quinta-feira, 7 de julho de 2005

Impasse entre CBB e NLB pode afastar patrocinador

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - A disputa entre Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e Nossa Liga de Basquetebol (NLB) pode custar caro à modalidade. Tudo porque um suposto patrocinador estaria interessado em investir pesado no basquete, contanto que as duas entidades entrassem em acordo para o próximo Nacional.
A primeira referência ao patrocinador, cujo nome é mantido em sigilo por exigência dele mesmo afirma Oscar Schmidt, foi feita na reunião da CBB com os clubes no último dia 30. De acordo com Oscar, a empresa foi apresentada pelo presidente Gerasime Grego Bozikis como provável patrocinador de um Nacional organizado pela Confederação. 'Mas ele não contou a história toda', afirma. 'Fomos procurados primeiro pelo mesmo patrocinador, que está disposto a investir no basquete, desde que NLB e CBB estejam juntas', garante o presidente da Liga.

O patrocínio, supostamente, deverá ficar na casa dos R$ 5 milhões, o que significaria uma retaguarda importante para os clubes, que na última temporada praticamente pagaram para jogar. Por causa da falta de patrocinador, os times não ganharam passagens aéreas e tiveram de viajar de ônibus, bancando todas as despesas. Cada clube recebeu R$ 10 mil como ajuda da Confederação.

'Tinhamos R$ 3 mil de despesa nos jogos locais só com taxa de arbitragem e material humano', diz o supervisor da Ulbra, Enrique Barrera, Quique. 'R$ 10 mil é praticamente esmola, como vocês dizem', revolta-se o argentino. Segundo ele, sua equipe fazia um investimento mensal de R$ 120 mil no time e teve uma despesa de R$ 45 mil só com taxas de arbitragem.

A elaboração do calendário também contribuiu para agravar as dificuldades financeiras. 'Em uma semana, para jogar em Minas e Torres gastamos R$ 15 mil e poderíamos ter aproveitado para fazer outros jogos na região', reclama. 'A Ulbra não quer brigar com ninguém, quer apenas jogar e tentar ser feliz'.

A crise financeira da competição, agravada pelos problemas internos de patrocínio das próprias agremiações, foram um dos fatores que levaram à criação da Nossa Liga. Mesmo com a ameaça de conquista do patrocinador misterioso, Oscar garante que o Nacional da NLB sai nessa temporada e que, a partir de agora, a Traffic, empresa de marketing da Liga, já poderá negociar mais contratos de patrocínio.

Segundo Oscar, quatro emissoras de televisão - uma aberta e três fechadas - manifestaram interesse em transmitir o evento. A Wilson (fabricante de bolas) também estaria interessada em fornecer bolas especiais patrocinadas. 'Há todo um mercado inexplorado para nosso investidor', garante Oscar, que vê saldos positivos em toda a mobilização provocada pela criação da NLB até o momento.

'A gente já influenciou positivamente a CBB', garante. 'Muitas das propostas apresentadas por eles (na reunião) na verdade eram nossas'. Entre as idéias semelhantes, Oscar destaca a criação de uma comissão com cinco times para acompanhar as finanças do evento, a antecipação do calendário e a abertura de inscrição para o torneio. Mas sobre esse último item, o ex-jogador faz uma ressalva. 'A fórmula apresentada pela CBB é desrespeitosa com os Estaduais'.

Oscar confirma torneio da NLB e 2006 pode ter dois Nacionais

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - Por falta de um, a temporada 2006 masculina de basquete poderá ter até dois campeonato nacionais, cada um realizado por uma entidade diferente. Nesta quarta-feira, o presidente da Nossa Liga de Basquetebol (NLB), Oscar Schmidt, confirmou a realização de um torneio organizado pela entidade. A decisão bate de frente com os planos da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), que deu prazo até amanhã para os clubes interessados em competir por ela manifestarem interesse.
'Aquilo que não gostaríamos poderá acontecer, com dois campeonatos nacionais', diz Oscar. A Nossa Liga antecipou uma reunião programada para dia 15 para confirmar a participação de seus associados na competição deste ano. Ao contrário das anteriores, esta foi a portas fechadas. 'Porque tinhamos coisas para discutir', explica Oscar. 'Mas foi uma pena vocês não participarem, foi um encontro muito animado', garante, acrescentando que em alguns momentos a reunião assumiu ares de revolta 'por tudo o que tem acontecido'.

Até o início desta noite, o Nacional da NLB já tinha 28 clubes inscritos - Rio Preto, Franca, Mogi, São Bernardo, Fluminense, Bauru, Paysandu, São Caetano, Londrina, Barueri, Cetaf (ES), Corinthians (RS), Ulbra, Casa Branca, Maringá, Limeira, Araraquara, Rio Claro, Joinville, Terezina, Saldanha da Gama (ES), Macaé, São Carlos, Hebraica e Assis. O prazo final para se inscrever expira na sexta-feira da próxima semana e, de acordo com seu diretor-executivo, José Medalha, somente associados poderão participar.

Nesta tarde, também foi formalizada a exclusão de cinco clubes: Unitri, Ajax, Lageado, Ginástico de Minas e COC. 'Eles não cumpriram com as exigências de documentação', explica Medalha. Unitri e Ajax são duas agremiações bancadas pelo grupo Universo, cujo proprietário, Wellington Salgado de Oliveira, havia desistido da NLB. O COC também já havia anunciado que não participaria de um torneio da Liga.

O 'racha' não preocupa Oscar, que vê com bons olhos a realização de dois torneios, que poderão até ser simultâneos. 'Com dois campeonatos vai dobrar o número de vagas para os jogadores. Espero muito até que tenham dois campeonatos'. Para ele, o desencontro na modalidade tem um único responsável. 'A crise é dos dirigentes do nosso esporte que não têm capacidade de aglutinar todo mundo'.

Os dois torneios têm início previsto para este ano. O da Nossa Liga iniciaria em outubro e poderia durarar de sete a oito meses, dependendo do número de participantes. O da CBB, que tradicionalmente começa no final de janeiro, é previsto para dezembro. 'Jogaríamos às quintas, sextas, sábados e domingos', diz Oscar e já pensa em uma forma de não comprometer o calendário dos estaduais. 'Vamos entrar em contato com as federações porque nosso campeonato não vai chocar com o deles. Vamos fazer o possível para não chocar'.

Apesar da postura desafiadora aos planos da CBB, ele garante que a NLB permanece disposta a conversar. 'A Liga permanece aberta ao diálogo'.

Feminino - As definições sobre o torneio feminino da NLB continuam em aberto. Coordenada pela ex-jogadora Paula, a competição continua com inscrições abertas para os interessados em aderir.


Fonte: Gazeta Esportiva

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