quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Sheryl Swoopes, MVP da WNBA e ala do Houston Comets, assume homossexualidade

A ala do Houston Comets Sheryl Swoopes, atual Jogadora Mais Valiosa (MVP) da WNBA e tricampeã olímpica, assumiu ser homossexual em uma entrevista à revista "ESPN The Magazine", nesta semana. A jogadora, líder do Comets desde a aposentadoria de Cynthia Cooper, se tornou assim a primeira superestrela dos esportes profissionais coletivos americanos a assumir sua preferência sexual por pessoas do mesmo sexo.

"Minha razão para sair do armário não é ser algum tipo de heroína. Só estou em um ponto da minha vida em que me cansei de ter de fingir ser alguém que não sou. Cansei de esconder meus sentimentos pela pessoa com que me importo, a pessoa que amo", disse Swoopes, cestinha do time da brasileira Janeth Arcain. "Atletas masculinos do meu calibre provavelmente sentem que têm muito mais a perder do que ganhar (ao se assumir). Não concordo com isso. Para mim, o mais importante é a felicidade".

Duas outras jogadoras da WNBA já haviam assumido sua homossexualidade ainda em atividade, mas nenhuma das duas tem a fama de Swoopes: Sue Wicks, ex-atleta do New York Liberty, e Michele Van Gorp, ex-jogadora do Minnesota Lynx. Entre os homens, Esera Taolo, ex-jogador de futebol americano, e Billy Bean, ex-atleta do beisebol, também se assumiram, mas após se aposentarem, e nenhum teve uma carreira como a da lateral do Comets, tetracampeão da liga de 1997 e 2000. O ato de Swoopes talvez se compare apenas à tenista Martina Navratilova, que assumiu ser bissexual em 1981, ao receber cidadania americana. Na época, custou muitos patrocínios a ela. Talvez coincidentemente, seu jogo decolou após a revelação.

Swoopes foi considerada a jogadora do ano da NJCAA quando jogava pela faculdade Sputh Plains Junior College, em 1991, e se transferiu para Texas Tech, onde em 93 seria campeã da NCAA, liderando seu time com um recorde nas finais de 47 pontos, o que a garantiu os prêmios de melhor jogadora das finais e jogadora do ano. Em 94, foi medalha de ouro nos Jogos da Amizade e, em 96, integrou o time olímpico que derrotou o Brasil de Hortência, Paula, Marta e Janeth na final em Atlanta, o que iniciou a criação da WNBA, primeira liga profissional de um esporte feminino nos EUA.

Desde então, ela levou mais duas medalhas douradas em Olimpíadas, em Sydney-2000 e Atenas-2004, os quatro primeiros títulos da WNBA, entre 1997 e 2000, três prêmios de MVP da liga, cinco colocações para a primeira seleção da WNBA e foi MVP do Jogo das Estrelas neste ano.

"Algumas pessoas podem dizer que me assumir agora, após vencer o título de MVP, é heróico, e entendo isso, e sei que haverá algumas coisas negativas também. Mas não muda quem sou. Não posso mudar com quem me apaixono. Ninguém pode", disse a jogadora.

A ala foi a primeira jogadora a ter um tênis com o próprio nome, o Nike Air Swoopes, na mesma linha do maior jogador de basquete da história, Michael Jordan.

No artigo, ela fala de seu filho de oito anos, Jordan, seu casamento de três anos e da vida com sua parceira, a ex-treinadora de basquete Alisa Scott.

"Descobrir que sou gay simplesmente aconteceu mais tarde na minha vida. Ser íntima com (Alisa) ou com qualquer outra mulher nunca tinha passado por minha cabeça. Ao mesmo tempo, acredito firmemente que quando você se apaixona, não há como controlar isso", declarou a ala.

A notícia ainda não foi comentada pela WNBA, que nunca teve muita facilidade em reconhecer o elemento homossexual conectado à liga, e que continua lutando para aumentar sua base de torcedores. Ironicamente, Swoopes foi uma das principais jogadoras envolvidas nas campanhas promocionais da liga, como heterossexual, posando quando era casada e estava grávida como uma face heterossexual da WNBA. Ela costuma levar o filho Jordan aos jogos.

"Tudo o que se diz da WNBA ser repleta de lésbicas não é verdade. Há tantas mulheres hetero na liga quanto há gays. O que me irrita é que quando as pessoas falam do futebol americano, beisebol e NBA, não se ouve nada sobre homens gays jogando. Já ao se comentar da WNBA, vira um problema. Sexualidade e gênero não devia mudar a atuação de ninguém em quadra", protestou a atleta.


Fonte: BasketBrasil

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