sexta-feira, 15 de setembro de 2006


Entre o Sim e o Não
Confesso. Não entendo de basquete. Não sou especialista. Nunca o estudei. Nunca treinei nem time em piso de cimento.
Mas adoro o basquete. Aprendi a gostar vendo Paula e Hortência jogarem. E aprendi aquele jogo como se fosse certo.
Tomei gosto pela coisa e sigo aqui. Mas, não se assustem, sou um charlatão. Apaixonado, mas um charlatão.
Por isso, em competições como o Mundial, rio de mim mesmo. De dia, acredito no Brasil. De tarde, xingo. De noite, recalculo. Se tiver chuchu no almoço, acho que vamos ganhar da Lituânia. Se tiver batata-doce, da Austrália.
É essa a linearidade e a solidez do meu raciocínio crítico.
Não consigo ser nem coerente, nem me distanciar.
Ao mesmo tempo que vejo a vaca ir para o brejo, me comovo. Ontem, ao entrar e ver Ibirapuera lotado, não queria saber de mais nada. Barbosa? Quem é esse?
Queria que a seleção ganhasse apenas e fizesse aquele ginásio tremer. Ganhasse de 1 ponto, de meio, de cesta roubada, com uma andada escandalosa precendendo a bandeja redentora. Ou ganhasse quebrando as pernas de Vademoro, mas ganhasse. De qualquer jeito.
Não é assim que nosso basquete vive? De qualquer jeito? Pois não há outro jeito para ganharmos que não seja esse: de qualquer jeito.
Acho que assim como eu, quem gosta de basquete se divide entre o mesmo dilema. É clichê, mas repetirei-o: razão ou emoção.
Do ponto de vista racional, nosso basquete é um lixo. Não se sustenta por mais que 5 minutos. O time é mal treinado. Na defesa, a ausência de Bassul sepultou qualquer ímpeto. Quer chutar de três? Então, chute, Vamos ver se cai. Quer infiltrar? Deixe eu sair da sua frente para não trombarmos. O ataque não existe. É um equívoco só. Individualismos, sorte, azar, chuveririnhos... é disso que vivemos. Mas não se planeja uma jogada, não se estuda o adversário. Apenas corre e arremessa e erra. Não há qualquer rastro de equilíbrio em quadra: do defensivo ao emocional...
Pensando assim, não há o que discutir. Esse time será sepultado nas oitavas. Sem chance. Assim pensam 233 leitores dos 800 que votaram na enquete no blog.
Do ponto de vista emocional, a loucura sobe a cabeça. Você senta nas cadeiras roxas, vê Maria Helena Cardoso atrás de você. O ginásio grita, lotado, quente. Brasil-Brasil-Brasil! Você fica insano. Xinga a Valdemoro. Vibra com o toco da Êga pra cima dela. Quer matar o pai da Valdemoro. Quer rasgar a bandeira dele. Ameaça chamar a FEBEM para cuidar das crianças que não permitem que você veja o jogo. E torce, torce, torce.
Torce tanto, que fica maluco. Pensa que o Brasil vai ser ouro.
E assim votaram 244 leitores.
Como se vê, não sou único. Devo ter votado 1 vez em cada uma dessas opções.
Então, a verdade é essa. Está tudo péssimo. Mas eu quero torcer. Quero usar meu passaporte 10 rodadas até o fim. Vamos sofrer, eu sei.
A irregularidade do Brasil assusta... mas a gente sabia que ia ser assim.
Hoje não consigo escrever algo menos tolo que isso...
Precisamos vencer mais uma vez e de qualquer jeito...

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