sábado, 25 de dezembro de 2004

Goiana nas alturas

Pivô Isis, de 21 anos e 2,02 metros de altura, é a primeira
mulher brasileira que consegue enterrar a bola na cesta

Sérgio Lessa

A Olimpíada da China, em 2008, pode ter uma goiana e uma norte-americana duelando no garrafão. É que o basquete brasileiro conheceu recentemente uma jogadora de Goiás que consegue enterrar a bola, privilégio até pouco tempo dos homens. Trata-se de Isis de Melo Nascimento, de 21 anos, que disputa o Campeonato Nacional de Basquete Feminino Adulto pelo time de Ourinhos (SP).

Com 2,02 metros, Isis é a única mulher do Brasil que consegue fazer uma enterrada. E a segunda do mundo, pois a norte-americana do Los Angeles Sparks, da WNBA, Lisa Leslie, de 32 anos e 1,96 metro, era a única do mundo a conseguir executar tal jogada.

?Eu estava treinando com meu pai e os amigos, quando ele me driblou e enterrou a bola. Ele brincou comigo e me desafiou a fazer o mesmo. Peguei a bola e enterrei. Ele não imaginava que eu pudesse fazer aquilo. Eu também confesso que na hora não acreditei?, lembra Isis, que tem basquete no sangue, pois seu pai, irmão, tio e primos são ou foram jogadores profissionais.

?No basquete, até hoje eu não vi uma jogadora que teve um crescimento no esporte tão rápido quanto a Isis?, constatou Jorge Salgueiro, mais conhecido no basquete como Jóia. O pai, que atuou no Jóquei nos áureos tempos do basquete goiano na década de 70, é 12 centímetros menor que a filha. Mas seus planos para ela são muito maiores.

?Eu falo como conhecedor do basquete e não como pai. A Isis sabe o que fazer em quadra. Ela só precisa de mais tempo para adquirir mais velocidade e elasticidade. Mas acredito que em dois ou três anos ela estará em condições de atuar na Europa ou na WNBA?, salientou Jóia.

Apesar de atualmente ser reserva no time de Ourinhos, que joga uma das semifinais do Nacional contra São Caetano, Isis concorda com o pai e pensa em figurar em breve na seleção brasileira. ?Procuro melhorar minha técnica e obter mais experiência para buscar um futuro no basquete internacional. Por enquanto estou em fase de aprendizado?, ponderou.

Atleta começou no vôlei
A goiana Isis tem uma história curiosa, pois em uma família de jogadores de basquete, ela decidiu jogar vôlei quando adolescente. A pivô não gostava de basquete por achar o contato com as adversárias um tanto violento. Ela chegou a jogar como profissional no vôlei a convite de Bernardinho, hoje técnico da seleção brasileira masculina.

?Joguei no Rexona (SC), no Macaé (RJ) e no Osasco (SP) como saída de rede. O vôlei aparecia mais, tinha mais mídia e fez com que eu me interessasse mais. Em 2002 eu cansei, enjoei do vôlei e voltei para Goiânia para fazer faculdade de administração?, lembra Isis, que começou a jogar basquete por brincadeira e hoje leva muito a sério.

A assessoria de Isis não poderia ser mais completa. Além do pai coruja, do irmão Pedro Henrique, que joga no COC/Ribeirão Preto (SP), e do primo Marcionílio, do Universo/BRB (DF), a pivô ainda conta com os conselhos da maior jogadora do Brasil na atualidade, a ala Janeth Arcain, que também atua no Ourinhos. ?Estou gostando muito da experiência de jogar basquete. Descobri o que queria, sobretudo porque recebo conselhos e ensinamentos do meu pai e da minha professora, a Janeth. Ela é muito prestativa, me ajuda dentro e fora da quadra, além de ser uma honra jogar ao lado dela.?

Fonte: O Popular

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