quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

Pivô Kátia, 21, lidera Nacional em pontos e bloqueios e se torna trunfo do Santo André para chegar às semifinais

Mata-mata testa nova estrela das cestas

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL


Kátia Regina dos Santos, 21, iniciou o Nacional como anônima. A partir de hoje, quando o Santo André, sua equipe, inicia os mata-matas contra o Uberaba, a pivô se vê como protagonista do torneio.
Reserva da seleção sub-21 vice-campeã mundial há dois anos, Kátia nunca foi destaque de seu clube. Nem sua treinadora acreditava que atingiria tal posto.
"Sempre soube da capacidade da Kátia, mas ela não mantinha regularidade. Foi surpreendente até para mim", confessa Laís Elena, técnica do Santo André.
Bastaram 13 jogos para a comandada fazer a técnica mudar de opinião. Kátia é a cestinha -média de 19,9 pontos por jogo- e a líder em bloqueios -2,3 por partida- do Nacional.
A pivô também liderou os rebotes na maior parte do torneio, mas cedeu o primeiro posto para Simone Lima, sua companheira de equipe (10,5 a 10,0 por jogo).
"Acho que me tornei mais visada. Contra o Ourinhos, a cubana [Lisdeivi Victori] não me deixou nem respirar", conta Kátia, referindo-se ao duelo do segundo turno, vencido por Santo André.
Kátia também é a atleta mais eficiente, com 22,8. O critério soma a média de pontos, rebotes, tocos, roubadas de bola e assistências e subtrai do total a média de erros e arremessos não-convertidos.
"Não me importo com isso tudo. Prefiro que o time seja campeão sem eu ser a cestinha", diz ela, descoberta quando atuava por seu colégio, em Suzano.
Aos dez anos já media 1,76 m. Chamava atenção. Acabou sendo indicada para o Santo André.
"Com 13 anos me mudei para o ABC. No começo foi difícil. Treinava com meninas mais velhas. Brigavam comigo. Resolvi parar com 15 anos", lembra Kátia.
A revelação do Nacional de 2004 se deve muito à insistência de sua treinadora há seis anos.
"Ligava para a casa da Kátia. Iam chamá-la, mas ela mandava dizer que não estava. Foi difícil trazê-la de volta", lembra Laís, que chegou a interromper suas atividades para ir pessoalmente a Suzano convencer a pupila.
O apoio da família foi fundamental. Kátia tem dois irmãos que já atuaram profissionalmente. Luís, 27, jogou pelo Corinthians, e Márcia, 30, pela Pirelli.
"Passei duas semanas mal. Depois percebi que o que eu queria mesmo era jogar", afirma Kátia.
Agora, é temida pelos adversários. "Temos que marcar junto para ela não ter a mesma eficiência", comenta o técnico Edson Ferreto, do Uberaba, que perdeu suas duas especialistas no setor, Karina e Aja Brown, que se machucaram e foram dispensadas.
No outro jogo das quartas-de-final, o Ourinhos recebe o São Paulo-Guaru. Americana e São Caetano, líderes da fase de classificação, foram alçados diretamente às semifinais.
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NA TV - Santo André x Uberada, Sportv, ao vivo, a partir 18h30

Janeth, em queda, diz que se poupou

DA REPORTAGEM LOCAL

Cestinha em quatro das seis edições do Nacional, Janeth, 35, não mostra o mesmo aproveitamento ofensivo neste ano.
Contratada pelo Ourinhos, após disputa com Juiz de Fora e São Paulo-Guaru por seu passe, a ala está em sexto lugar entre as maiores pontuadoras da competição.
Sua média, de 16,1 pontos por partida, é a pior que obteve em Nacionais. Em outras edições, ao menos ficou em segundo lugar no fundamento. "Estou me poupando. Tive muito desgaste físico e psicológico neste ano por causa dos Jogos de Atenas", justifica-se a jogadora, maior cestinha do torneio feminino em Olimpíadas.
"Mas o importante é conseguir o título. Quero ganhar o campeonato novamente", afirma a ala, que já levantou o troféu em 1999 (Santo André), 2001 (Vasco) e 2002 (São Paulo-Guaru). (ALF)

PINGUE-PONGUE

Pivô sonha com o 3 a 0 para poder voltar para casa

DA REPORTAGEM LOCAL

Kátia afirma que não há nenhuma fórmula mágica para ter deixado o papel de coadjuvante e se tornado o principal nome de sua equipe, que conta com a armadora Vivian, integrante da seleção brasileira nos Jogos de Atenas. "Mudei minha cabeça", resume ela, que havia obtido média de 9,8 pontos por jogo no Nacional-03.
Kátia quer definir logo o duelo com o Uberaba para poder visitar os pais em Suzano -não os vê há 21 dias. (ALF)


Folha - O que mudou em seu jogo para você conseguir essas médias tão boas no Nacional?
Kátia - A cabeça. Há muito tempo a Laís [Elena Aranha, técnica do Santo André] me cobra o rebote. Só queria saber de chutar. Passei a treinar mais e a ficar mais concentrada. Antes eu era preguiçosa. Sei que recebi muitos elogios, mas continuo a mesma pessoa.


Folha - A torcida tem te assediado por causa disso?
Kátia - Não. Eles falam mais com a Vivian, que está há mais tempo no time adulto e jogou pela seleção brasileira.


Folha - Você teve alguma jogadora como exemplo?
Kátia - Gosto muito de ver o estilo da Lisa Leslie [pivô da seleção dos EUA], mas nosso tipo físico é bem diferente. Ela é mais alta [1,96 m a 1,94 m].


Folha - E a Janeth, que jogou muito tempo no Santo André?
Kátia - Não convivi com ela. Estava no infanto quando a Janeth estava aqui. Treinei só uma vez no adulto nessa época.


Folha - Quando você começou?
Kátia - Iniciei aos nove anos, no colégio, em Suzano. O professor falou para eu jogar, e minha família incentivou. Depois vim para o Santo André. Estou há oito anos aqui, mas minha família ainda mora lá.


Folha - Você tem conseguido ir a Suzano visitá-los?
Kátia - Não. Faz três semanas que não vou à minha casa. E meus pais não têm tempo de ir ver meus jogos. O último foi contra o São Paulo-Guaru [em novembro, na primeira rodada do returno]. Vamos tentar fazer 3 a 0 ou 3 a 1. Temos capacidade para isso. Assim vamos ter folga de Natal mais cedo [a semifinal será em janeiro].


Fonte: Folha de São Paulo

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