domingo, 30 de julho de 2006

Pivôs brasileiras: as donas do pedaço

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - Mesmo sem a presença de sua jogadora mais alta, a pivô Alessandra (2m), a seleção brasileira feminina de basquete não tem com que se preocupar no garrafão. Com média de altura de 1,91m na posição, o time embarca nesta segunda para o Paraguai, onde disputa o Campeonato Sul-americano a partir de terça-feira, sem o risco de encontrar adversárias à altura. E isto nos dois sentidos.
Tecnicamente, o Brasil detém a supremacia regional, mantendo o título do torneio desde 1986. Para a seleção, a Argentina permanece como principal oponente na competição. Mas mesmo as argentinas têm um garrafão menos expressivo. As duas pivôs base são as Alejandras, Chesta e Fernandez, ambas com 1,86m.

Sem Alessandra, a seleção brasileira terá em Érika (1,97m) a jogadora de maior estatura. Além dela, estarão no garrafão Cíntia Tuiú (1,94m), Kelly (1,92m), Graziane (1,91m) e a 'pequena' Êga (1,87m).

Mas se a altura das pivôs nacionais impõe respeito por si só, não é apenas neste aspecto que o grupo deposita sua confiança. 'A gente ganha muito na estatura', reconhece a experiente Cíntia. 'Mas o importante é que temos um grupo que tem altura e fundamento. Não adianta ter altura e não ter fundamento'.

A trajetória internacional das jogadoras da posição prova a teoria. Quase todas atuam, ou atuaram no exterior. A única exceção é Êga, que tem se mantido no cenário nacional.

As titulares Cíntia e Alessandra estão desde 1998 no basquete europeu, sempre atuando em equipes de ponta, sendo que a primeira tornou-se bicampeã italiana na última temporada. Alessandra, 31 anos, já foi apontada como destaque estrangeiro na Itália. Reconhecimento semelhante ao que a jovem Érika, de 23 anos, obteve no Campeonato Espanhol em duas oportunidades (2005 e 06), sendo eleita a melhor jogadora internacional.

Graziane já tem duas temporadas na Itália, enquanto Kelly, após anos de Europa optou por permanecer no Brasil no último ano recuperando-se de lesão. Hoje, ela credita à experiência internacional a consciência de saber 'mandar no pedaço'. 'Lá quem dá as cartas são as pivôs e você acaba se tornando uma líder. Mas não adianta ficar falando e não fazer nada. Não quero ser um quarteto mágico, queremos ser um quarteto efetivo', avisa, comparando o garrafão brasileiro ao ataque da seleção de futebol na Copa da Alemanha.

Para o técnico Antônio Carlos Barbosa, este é o verdadeiro diferencial do grupo. 'Temos o privilégio de ter quatro ou cinco pivôs em nível internacional. Você tem que explorar isso na medida do possível, mas tem que ter é equilíbrio', completa, ressaltando a importância de um bom trabalho na área externa.

Satisfeitas por saber que no Sul-americano o grupo já chega com uma vantagem específica, as pivôs, contudo, sabem que no Mundial a situação muda de figura. 'Aí, a história é outra', alerta Cíntia.


Kelly revive o passado para voltar entre as melhores

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - A última temporada foi de muito trabalho para a pivô Kelly, da seleção brasileira feminina de basquete. No ano passado a jogadora machucou o joelho, precisou ser submetida a uma cirurgia e ficou quase quatro meses longe das quadras. No retorno, escolheu defender o Santo André no Campeonato Paulista para ter condições de atuar pelo Brasil em 2006.
Com anos de experiência na Europa, ela sabia que atuando no exterior teria cobranças muito mais imediatistas para retomar as atividades o que poderia comprometer seus projetos de ajudar a seleção em um ano chave no calendário internacional. Nesta temporada, o Brasil disputa o Sul-americano no Paraguai e o Campeonato Mundial, em setembro, em São Paulo. O torneio continental será a primeira competição internacional da pivô desde sua lesão e, por isso, é olhado com carinho pela atleta.

'Estou tendo que me superar bastante', reconhece a atleta, que reviveu experiências do passado neste recomeço. 'Voltei a morar em república e a comer em refeitório', diz bem-humorada. 'A casa era ótima e dividia com seis meninas. São coisas do começo de minha carreira, mas não tenho do que reclamar e estou com a cabeça muito boa quanto a isso'.

Prestes a embarcar para seu terceiro Sul-americano, disputou em 1999 e 2003, ela encara a experiência como uma oportunidade de aprimorar sua condição para o Mundial. 'Quero melhorar mais um pouco. Estou em 80% do que poderia'.

A constatação foi feita nos jogos contra a modesta seleção chilena, que perdeu com diferenças de 55 e 65 pontos no marcador. 'Na sexta-feira (primeiro jogo) me cansei antes que todo mundo', reconhece.

Na opinião do técnico Antônio Carlos Barbosa, responsável por sua entrada na seleção nacional desde as categorias de base, a atleta soube definir com sensatez os caminhos a seguir em sua recuperação. 'A Kelly foi inteligente, escolhendo jogar no Santo André. Ela chegou bem clinicamente e para mim está totalmente recuperada', avalia.

A seleção brasileira embarca nesta segunda-feira, às 9h15, do Aeroporto Internacional de Guarulhos para o Paraguai, onde disputa o Sul-americano. O primeiro compromisso será na terça-feira, enfrentando o Peru.

O Brasil venceu as dez últimas edições do torneio e a seleção comandada pelo técnico Barbosa estará na luta pelo 21º título da competição.


Fonte: Gazeta Esportiva

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