quarta-feira, 24 de novembro de 2004

Iate Clube fecha time masculino e sofre para se manter no Nacional

Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo

Em protesto, Fabiana não foi ao último jogo do Iate Clube no Nacional femininoO Iate Clube Rio das Ostras anunciou nesta terça-feira o encerramento das atividades da equipe masculina de basquete, que disputava o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.

O clube, único representante fluminense no Nacional feminino, ainda luta com dificuldades para manter sua equipe feminina na disputa até o final da competição.

A decisão de abandonar o Estadual masculino foi tomada depois de o Flamengo rejeitar uma proposta de parceria elaborada para tentar salvar o time do litoral norte, que ficou sem dinheiro para manter suas atividades após ver fracassadas todas as negociações com possíveis patrocinadores.

"O Márcio Braga não aceitou fazer a parceria, e o time acabou. Vamos todos para casa. Todos desempregados, endividados e muito tristes", lamentou o técnico Miguel Palmier.

Com isso, a partida entre Iate Clube Rio das Ostras e UFRJ, que estava marcada para as 20h30 desta terça-feira, no centro esportivo Miécimo da Silva, foi cancelada.

O superintendente da Federação de Basquete do Estado do Rio de Janeiro (FBERJ), Guilherme Kroll, confirmou a desistência da equipe.

"Está confirmado, Rio das Ostras deixou o campeonato. Ainda temos que consultar o departamento jurídico, mas provavelmente todos os jogos da equipe serão considerados vitórias dos adversários, por 20 a 0, para que ninguém seja prejudicado na competição", afirmou o dirigente.

O problema do clube começou quando a idealizadora do projeto do basquete na cidade, Kátia Meschese, não cumpriu os compromissos assumidos no início da temporada.

Alegando ter propostas de patrocínio de grandes empresas, Kátia convidou jogadores e profissionais para trabalhar em Rio das Ostras.

"Ela nos fez o convite para vir até aqui falando que tinha dinheiro de grandes empresas. Disse que era um projeto a longo prazo. Mas aos poucos tudo isso foi caindo. Quando ela não pagou o primeiro restaurante em que comíamos, começamos a desconfiar", contou Palmier.

A empresária não conseguiu concretizar nenhuma das negociações que afirmava conduzir, o que acabou inviabilizando a sobrevivência da equipe. Os integrantes da equipe masculina não recebem salários desde o início de outubro. Pior que isso, precisaram de favores de comerciantes e empresários locais para sobreviver nesses dias.

"Foram 4 ou 5 restaurantes e 3 ou 4 pousadas lesadas, além da gente aqui que está sem receber. Fomos humilhados aqui, sobrevivemos pedindo favor para termos onde dormir e o que comer", disse o treinador.

Kátia Marchese prestou depoimento na polícia na última segunda-feira e vai responder a um processo na Justiça movido pelo Iate Clube e pelo proprietário de um dos hotéis em que os jogadores ficaram hospedados.

Flamengo pula fora

Na tentativa de evitar o fim da equipe, dirigentes do Iate Clube de Rio das Ostras e da FBERJ buscaram uma parceria com o Flamengo.

A idéia era que o clube rubro-negro assumisse o "patrocínio" da equipe e voltasse a disputar o Estadual, do qual é o atual campeão.

Envolvido com a crise do futebol, que luta para se manter na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, o Flamengo não aceitou a parceria.

"O presidente Márcio Braga não pode ficar pensando em basquete agora. O Flamengo não vive de basquete, vive de futebol, agora tem mais é que se preocupar em salvar o time da segunda divisão", comentou Palmier.

Feminino na corda bamba

Segundo Kroll, o esforço agora é para manter a equipe feminina em atividade até o final da primeira fase do Nacional, previsto para o dia 12 de dezembro.

O Iate Clube de Rio das Ostras é o lanterna da competição, com uma vitória e sete derrotas, e não deve se classificar para os playoffs.

"Rio das Ostras está reunida para salvar o feminino, que vai continuar no Campeonato Nacional até o fim", disse o dirigente. As jogadoras, entre elas a pivô Marta Sobral, medalhista olímpica com a seleção brasileira, também têm salários atrasados.

Em protesto, três delas - Edjane , Renata e Fabiana - não viajaram para a última partida, contra Juiz de Fora, no domingo. "Vou tentar fazer com que o prefeito eleito segure a parte de alimentação e o hotel para os seis jogos que restam", disse Kroll.

Fonte: UOL

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