Mila, que sabia da convocação com antecedência, mas não contou nada e fez questão de ver, ali de perto, a satisfação no rosto da pivô.

Marido de Mila, Paulo Bassul engrossa o coro e espera contar com Michelle na seleção principal em breve:

- Ela tem quase dois metros, é nova e inteligente. O investimento compensa, porque ela não é apenas grande: é grande e tem potencial. Agora é só ter carinho e paciência no trabalho, tenho certeza de que ela vai chegar lá.


Fonte:
GloboEsporte.Com




Nenhum comentário: