quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Dr. Passos faz analise dos principais fatos ocorridos no Basquete em 2006.

Dr. Antonio Passos, presidente de Ourinhos, conversou com o site Ourinhos Basquete e analisou os principais fatos ocorridos no basquete em 2006. Dr. Passos começou falando sobre o inicio do basquete na cidade, cujo ele fez para desde o inicio, lembrou de momentos importantes do time. Em seguida o Presidente comentou as mudanças na equipe, o Campeonato Nacional, a Nossa Liga, técnico da Seleção Brasileira, a renúncia de Toni Chaktmati ao cargo de diretor da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e sobre a Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte . Leia abaixo, na íntegra, a entrevista:

História do basquete em Ourinhos – Após iniciar nas categorias menores, a partir de 1996, disputamos a série A2, em 1999, com o técnico Paulo Aurélio. Subimos para Série A1, sob o comando do técnico Edson Ferreto. Tivemos nossas primeiras conquistas (Campeonato Paulista 2000 e 2002, Jogos Abertos 2002). Com o técnico Vendramini conquistamos dois Nacionais, três Paulistas e um Jogos Abertos do Interior. Agora com o técnico Paulo Bassul estamos buscando o tri campeonato Nacional.



Trabalho de base - O trabalho de base em Ourinhos é muito importante, nós temos uma parceria com o Pão de Açúcar, Unimed e Prefeitura Municipal, que é o projeto Gente Feliz. Este trabalho envolve 450 crianças de periferia. É um projeto social que envolve o basquete feminino. É difícil aparecer talentos, mas acreditamos neste projeto, que já está dando resultados em categorias menores como pré-mini e mirim. A equipe de infanto, que disputou o terceiro lugar contra a equipe do Finasa, é praticamente toda formada por meninas das escolinhas de categorias menores. Eu acho que é muito importante para o clube ter um projeto, uma base e nós estamos realizando isso. Estamos disputando categorias menores nas ligas, as categorias Infanto e Juvenil e no ano que vem estamos programando disputar o Infantil e o Juvenil. Temos procurado trazer algumas meninas de fora para suprir a necessidade que temos, além do mais permanecerão três atletas na equipe juvenil do próximo ano e subirá algumas atletas do Infanto, o que fortalecerá a equipe e não precisará trazer tantas atletas de fora para equipe Juvenil. A equipe Infantil irá disputar com a equipe Mirim desse ano que ficou em terceiro no interior do Estado. Esta equipe pode ter no máximo dois reforços.



Pior momento no basquete de Ourinhos - Sempre que vamos dispensar um técnico ou uma jogadora cabe à diretoria a comunicação. Por ser o presidente essa missão sempre coube a mim, o que acho correto. É uma situação extremamente difícil dispensar uma atleta ou um treinador. Passamos por momentos de muita angustia, ansiedade, que já me fizeram perder noites de sono. Dispensar uma atleta que você gosta e que tem bom relacionamento com ela e que está sendo dispensada porque não está tendo um rendimento bom na equipe, é muito complicado. Principalmente quando ela é uma pessoa maravilhosa.

É muito difícil fazer isso, mas temos que ser profissionais, tem que ver o melhor para equipe. O pior momento que tive foi quando dispensei o Edson Ferreto. Acho-o um excepcional treinador, uma pessoa com quem eu tinha cinco anos de convivência e pra mim foi muito duro ter que conversar e dizer que ele estava fora do comando da equipe. Doeu muito porque foi graças a ele que nós começamos o basquete em Ourinhos, na divisão A1.



Melhor momento no basquete de Ourinhos - O melhor momento a frente do basquete Ourinhense foi o primeiro título (Campeão Paulista 2000). Existiam equipes fortes e a nossa tinha apenas oito jogadoras, mas era uma equipe homogênea, muito unida. Tivemos uma semifinal fantástica contra Santo André, a qual perdemos os dois jogos em casa e ganhamos os três jogos fora. Esse foi o maior momento para mim, muito maior do que quando nós conquistamos o primeiro título nacional. Para mim aquele primeiro campeonato ficou marcado pelo esforço e sacrifício das pessoas. Naquele ano todo mundo, desde a torcida, foi maravilhoso. As vezes eu pego algumas fitas daquele campeonato e assisto. E toda vez eu me emociono.



A maior decepção no basquete de Ourinhos - O momento que mais me decepcionou foi a perda do Campeonato Nacional 2003. Nos preparamos para ser Campeão Nacional. Tínhamos uma grande equipe e não conseguimos conquistar o título. Perdemos a final em casa. Este foi o momento mais triste para mim.



A saída de Vendramini - Não tenho nenhuma mágoa com relação ao Vendramini (ex-técnico de Ourinhos). Toda atleta, todo treinador é profissional e tem o direito de ir e vir, entrar e sair. A gente tem que respeitar. Temos que acatar a filosofia de cada um, o pensamento de cada técnico. Desejo a ele que seja feliz no seu novo trabalho. Isto é o que desejamos para ele e para todos os técnicos que saíram daqui. Podemos citar o Ferreto, que até hoje temos muito respeito pelo trabalho que ele fez, e que teve que sair, após cinco anos de Ourinhos. Mas temos sempre respeito e agradecimento pelas conquistas que ambos tiveram por Ourinhos.



A transição - A saída do técnico Vendramini, fez com que tivéssemos uma transição de sistema de trabalho. Por isso temos que ter paciência até criar um novo estilo e as jogadoras se entrosarem dentro do esquema do novo técnico. Isto aconteceu em 2003 quando houve a transição do técnico Ferreto para o técnico Vendramini. Tínhamos uma grande equipe e acabamos perdendo os Jogos Abertos e o Campeonato Nacional, mas depois vieram as grandes conquistas. O técnico precisa de tempo de treinamento para impor seu estilo e fazer a equipe jogar como ele quer. Não podemos nos desesperar. Por termos um técnico conceituado, e acreditarmos na equipe técnica, pensamos que mesmo neste Nacional teremos o sucesso esperado.



Nova comissão técnica - A preparação física era exercida pela Fernanda (Xineider). Porém quando acertamos com o novo técnico (Paulo Bassul), ele solicitou que viesse um preparador físico que já tivesse trabalhado com ele, fosse de sua confiança e soubesse como é seu trabalho. Recomendou alguns nomes, para que pudéssemos entrar em contato e acertamos com o João Nunes, o Joãozinho. Dentro da filosofia do novo técnico, foi trocado o preparador físico e incorporado um fisioterapeuta em período integral. Dentro do investimento que temos é um sacrifício para irmos melhorando a equipe.



Novos reforços da equipe adulta - Izabela e Tatiane são atletas que já estouraram o limite das categorias menores, são meninas novas, que acreditamos que tenha futuro. Temos atletas mais experientes como a Lisdeivi, Claudinha e a Ligia e agora estamos investindo também em nomes mais jovens para mesclar o time. É importante trazer algumas atletas que possam ter futuro, para que essas meninas evoluam dentro da equipe.



Campeonato Nacional - Não estou satisfeito com o campeonato da CBB e ninguém pode estar. Sempre esperamos que um campeonato tenha pelo menos dez clubes. Apesar da qualidade estar sendo boa, com bom nível técnico, queríamos mais clubes. O que importa para nós são os clubes disputarem a mesma Liga. Que todo mundo fosse junto, em consenso com as reivindicações que sugerimos. Temos que reunir os clubes, e estes têm que se fortalecer e assinar um termo de consenso de que vai obedecer a maioria. O que não pode é sair de uma reunião e ir para a reunião de outro. Isto é ruim para o basquete brasileiro. Aqui agimos pelo bem do basquete nacional e acredito que chegaremos a uma Liga só, reconhecida ou não pela CBB. Também acreditamos que devemos participar, junto com os clubes, dentro da mesma filosofia. Não pode rachar. Vou disputar lá porque o campeonato é mais fraco, vou disputar lá porque a arbitragem é mais barata. Essas coisas enfraquecem. Tem que ter uma pauta de reivindicações e quem atender melhor, na votação que faremos, disputaremos com todos os clubes num campeonato único.



Novas equipes - O time do Fluminense tem disputado partidas boas, é uma surpresa, e quase sem investimento nenhum. Isto é muito importante para o basquete. É uma equipe jovem. O Brasil é muito forte nisso. Quando a gente menos espera aparece novos valores, novas jogadoras. Acho que tem que ter incentivo para ajudar essas equipes. É um time formado no clube e não tem jogadora de fora. Não foi contratando jogadora e fazendo um “catado” uma semana antes para disputar o campeonato. É um clube que vem disputando campeonatos e esta fazendo um trabalho interessante no Nacional, merecendo respeito das outras equipes. Teria que surgir novos pólos, quanto mais time melhor, para termos um campeonato mais dinâmico e em várias cidades e estados.



CBB e Nossa Liga – Ourinhos trabalha para o bem do basquete feminino. Esta divisão não é benéfica para o basquete e há muito corporativismo. A maioria dos dirigentes de clubes pensam somente nos interesses pessoais. Uns acham que irão ter melhor classificação neste campeonato, outro é simpático ao dirigente da outra entidade, enfim não há coerência em determinadas explicações que lemos, porque vai disputar um ou outro campeonato. Os clubes não estão valorizando a força que tem, pois são eles que fazem o espetáculo. Temos que ser mais unidos.



Antonio Chakmati - O Antonio Chakmati, presidente da Federação Paulista, é uma pessoa séria, decente, muito equilibrada. Tivemos várias reuniões e ele sempre cumpriu o que acordamos. O Chakmati pensa no basquete brasileiro, sem interesses pessoais. Será uma grande perda para a diretoria da CBB. Ouvi suas explicações sobre a saída da diretoria da CBB e acredito que ele tenha sido menosprezado por assessores da CBB, o que culminou com a sua renúncia. Ele tem minha admiração em não tolerar este desprestígio, mas não é o melhor para o basquete de São Paulo não ter diretor na CBB.



Antonio Carlos Barbosa - Eu acho que o Barbosa teve grandes conquistas com o basquete feminino brasileiro. É uma pessoa que merece todo respeito e admiração pelo passado que conquistou. No meu modo de ver ele deveria ter saído após o Campeonato Mundial, pois quarto lugar é até uma posição vitoriosa para o país, apesar de termos tido chances de disputar a final. Acho que atletas e técnicos devem saber a hora de parar e de preferência quando estão no auge e com bons resultados. Ele merece, realmente, os parabéns por tudo que fez, mas está muito forte a pressão da imprensa e as próprias jogadoras estão dando declarações que gostariam que trocassem o comando. Eu acho que o Barbosa deveria pedir demissão do comando da Seleção Brasileira, ou a CBB trocá-lo. Até nas categorias de base deve ser mudado o comando técnico, principalmente após perder o sul-americano juvenil para a Argentina.



Novo técnico da Seleção Brasileira - Sobre o nome de um possível técnico eu não tenho nenhum favorito, isso é coisa da CBB. Eu sou dirigente, estou dando opinião sobre o Barbosa porque tenho lido sobre a pressão que ele tem sofrido de jogadoras e da própria imprensa. Acho que a CBB deve consultar vários clubes para ver a melhor opção para o comando da Seleção Brasileira. Eu acho que deve ser uma pessoa mais jovem, que tenha vontade de trabalhar e com nova filosofia. Deve aproveitar este momento, porque acho que o Pan-americano (que será disputado em 2007 no Rio de Janeiro) deve ser uma preparação tanto para o pré-olímpico como para as Olimpíadas de Pequim em 2008. Se deixarem para trocar de técnico depois dos jogos Pan-Americano acredito que é um trabalho praticamente perdido para o pré-olímpico e para os jogos de Pequim.



Paulo Bassul na Seleção - O Paulinho Bassul, evidentemente, por já ter sido assistente do Barbosa e ter sido comandante das categorias menores da Seleção Brasileira é um nome citado. Caso seja o escolhido terá sempre o nosso apoio.



Exportação de Jogadoras – A exportação de jogadoras não existe apenas no basquete, existe também no vôlei, futebol, futsal. Com a desvalorização do Real e sem a Lei de incentivo ao esporte, que está para ser aprovada, fica muito difícil fazer esporte no Brasil, principalmente esporte amador. Não dá para segurar jogadoras, porque qualquer atleta na Europa ganha em euro. E fica muito difícil segurar, tanto no basquete, quanto no vôlei, no futebol. Isto é conseqüência do nosso dinheiro desvalorizado e principalmente a falta de uma lei de incentivo ao esporte, em que as empresas possam ajudar o patrocínio dessas equipes.

O nível cai, porque dá para fazer pelo menos mais quatro ou cinco equipes com as jogadoras que estão no exterior. Toda jogadora gosta de jogar no seu país. Elas estão no exterior porque estão ganhando melhor e aqui, as vezes, não tem nem clube com condições para pagá-las. Isto faz parte do esporte. Estamos num patamar muito baixo, acho que chegamos quase ao fundo do poço, e a tendência é melhorar com a aprovação da Lei de incentivo ao esporte.



Lei de incentivo ao esporte - A Lei de incentivo ao esporte é a salvação do esporte. Mas tem que ser bem administrada pelos clubes e fiscalizada pelo Governo, para não ter falcatruas e nem chegar a um nível que possa acabar, porque sabemos que em nosso país sempre tem gente querendo levar vantagem.



Invencibilidade - Invencibilidade é uma bobagem, Isso é coisa criada pela imprensa Quando a imprensa fala: “Um goleiro está a tantos minutos sem tomar gol”. Não adianta nada se o time só empatar, e na classificação não estiver em primeiro. O recorde da equipe tal é tanto, a imprensa gosta dessa coisa e se apega muito em dizer que está invencível, que não perde a tanto tempo, etc.

Nós ficamos 19 partidas invictas no Nacional de 2003 e perdemos a última partida e o título aqui em Ourinhos. Preferia ter perdido uns cinco jogos durante o campeonato e ter sido Campeão. Então não ligo muito para isso, até precisava contar quanto tempo nós ficamos invictos, que até hoje eu não sei. Acho que isso é uma coisa que não leva a nada. O que realmente importa é o título, independente se for invicto ou não. Penso que isso é um peso, que fabricam, e que algumas atletas podem sentir esse peso e a responsabilidade de manter essa invencibilidade. Acho que foi bom que quebrou. Falei que tínhamos perdido para Catanduva, mas continuávamos invictos em Ourinhos a mais de dois anos, mas perdemos também a invencibilidade em casa. Agora ficou bom que acabou tudo isso e o que importa para nós é o título Nacional. Se perder mais não tem importância, o importante é ser campeão.



A rivalidade - O basquete sente falta da rivalidade, como era Ourinhos e Americana. Essa rivalidade é muito sadia. Hoje eu converso com o Paulinho e ele concorda que o Ginásio só enchia mesmo quando os dois times se enfrentavam. Em Ourinhos, apesar de ter maior média de público, só lotava o Ginásio quando jogava contra Americana. Eu acho que essa rivalidade é muito importante e hoje estamos começando isso com Catanduva e até com São Caetano. Com Marília, por ser mais perto, também pode ter essa rivalidade. Infelizmente não estamos disputando o mesmo Campeonato. Ganhando ou perdendo a rivalidade é sadia, mas temos que saber ganhar e perder também. É claro que a gente fica nervoso, ninguém gosta de perder. Mas temos que ter uma postura de saber perder ou ganhar. Eu acho que esse tipo de rivalidade é muito importante. Pena que não dura muito no basquete, pois sempre sai uma equipe e acaba a rivalidade.



A volta da torcida - Agora é o momento da torcida Ourinhense voltar a quadra, incentivar, voltar a ser o sexto jogador. A jogadora as vezes passa por fase ruim, fase crítica, não está bem. E é muito importante que ela seja fortalecida pelo apoio da torcida. Temos visto em Catanduva, por exemplo, que eles jogam com o Ginásio lotado. Eu tenho certeza que o peso da torcida contribuiu para aquele resultado em Catanduva, no momento final do jogo e também na prorrogação. O peso da torcida é muito importante.



A torcida no Ginásio - A invencibilidade de Ourinhos foi bom para o nome de Ourinhos, mas foi ruim para a torcida. Esse é fenômeno de futebol, de basquete, de todos os esportes. No futebol o Palmeiras teve maior arrecadação quando estava na segunda divisão, esse ano o Atlético Mineiro bateu todos os recordes de público estando na segunda divisão. Quando o time tem que disputar mais arduamente o titulo o torcedor se entusiasma e vai mais animado ao ginásio ou estádio.

Quando o time se torna muito vencedor, tem alguns torcedores que não gostam. Não gostam de achar que o jogo é fácil, que o time vai ganhar com facilidade e acaba não indo aos jogos. Foi o que aconteceu conosco. O ginásio vem esvaziando nestes último dois anos apesar de o time ganhar tudo no Brasil. Eu acredito que essa derrota em Catanduva e contra São Caetano, inclusive já teve discussão no Ginásio, vai ser benéfico para ter maiores públicos na fase dos play off’s.



Decisão em casa - Eu sempre lutei contra os critérios da CBB e da FPB para que o time que terminasse em primeiro escolhesse se ele queria jogar a primeiro em casa ou fora, como fazia o vôlei. A CBB estabeleceu o critério e a gente obedece. Eu sempre achei que é mais vantagem jogar primeiro em casa. Porque se joga fora e depois duas em casa, a responsabilidade das outras duas partidas passa a ser muito grande. Acho que ganha play off quem tiver melhores condições, mais sorte, mais talento, raça, coração. Acho que playoff é muito coração. Em 2004 a vantagem era de Americana e fomos reverter lá. Ganhamos a segunda partida lá e fechamos na quarta partida em Ourinhos



FONTE: WWW.OURINHOSBASQUETE.COM.BR


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