quarta-feira, 26 de março de 2008

Kelly dá volta por cima na Espanha e sonha com seleção

Marta Teixeira


São Paulo (SP) - A pivô Kelly era figura garantida na seleção brasileira feminina desde que estreou no time adulto na Copa América de 1997. Na última temporada, porém, a jogadora acabou cortada da equipe que disputou o Torneio Pré-olímpico das Américas. O problema da pivô estava na balança. Acima do peso, a comissão técnica considerou que sua condição física comprometia seu rendimento.
Seis meses depois, Kelly dá sinais de volta por cima na Europa. Na balança, ela ostenta os mesmos 91/92kg, que tinha na época da convocação, garante. Apesar disso, ela tem se destacado nas estatísticas.

Defendendo o Extremadura Dato no Campeonato Espanhol, Kelly aparece como a sexta maior pontuadora do torneio (15,44 pontos de média), quinta nos rebotes totais (média 8,19), terceira nos defensivos (6,25) e sexta jogadora mais valorizada da competição (16,88). Isso em 16 jogos, cinco a menos que os já realizados no Espanhol, por causa de uma passagem rápida pela Liga Francesa.

”A gente joga com a coletividade”, explica. “Aqui, eu jogo com liberdade, de costas para a cesta e, como não sou tão lenta como as outras na mesma posição, eu ganho na velocidade”.

O baque pelo corte foi real, mas superado. “Ninguém nunca quer ficar fora. A princípio fiquei chateada, mas procurei não lutar contra a maré. Foi mais um alívio que algo que me deixasse depressiva porque houve situações nas quais me senti desrespeitada. Mas a partir do momento que você joga melhor fica mais motivada. Mostrei o quanto podia jogar bem antes das minhas limitações físicas”, diz, reconhecendo que teve momentos de insegurança por causa do assunto peso.

”Já tive fases que queria emagrecer e engordava por causa da pressão”. A ‘crise’ foi pouco antes de se apresentar à seleção. Durante 30 dias, ela trabalhou sob a supervisão de um personal. “Cheguei na seleção e engordei”, lembra.

No recomeço europeu, Kelly decidiu não se deixar abater pelo tema. “Chegando aqui emagreci. Não muito, mas estou jogando bem natural. Sem pressão nem opressão”.

Durante os treinos da seleção, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) contratou uma nutricionista para acompanhar a equipe e tentar resolver os problemas de sobre ou subpeso, assim como os casos de anemia. “Ela ficou 15 dias com a gente”, diz a pivô, que hoje segue o mesmo esquema de preparação de toda sua vida.

De manhã é feito o treino físico com musculação. A alimentação é a tradicional. “Tenho comido normal, em quantidade moderada, mas nada muito bitolado”.

Com a proximidade da convocação brasileira para o Torneio Pré-olímpico Mundial, última chance de obter classificação para os Jogos de Pequim, ela admite que o desejo de retornar ao grupo não foi abandonado. “Claro que tenho vontade de voltar, independente de quem está lá. O que passou é uma história já feita e é sempre um prazer jogar pela seleção”.

Sua evolução no Espanhol tem sido acompanhada de perto pelo técnico da seleção, Paulo Bassul. “Ele me ligou (em fevereiro) dando os parabéns pelo Campeonato”, lembra.

”Ela está fazendo uma belíssima temporada na Espanha e está motivadíssima. Tomara que venha bem (para o Brasil)”, diz Bassul, reiterando suas razões para a dispensa da atleta no ano passado. “Naquele momento ela estava mal. Estava lenta, com dificuldade para jogar. Quero ver como ela vem porque não é só ela, é o grupo. Meu critério de corte ou não corte é rendimento”.

A convocação da seleção ainda não tem data certa, mas deve ser realizada em abril. O Pré-olímpico será disputado de 9 a 15 de junho e definirá as últimas cinco seleções para as Olimpíadas.


Fonte: Gazeta Esportiva

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