quarta-feira, 12 de outubro de 2005

A melhor cesta do dirigente Oscar

Fábio Balassiano

Oscar pode ter lançado o projeto em momento inoportuno –à altura, abril de 2005, Grego e Hélio Babosa disputavam a presidência da Confederação. Entretanto, merece ser aplaudida a concretização do audacioso plano do ex-cestinha, sempre apoiado pelas franquias e por nomes de peso da modalidade, como Hortência e Paula. Mesmo com as desistências de peixes grandes como Paulistano e Franca (não era Hélio Rubens que defendia veementemente um torneio gerido exclusivamente pelos clubes?) a Nossa Liga de Basquetebol não morreu antes de sua primeira edição, como muitos acreditavam e preconizavam.

Mais do que um exemplo ao basquete, a NLB, primeiro torneio nacional (masculino e feminino) de basquete comandado pelos clubes, parece ser o embrião do que há de mais moderno no esporte mundial - as grandes potências da modalidade repudiam a ajuda de suas respectivas entidades na organização dos torneios nacionais. Quem sabe Oscar, Paula e Hortência são os pioneiros de uma nova Era no esporte brasileiro, com mais transparência, imaginação, dignidade e coragem. Como bem ressaltou Bruno Lima, na “comunidade” ‘Diário do Basquete’ no Orkut: “Toda revolução é sofrida e complicada. A NLB já nasceu. Resta agora dar prosseguimento. Em obtendo êxito podem ter certeza que dirigentes acomodados de outros esportes, bem como do nosso basquete, serão extirpados do sistema”.

Em vários pontos Oscar acertou: desinchou, por causa da mão de ferro da CBB, a competição, que contaria com quase 30 clubes e terá 18; buscou apoio de uma emissora (ESPN Brasil) concorrente da que detém os direitos de exibição do Nacional; a idéia de duas conferências, trazida da NBA, é boa e prevê a redução de custos dos participantes; conta com o apoio de uma empresa de marketing esportivo disposta a trazer patrocinadores ao basquete; e, talvez o mais importante, resgatou clubes da região Norte do anonimato.

Como não poderia ser diferente, de acordo com o que foi apresentado na última terça-feira em São Paulo, ainda há muitos defeitos e dúvidas. Como será resolvida a questão das arbitragens, já que os juízes e mesários são filiados às federações, braços de apoio de Grego e companhia? O regulamento, um tanto quanto confuso, pode atrapalhar o entendimento dos torcedores. Nenhuma forma de promoção ao público foi trazida – as arquibancadas da própria franquia de Oscar, a Telemar, campeã do atual Nacional, ficaram às moscas, por exemplo.

Já era esperada uma ofensiva por parte da CBB. Grego e sua trupe agora acenam com a possibilidade de não chancelar a ida de times da NLB para competições internacionais. O tiro visivelmente tem o Telemar, de Oscar, como alvo, já que o time carioca tem/teria direito a comparecer à Liga Sul-americana. Independente do que aconteça, Oscar Schmidt, idealizador do projeto, marcou a cesta mais importante de sua carreira como dirigente. Com coerência e ajustes, a NLB pode se tornar a grande tábua de salvação para o basquete brasileiro.

Rio de Janeiro: Segundo informações, o time de Oscar fechou contrato com o Grajaú Country, clube da Zona Norte da cidade. O antigo lar da equipe, em Campo Grande, foi abandonado de vez. Será que o prefeito César Maia, que exigiu que o Telemar mandasse todos os seus jogos no Miécimo da Silva, aceitará a decisão?

Crise 1: Depois de ver o superintendente apitando um jogo de torneio oficial, eis que o basquete carioca se supera. A partida entre Municipal e Universidade Celso Lisboa, válida pelo Rio Open, foi arbitrada por Evaldo Ramos e Rodrigo, técnico de categorias de base de Niterói.

Crise 2: Foi neste jogo também que uma das cenas mais insólitas do esporte foi presenciada: o técnico do Municipal, Aristônio Leite, vendia rifas à beira da quadra antes da partida.

Fonte: Databasket

Nenhum comentário: