sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

O basquete feminino a caminho do fundo do poço

Olá amigo internauta da AOL. Fosse eu Macaco Simão, com certeza começaria a coluna com aquele tradicional buemba, buemba... Mas não sou. Mas cada dia fico convencido que bomba mesmo é o basquete brasileiro. É desanimador continuar batendo na mesma tecla, e continuar vendo o barco afundando. Mas vamos cumprir, com lealdade e muita humildade, até em respeito os milhares de leitores desta coluna, o papel de crítico e pelo menos tentar explicar as trapalhadas que acontecem nesse esporte e esperar que um dia ele encontre o seu verdadeiro lugar de esporte número dois do país.


Uma semana depois da NBA ter mostrado ao mundo de como se deve agir, no caso da briga envolvendo jogadores do Detroit e Indiana, aqui no basquete tupiniquim veio a confirmação, ou melhor, o pior golpe que o basquete feminino sofreu em toda a sua história: um verdadeiro nocaute. Sem patrocínio, sem dinheiro e amparo da Federação do Rio e da Confederação Brasileira, a equipe tampão do Iate Clube de Rio das Ostras, do Rio, deixa o Campeonato Nacional.


A confirmação da notícia não me surpreende em hipótese alguma. Afinal, sabemos perfeitamente como a tal equipe chegou ao campeonato para tampar buraco. Afinal de contas seria ridículo para a incompetência da CBB lançar um campeonato com apenas sete equipes. Todo mundo sabe que com número impar, uma equipe iria folgar em cada rodada.


Sem estrutura, sem patrocínio e calçado apenas na "palavra", o Iate Clube de Rio das Ostras entrou. E o ridículo ficou ainda maior. Apenas uma vítima do sistema que envolve toda a estrutura do basquete nacional, a culpa passou ser da desconhecida Kátia Meschese, responsável pela equipe. Não, não, não minha gente, mil vezes não. Ela não é a principal culpada. Culpados sim, são aqueles que empurram o basquete com a barriga e não analisam nada para aceitar o pedido de uma filiação ou até participação em um Campeonato Nacional, como é o caso do time feminino com Rio das Ostras.


Mesmo com todo meu otimismo, acho que o fim do poço é onde se encontra o basquete campeão mundial, duas medalhas olímpicas, que já teve fenomenais como Maria Helena, Heleninha, Laís, Norminha, Marlene, Hortência e Paula, e depois de tantas glórias. Até Marta Sobral, a principal pivô da história do nosso basquete, caiu no conto de Rio das Ostras, inclusive junto com Marta, o respeitado técnico Alexandre Cato, campeão nacional pelo time de Guarulhos. É lamentável.


O penúltimo ato do Rio das Ostras no Nacional: derrota para o São Caetano por 77 a 68, no ABC, no dia 14 de novembro; último ato, inicio do segundo turno, nova derrota, agora para o Juiz de Fora por 70 a 60, com Marta Sobral em quadra. Fim da novela: o jogo contra Uberaba, na última sexta-feira passada, em Rio das Ostras, Uberaba ganhou por WO.


Enquanto o basquete brasileiro for dirigido por dirigentes amadores que vivem do basquete e não vivem para o basquete, a coisa vai de mal a pior. Só um milagre salva o esporte. Pior não pode ficar mais.


De Bandeja


Uma boa notícia para quem joga basquete e muitas vezes pensa que no Brasil a justiça trabalhista não ampara o atleta. Magic Paula ganhou a ação contra a Microcamp. Juntamente com ela outras jogadoras e também o preparador físico Hermes Balbino. E a bolada foi muito grande.


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No início do mês, o assunto da coluna aqui na AOL foi o crescimento do basquete feminino na Espanha. Há bem pouco tempo, nem Liga Nacional lá tinha. Hoje, o campeonato tem 14 equipes, importa jogadoras do mundo todo, inclusive do Brasil, com Helen, Érica e a técnica Maria Helena Cardoso. Um exemplo verdadeiro. Enquanto que no Brasil...


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A exemplo de vários países na Europa e nas Américas como Porto Rico, Venezuela e Argentina, o Japão também terá em 2005 a Liga Profissional de Basquete (masculino). Inicialmente, a competição contará com seis equipes: Tóquio, Osaka, Saitama, OIta, Sendai e Niigata. Até 2.010, a pretensão é ter uma Liga com 12 times. Inicialmente, cada equipe terá um orçamento anual de US$ 2,5 milhões.


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Ai está mais um exemplo que não é seguido no Brasil. Liga Profissional se faz com profissionais, totalmente independente, sem clubes de massas - a maioria falidos - e dirigentes amadores. Ou será que, fora os favores da família Sarney com a Eletrobrás, alguém neste país é capaz de investir no basquete brasileiro? A Rede TV quem pode responder. Ao optar pelo vôlei já é quase uma resposta completa.


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O ex-técnico José Medalha continua fazendo visitas a presidentes de Federações. No ano que vem tem eleições na Confederação Brasileira e no momento, Medalha surge como único candidato de oposição. E pelo que dá para se notar, muita gente não está nada satisfeito com a atual administração do basquete nacional.

Fonte: Coluna do Juarez Araújo, na AOL


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