sábado, 21 de janeiro de 2006

Médico adia volta de Kátia e coloca carreira em risco

Marcelo Viana


Cardiologista do Instituto Dante Pazzanese reprova volta da pivô de Santo André às quadras por causa de arritmia. Clube quer mandá-la para EUA

O drama de Kátia, pivô de 22 anos do time de basquete de Santo André, continua. Há um ano afastada das quadras por causa de arritmia cardíaca, ela passou por nova avaliação médica e foi outra vez reprovada, colocando um ponto de interrogação maior em relação ao seu retorno ao esporte. Novos testes, somente no ano que vem.

A doença cardíaca de Kátia foi descoberta em dezembro do ano passado, depois de ter passado mal num treino. Seu time se preparava para mais uma partida no Campeonato Nacional, torneio em que era um dos destaques. Ela foi obrigada a parar de jogar e passou a tomar remédios e a fazer exames periódicos. No mês passado, voltou a treinar e tinha grande expectativa de ser liberada agora para defender seu clube no Nacional, já em andamento.

Na segunda-feira, fez novos exames no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, mas acabou tendo retorno ao basquete vetado. Ela passou no teste de esteira, mas acabou reprovada no Holter, que voltou a acusar a arritmia. “Ela melhorou, mas não o suficiente”, disse o cardiologista Giuseppe Dioguardi, médico do setor de cardiologia do exercício e esporte do Dante Pazzanese.

Dioguardi comentou que o caso de Kátia é raro e que seu futuro como atleta é incerto. “Não dá para afirmar se ela vai voltar a jogar basquete ou não”, disse o médico, que vai mandar todos os exames para serem avaliados por médicos do Comitê Olímpico Italiano, uma das referências mundiais no assunto. Sobre os riscos de ela praticar esporte, foi claro. “Ela tem duas vezes e meia mais chances de morrer se jogar.” Dioguardi lembrou que o caso não é de cirurgia. Segundo ele, o problema no coração da pivô é microestrutural e que a causa ainda é desconhecida.

Decepção

Kátia chorou muito ao saber do resultado. Ela tinha certeza de que, com o tratamento, ganharia sinal livre para voltar a fazer o que mais gosta na vida. “Foi um baque para mim, mas tenho certeza de que vou voltar a atuar”, disse a jogadora, proibida até de treinar. Ela acha que a morte do zagueiro Serginho, do São Caetano, no ano passado, influencia a posição dos médicos. “Eles estão com medo de me liberar, mas meu caso é diferente. O coração dele era deformado. O meu não.”

Sua técnica em Santo André, Laís Aranha, contou que quer mandá-la para avaliação com médicos dos EUA. “Só que eu não tenho dinheiro. Vou falar com a CBB.”


Fonte: Diário de São Paulo (16/12/2005)

Nenhum comentário: