domingo, 20 de fevereiro de 2005

Paula inaugura mais um Passe de Mágica

Nesta quinta-feira, no ABC paulista, a ex-jogadora, inaugurou a terceira unidade de seu projeto, que recruta crianças carentes para aprender cidadania por meio do esporte.


Diadema, SP - Cinco anos depois de deixar as quadras e as glórias que conquistou no basquete, Magic Paula vive, de novo, o gostinho de se sentir iniciante.

Não como atleta, mas como tutora dos primeiros passos no garrafão de 300 crianças de Piracicaba e Diadema. Hoje, no ABC paulista, a ex-jogadora, aos 42 anos, inaugurou a terceira unidade de seu projeto Passe de Mágica, que recruta crianças carentes para aprender cidadania por meio do esporte.

"Aqui, a gente não faz exclusão: joga o baixinho, o gordinho, todo mundo", diz Paula, rodeada por algumas das 100 crianças de 7 a 15 anos de Diadema que começarão a ter aulas de basquete e de cidadania duas vezes por semana, no Senai da cidade. "Espero retribuir alguma coisa para o esporte e ajudar essas crianças. O objetivo é trabalhar a cidadania, trabalhar cada pessoinha que tem dentro delas."

O Passe de Mágica nasceu como um sonho de Paula ainda em atividade, em 1999, mas só saiu do papel no ano passado. Em agosto, Paula e a irmã Branca, sua parceira na idéia e coordenadora dos cursos, iniciaram atividades em duas unidades em Piracicaba, cada uma também com 100 crianças. "Quando eu jogava, eu sabia o que podia fazer. Agora, como estou iniciando, tenho um receio, uma exigência maior comigo mesma", conta Paula. "Só fico triste quando as crianças me chamam de tia", brinca.

Um dos que chamaram Paula de tia hoje foi Israel de Souza Carrinho, de 11 anos, aluno da 5.ª série. "Eu já ouvi falar dela. É legal conhecer gente famosa. Quero jogar basquete quando crescer. Na frente, para fazer as cestas", diz Israel. Paula festeja o interesse: "O mais legal é que eles estão aqui pelo esporte, não por mim. A maioria nem me viu jogar. Não importa o que a gente foi como atleta, importa o que a gente aprendeu por meio do esporte e pode passar para as crianças."

As condições para participar do projeto são, além da faixa etária, que a criança esteja matriculada na escola. Quando o número de interessados ultrapassar as vagas disponíveis, assistentes sociais farão a seleção por um único critério: condição socioeconômica. "Diadema faz parte da cidade de São Paulo e é outro patamar de dificuldade de qualidade de vida. No meu tempo, eu brincava muito na rua, jogava na rua. Hoje as crianças não fazem mais isso", afirma a ex-jogadora, hoje também no comando do Centro Olímpico do Ibirapuera.

Na cidade do ABC, Paula encontrou uma comunidade carente e uma boa estrutura à disposição dentro do Senai. Para viabilizar os cursos - as crianças ganham material esportivo e lanches -, obteve apoio da Farnell-Newark, distribuidora de eletroeletrônicos.

De última hora, quando muitas das crianças apareceram apenas de chinelos para a inscrição, a Bical Calçados, de Birigüi, entrou na dança e doou 300 pares de tênis para as três unidades do projeto. "Sem parceria a gente não chega a lugar nenhum", afirma Paula, realizada.

"Basta começar e a gente vai descobrindo que um quer ajudar o outro, que é uma roda-viva, uma corrente do bem."

No Passe de Mágica, nome criado - de presente - pelo publicitário Washington Olivetto, o intuito é educar, não formar atletas profissionais. "Em Piracicaba já dá para ver, as mudanças são enormes no comportamento, no trato de um com o outro." Mas, se alguém se destacar - o pequeno Israel, por exemplo -, será indicado especialmente por Paula e Branca a algum clube da região.

Luís Fernando Tinoco

Fonte: Estadão






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