segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Após o fiasco, Paula cobra planos para 2012

Vexame masculino faz ex-jogadora propor solução radical: esquecer Pequim


Rodrigo Alves


Com um longo histórico de serviços prestados ao basquete brasileiro, Magic Paula sabe que não é fácil tirar a modalidade do fundo do poço. A decepção com o fiasco da seleção masculina no Mundial do Japão é tão grande que a ex-jogadora admite uma saída radical: esquecer as Olimpíadas de Pequim e começar, desde já, o planejamento para levar o Brasil aos Jogos de 2012.

A eliminação de Argentina e Estados Unidos nas semifinais deixou o Brasil em situação ainda mais complicada, já que as duas potências terão de brigar pelas duas vagas disponíveis no Pré-Olímpico das Américas, no ano que vem.

- Como vai ser muito difícil chegar a Pequim, acho que vale sacrificar esta Olimpíada e começar a colocar em prática o que se pensa para 2012. Esta geração masculina é uma das melhores que apareceram nos últimos tempos - avalia Paula, em entrevista por telefone, de São Paulo, ao GLOBOESPORTE.COM.

Campeã do mundo em 1994, a jogadora acredita que a desorganização fora das quadras influenciou o Brasil no Japão, onde a equipe cumpriu sua pior campanha em Mundiais.

- Quando acontece algo assim, não é apenas lá no Japão. O erro não foi lá. Temos que pensar no caminho percorrido nos últimos quatro, oito anos. Esses meninos são os menos culpados - afirma.

Paula consegue diagnosticar o problema, mas não confia no presidente da CBB, Gerasime Bozikis, o Grego, para tirar a modalidade desta situação.

- Quando você vê o presidente, após a eliminação, dizendo que faria tudo do mesmo jeito, fica difícil pensar em mudança. Só se ela vier dos clubes, das pessoas, da comunidade do basquete. Pelas declarações do Grego, nada muda. Ele vai se apegar ao Pan-Americano e ao Pré-Olímpico - lamenta.

Em relação à seleção feminina, Paula se mostra mais otimista e acredita no potencial do grupo para cumprir um bom papel no Mundial de São Paulo. Ainda assim, ela cobra mais trabalho nas categorias de base para garantir a renovação do elenco.

Paula: "Lula concorda com tudo o que dizem"

Ex-jogadora elogia as qualidades do técnico, mas critica submissão à CBB


A ex-jogadora Magic Paula acredita que os problemas da seleção masculina de basquete vão muito além do que aconteceu dentro da quadra no Campeonato Mundial do Japão. Com a permanência do técnico Lula Ferreira após a pior campanha brasileira em todos os tempos, a ex-atleta criticou a submissão do treinador ao modelo imposto pela Confederação.

- Não se pode discutir o talento do Lula como profissional, mas ele comete o erro de concordar com tudo o que dizem. Lula é o cabeça da história, a preparação deveria partir dele para a CBB, e não o contrário. Quando se é chamado para dirigir uma seleção, é preciso planejar as metas da equipe - explica, em entrevista por telefone, de São Paulo, ao GLOBOESPORTE.COM.

Ao voltar do Japão, Lula defendeu a tese do técnico exclusivo. Sem clube após a extinção da equipe adulta de Ribeirão Preto, o treinador quer se dedicar somente à preparação do Brasil para as próximas competições.

- Isso é uma bobagem. O técnico tem de estar praticando o tempo todo, não adianta ser exclusivo. Se fosse uma seleção com atividade intensa durante o ano inteiro, tudo bem. O vôlei, por exemplo, é assim. O basquete não é - atesta Paula.


Paula elogia meninas, mas quer renovação

Média de idade alta da seleção e trabalho fraco na base preocupam ex-atleta


Campeã do mundo em 1994, Magic Paula confia na qualidade da seleção brasileira que vai disputar o Mundial feminino a partir do dia 12 deste mês, mas não esconde uma ponta de receio com a renovação da equipe. Como as principais jogadoras do elenco têm mais de 30 anos, ela alerta para a necessidade de investir na base.

- Entre as mais novas, temos a Iziane, e ponto. Precisamos aproveitar competições como o Sul-Americano e o Pan para colocar uma nova geração em atividade. Tem que jogar, sair para a Europa, trazer torneios para o Brasil - ensina Paula, em entrevista por telefone, de São Paulo, ao GLOBOESPORTE.COM.

A preocupação se agrava ainda mais quando se percebe a escassez de novos valores nas categorias inferiores e a deficiência no garimpo das novas jogadoras.

- Não existe qualidade no trabalho de base. E os poucos lugares que fazem direito não são valorizados. Infelizmente, tem muita gente de cabeça dura, falta diálogo - reclama Paula.

A ex-atleta avalia que a seleção comandada pelo técnico Antonio Carlos Barbosa tem condições de chegar longe no Mundial. Em todo caso, prefere adotar a cautela.

- Não podemos criar muitas expectativas. Ninguém tem bola de cristal para saber em que posição vamos ficar. Eu sei que elas têm qualidade para estar entre as melhores. É uma equipe experiente, homogênea, mas isso não basta. Há todo um processo de planejamento e treinamento, precisamos chegar bem à competição.

Mundial feminino ainda busca seu espaço

Paula lamenta pouca divulgação do evento, apesar do prestígio das meninas


Enquanto o basquete masculino tem ficado fora das Olimpíadas e acaba de protagonizar um vexame no Japão, a seleção feminina tem ao menos honrado a modalidade nas últimas competições. Mesmo assim, o Mundial que começa no dia 12 deste mês, em São Paulo, ainda não desperta o interesse do grande público. Magic Paula lamenta a pouca atenção dada às meninas do Brasil.

- A divulgação é ruim, ninguém começou a falar sobre o Mundial. O feminino vem trazendo mais resultados que o masculino, mas a modalidade como um todo passa por um momento delicado de falta de identidade - avalia a ex-jogadora, em entrevista por telefone, da capital paulista, ao GLOBOESPORTE.COM.

Hortência já havia reclamado da falta de divulgação do Mundial. Mas Paula aponta outro fator para o afastamento do público.

- Falta uma geração com carisma, que tenha uma identidade maior com o público, isso afeta bastante - detecta a ex-atleta, que conquistou a medalha de ouro em 1994, ao lado de Hortência e três jogadoras que estão no grupo atual: Janeth, Cintia Tuiú e Alessandra.


Brasil falha muito e perde para as chinesas

Tímida na marcação, equipe começa mal e não consegue reagir em amistoso


A seleção brasileira feminina de basquete entrou em quadra desconcentrada na manhã deste domingo e, desta vez, não conseguiu reagir. O resultado foi a derrota por 86 a 76 para a China no segundo amistoso do desafio internacional que prepara a equipe para o Campeonato Mundial, em São Paulo.

Com uma defesa frágil e um ataque sem equilíbrio, as brasileiras não conseguiram conter o ataque chinês. Quando tinham a bola, as jogadoras erravam passes e raramente conseguiam concluir em boas condições.

Entre as chinesas, o destaque foi veloz armadora Miao Li Jie, que fez 26 pontos e ainda distribuiu cinco assistências. A equipe asiática acertou 12 arremessos de três em 18 tentativas.

A exemplo do amistoso de sábado, Iziane liderou o Brasil com 19 pontos. Desta vez, no entanto, a falta de pontaria da linha de três pesou. A atleta do Seattle Storm tentou seis chutes de longa distância, mas só acertou um.

Apesar de ter jogado apenas 16 minutos, a pivô Érika foi a segunda maior pontuadora da equipe, com 17, além de nove rebotes.

O técnico Antonio Carlos Barbosa deixou Êga fora da partida e começou com Cintia Tuiú no time titular. A mudança abriu espaço para a atuação de Mamá, que disputa a última vaga do elenco de 12 jogadoras que vai iniciar o Mundial.

Sob a pressão do possível corte, Mamá teve atuação discreta, com apenas dois pontos, e ficou atrás na disputa com Êga, que atuou bem no sábado.

De forma surpreendente, a armadora Helen Luz saiu de quadra zerada em pontos, após errar seus cinco arremessos. Quem ganhou mais destaque na posição 1 foi Adrianinha, com 12 pontos e quatro rebotes.

BRASIL - 76
Helen (0 ponto), Iziane (19), Micaela (12), Cíntia Santos (5) e Alessandra (6). Entraram: Adrianinha (12), Erika (17), Mamá (2), Sílvia Cristina (0), Palmira (3) e Kelly (0). Técnico: Antonio Carlos Barbosa.

CHINA - 88
Xiao Yun Song (9 pontos), Lan Bian (16), Li Jie Miao (26), Xiao Zhang (6) e Nan Chen (10). Entraram: Fei Fei Sui (7), Dan Liu (5), Xiao Chen (5), Li Wei Song (1), Wei Zhang (0) e Guang Jia (3). Técnico: Tom Maher.

Janeth é hospitalizada em São Paulo

Ala passa mal durante a noite e ficará em observação até segunda-feira


A ala Janeth, da seleção brasileira feminina de basquete que disputará o Mundial do Brasil, foi hospitalizada na madrugada de sábado. A jogadora sentiu-se mal no hotel e precisou de cuidados médicos. Debilitada, a jogadora, que está presente ao Ginásio Poliesportivo José Corrêa, em Barueri, não enfrenta a China nos amistosos de sábado e domingo, em São Paulo, sendo substituída por Micaela.

O médico da seleção brasileira, Fabiano Cunha, disse que a jogadora teve diarréia e vômito durante toda a noite e que, aparentemente, trata-se de um rotavírus. A jogadora tem recuperação prevista para segunda-feira.

Inicialmente, não se cogita que Janeth fique fora do quadrangular que a equipe disputará com China, Espanha e Canadá na próxima semana, entre os dias 6 e 9 de setembro, na cidade de Guarulhos.


Fonte: GloboEsporte.Com

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