quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Belo Horizonte tem boas chances de receber jogos do Mundial feminino de 2006

Após a Copa América feminina de basquete, vencida por Cuba na final contra o Brasil, as atenções da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) se voltam para a escolha da sede do Mundial de 2006, que será no país. A competição seria no Rio de Janeiro, mas as reformas no ginásio do Maracanãzinho estão comprometidas, por falta de verba, e pelas obras paralisadas. Belo Horizonte e São Paulo se apresentam como melhores opções.

O presidente da CBB, Gerasime “Grego” Bosikis viaja amanhã para Belgrado, para reunião com o comando da Federação Internacional de Basquete (Fiba). Entre outros assuntos, a sede do Mundial será discutida. A entidade brasileira pode propor, ainda, a escolha de duas sedes, com chaves nas capitais mineira e paulista.

BH tem como pontos favoráveis dois ginásios em condições de receber o evento: Mineirinho e Arena JK, do Minas Tênis Clube. A cidade conta também com dois aeroportos e eficiente estrutura hoteleira.

O Mineirinho é detentor de três recordes mundiais de público: no vôlei feminino (26.500 torcedores, em Brasil 3 x 0 China, pelo Mundial-94); no vôlei masculino (16.500, em Brasil 2 x 3 Itália, pela final da Liga Mundial de 92); e no futsal (27.512, em Atlético 6 x 2 Rio-Miécimo, na decisão da Liga Nacional de 99).

Brusque (SC) também demonstrou interesse em receber o Mundial na sua Arena Multiuso, mas não tem chance, pela inexistência de aeroporto na cidade.

Fonte: Estado de Minas


A vanguarda do atraso

Melchiades Filho

Talvez não seja correto dizer que Ribeirão Preto foi o primeiro a pular do barco, pois não estou certo se chegou a embarcar. É verdade que enviou representantes às primeiras reuniões e até esboçou propostas de marketing. Mas, dada a ligação sentimental e comercial com a Confederação Brasileira de Basquete, tudo sugeria mero jogo de cena. Era natural que não só deixasse o movimento de emancipação dos clubes como abrisse fogo contra ele.
A contracorrente recebeu em seguida o apoio dos times do Universo (Uberlândia, Brasília, Goiânia e... perdi a conta). De novo, nenhuma surpresa. Os negócios da empresa no esporte vicejaram justamente na sombra da atual administração da CBB. Para que correr os riscos inatos a todo confronto político? É bom lembrar que o presidente do Universo um dia declarou que "não precisa ser campeão; o importante é o nome da universidade aparecer".
Montado esse núcleo duro, era preciso, então, fazer número.
Muitas agremiações, nanicas e sem tradição, toparam o beija-mão porque se encontram descapitalizadas, desesperadas por uma oportunidade de negócio.
Outras porque muita gente influente meteu o dedo, assustada com a perspectiva de sucesso dos insurretos. Em Belo Horizonte, por exemplo, o alto escalão do vôlei ameaçou retaliar os clubes.
Comenta-se que até mesmo a comissão técnica da seleção brasileira se envolveu na cooptação, boato que cresceu nas últimas semanas porque as quatro equipes dos quatro treinadores viraram a casaca e porque um deles, Neto (Paulistano), engasgou diante das câmeras da BandSports quando foi questionado sobre o suposto tráfico de influência.
O Paulistano, aliás, despontava como um dos mais fervorosos defensores da insubordinação. Foi o anfitrião das primeiras assembléias! Agora capitula, "em virtude do desejo dos patrocinadores".
No fim de semana, com o mesmo argumento, Franca sinalizou a reconversão. Depois de utilizar o projeto da liga autônoma para captar recursos, diz agora que os novos anunciantes pressionam por máxima exposição na mídia. "A liga nada ofereceu de concreto", disparou Hélio Rubens, de volta ao basquete da cidade.
Ribeirão Preto, Uberlândia, Goiânia, Brasília, Pinheiros, Minas Tênis, Rio Claro, Paulistano, Franca... Um a um, os amotinados se curvam diante das promessas da CBB e abrem mão do sonho de gerir seus próprios campeonatos. Quanto tempo até a rendição de Araraquara, Casa Branca, Joinville e dos demais?
A vaidade, o despreparo e a inabilidade política de Oscar podem ter atrapalhado. Mas não explicam o insucesso da empreitada.
A Nossa Liga de Basquete tirou CNPJ, montou plano de marketing, conseguiu o aval do Ministério do Esporte, obteve a chancela do Comitê Olímpico Brasileiro e reuniu sob o mesmo teto os mais populares nomes do esporte. Mas errou ao subestimar a reação do "establishment" e a covardia do nosso basqueteiro. No fundo, ninguém está interessado em uma revolução. O paredão por aqui serve só para encostar o burro.

Alerta 1
Se a conquista do masculino de pouco valeu, em razão do baixo nível técnico da competição e dos múltiplos desfalques dos adversários, a derrota do feminino na Copa América também não devia causar tanta comoção. O Brasil foi à República Dominicana sem as cinco titulares de Atenas-2004 (Helen, Iziane, Janeth, Cíntia Tuiú e Alessandra).

Alerta 2
Mas o desempenho sofrível da seleção deixou claro, outra vez, que Antonio Carlos Barbosa não parece ter nem repertório nem fôlego para encarar a carga técnica e tática necessária à preparação para o Mundial. Comete os mesmos erros, insiste nas mesmas jogadas que alijaram o país do pódio olímpico. Se continuar dependendo da famigerada "ponte" entre pivôs, duvido que o time chegue à semifinal.

E-mail: melk@uol.com.br

Fonte: Folha de São Paulo

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