Basquete: guerra contra Grego
São Paulo - Há sete anos no comando da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Nicolas Bozikis, o Grego, de 61 anos, não pensa em largar o cargo tão cedo. Já se articula para se reeleger na eleição que será em maio. Mas terá de enfrentar uma forte oposição pela frente: José Medalha, ex-técnico da Seleção Brasileira masculina que foi à Barcelona em 1992 -, que pode se fortalecer ainda mais com o apoio de dois dirigentes: Nelson Maués, presidente da Federação de Basquete do Pará, e Adelson Julião, do Ceará.
"A oposição não me assusta, estou confiante porque conto com a maioria dos presidentes das federações (são 27)", diz Grego. Julião rebate: "Essa é a opinião dele, não acho que a maioria esteja com ele desta vez."
Maués procura uma "composição de força" para montar uma chapa e ganhar essa eleição. "Aqui no Norte e Nordeste todos estão insatisfeitos com a atual gestão. Se não me candidatar, penso em outros nomes como o Julião e até em me unir ao Medalha para montar uma chapa. Tudo pelo bem do basquete."
Julião não pensa em se candidatar. "A não ser que apareça um mecenas para me patrocinar", brincou o dirigente, que também luta pela renovação da CBB e cobra mais atenção para o seu Estado: "As categorias masculina e feminina adultas foram abanonadas aqui no Ceará."
As queixas não param por aí. Maués cita o ‘amadorismo’ do presidente e a falta de transparência administrativa - esse último item foi enfatizado por Medalha: "Não há nenhuma posição clara sobre orçamentos, sobre projetos a longo prazo. A atual gestão é arcaica, se a gente não fizer um movimento nada vai mudar."
Além disso, "o Grego não aceita a opinião de ninguém e persegue as pessoas que não seguem a cartilha dele", acrescenta Maués, que uma vez encaminhou um carta ao Grego pedindo modificações no estatuto. Não adiantou. "A única vez que ele se reuniu com os dirigentes para alterar o estatuto foi para antecipar a sua eleição na última votação."
SITE - No início de novembro, Grego foi à Roraima para uma reunião técnica, mas segundo Maués apenas o presidente da Federação local apareceu. "Há muitos anos que não há cursos para técnicos e árbitros aqui no Pará e os campeonatos não têm nível técnico. Os placares dos jogos beiram o ridículo."
Nada disso parece incomodar Grego, que não quer abandonar o cargo por entender que ainda tem muito a fazer pelo basquete brasileiro - mesmo que em sua gestão a Seleção masculina não tenha ido a duas Olimpíadas consecutivas.
"Todos me cobram por isso, mas a verdade é que a culpa não foi minha nem dos jogadores. Ora, não se forma uma seleção em menos de oito anos. As pessoas não podem usar isso como plataforma para oposição", afirma Grego.
Mas a oposição já faz barulho na Internet. Medalha criou um site com o Movimento "Muda CBB", no qual apresenta "projetos transparentes para salvar o basquete nacional". O endereço é www.mudacbb.com.br.
Se for reeleito, ele promete construir um Centro de Treinamento, preparar as categorias de base para campeonatos sul-americanos e realizar 24 clínicas para qualificação dos técnicos em todo o Brasil. Formado em Educação Física e em Administração do esporte, Medalha aposta em sua capacidade de gerenciamento para popularizar a modalidade.
"Para o bem do basquete, ele (Grego) deve renunciar. Não é nada pessoal, mas ele foi o único dirigente que não conseguiu em oito anos classificar a Seleção para duas Olimpíadas. Precisamos de renovação. Não sou o salvador da pátria, mas tenho projetos sérios que foram elaborados com toda a experiência que tenho de bastidores.
Na atual gestão, não há projetos para desenvolver talentos, convênios com clubes estrangeiros, não há nada. Nem mesmo interesse público pelos nosso jogadores, com exceção daqueles que estão na NBA." Grego quer mais times em Pequim
O êxodo dos cinco brasileiros para a NBA (Nenê, Leandrinho, Alex, Varejão e Baby) é o maior orgulho de Grego. "Todos vieram da nossa base, dos nossos campeonatos. Isso mostra que temos basquete de qualidade e se não fomos à Olimpíada é porque os outros países estão crescendo", acredita, ao referir-se ao fato de que 212 países estão inscritos na Federação Internacional de Basquete e apenas 12 têm o direito à vaga olímpica.
"Outros 200 países não foram a Atenas, isso significa que eles são ruins, estão em crise? Não há crise nenhuma no basquete brasileiro e o Brasil vai conseguir vaga para Pequim/2008."
A solução para que a Seleção Masculina volte a disputar uma Olimpíada não será buscada por Grego, se reeleito, investindo nas categorias de base ou no fortalecimento dos campeonatos internos. "Vou batalhar na Fiba por mais quatro vagas para a próxima Olimpíada. São 12 e espero aumentar para 16", promete.
Medalha aposta em projetos voltados à categoria de base. "Quero criar pólos regionais de desenvolvimento de talentos com a participação das federações e desenvolver projetos em escolas e universidades para a popularização do esporte."
Glenda Carqueijo
São Paulo - Há sete anos no comando da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Nicolas Bozikis, o Grego, de 61 anos, não pensa em largar o cargo tão cedo. Já se articula para se reeleger na eleição que será em maio. Mas terá de enfrentar uma forte oposição pela frente: José Medalha, ex-técnico da Seleção Brasileira masculina que foi à Barcelona em 1992 -, que pode se fortalecer ainda mais com o apoio de dois dirigentes: Nelson Maués, presidente da Federação de Basquete do Pará, e Adelson Julião, do Ceará.
"A oposição não me assusta, estou confiante porque conto com a maioria dos presidentes das federações (são 27)", diz Grego. Julião rebate: "Essa é a opinião dele, não acho que a maioria esteja com ele desta vez."
Maués procura uma "composição de força" para montar uma chapa e ganhar essa eleição. "Aqui no Norte e Nordeste todos estão insatisfeitos com a atual gestão. Se não me candidatar, penso em outros nomes como o Julião e até em me unir ao Medalha para montar uma chapa. Tudo pelo bem do basquete."
Julião não pensa em se candidatar. "A não ser que apareça um mecenas para me patrocinar", brincou o dirigente, que também luta pela renovação da CBB e cobra mais atenção para o seu Estado: "As categorias masculina e feminina adultas foram abanonadas aqui no Ceará."
As queixas não param por aí. Maués cita o ‘amadorismo’ do presidente e a falta de transparência administrativa - esse último item foi enfatizado por Medalha: "Não há nenhuma posição clara sobre orçamentos, sobre projetos a longo prazo. A atual gestão é arcaica, se a gente não fizer um movimento nada vai mudar."
Além disso, "o Grego não aceita a opinião de ninguém e persegue as pessoas que não seguem a cartilha dele", acrescenta Maués, que uma vez encaminhou um carta ao Grego pedindo modificações no estatuto. Não adiantou. "A única vez que ele se reuniu com os dirigentes para alterar o estatuto foi para antecipar a sua eleição na última votação."
SITE - No início de novembro, Grego foi à Roraima para uma reunião técnica, mas segundo Maués apenas o presidente da Federação local apareceu. "Há muitos anos que não há cursos para técnicos e árbitros aqui no Pará e os campeonatos não têm nível técnico. Os placares dos jogos beiram o ridículo."
Nada disso parece incomodar Grego, que não quer abandonar o cargo por entender que ainda tem muito a fazer pelo basquete brasileiro - mesmo que em sua gestão a Seleção masculina não tenha ido a duas Olimpíadas consecutivas.
"Todos me cobram por isso, mas a verdade é que a culpa não foi minha nem dos jogadores. Ora, não se forma uma seleção em menos de oito anos. As pessoas não podem usar isso como plataforma para oposição", afirma Grego.
Mas a oposição já faz barulho na Internet. Medalha criou um site com o Movimento "Muda CBB", no qual apresenta "projetos transparentes para salvar o basquete nacional". O endereço é www.mudacbb.com.br.
Se for reeleito, ele promete construir um Centro de Treinamento, preparar as categorias de base para campeonatos sul-americanos e realizar 24 clínicas para qualificação dos técnicos em todo o Brasil. Formado em Educação Física e em Administração do esporte, Medalha aposta em sua capacidade de gerenciamento para popularizar a modalidade.
"Para o bem do basquete, ele (Grego) deve renunciar. Não é nada pessoal, mas ele foi o único dirigente que não conseguiu em oito anos classificar a Seleção para duas Olimpíadas. Precisamos de renovação. Não sou o salvador da pátria, mas tenho projetos sérios que foram elaborados com toda a experiência que tenho de bastidores.
Na atual gestão, não há projetos para desenvolver talentos, convênios com clubes estrangeiros, não há nada. Nem mesmo interesse público pelos nosso jogadores, com exceção daqueles que estão na NBA." Grego quer mais times em Pequim
O êxodo dos cinco brasileiros para a NBA (Nenê, Leandrinho, Alex, Varejão e Baby) é o maior orgulho de Grego. "Todos vieram da nossa base, dos nossos campeonatos. Isso mostra que temos basquete de qualidade e se não fomos à Olimpíada é porque os outros países estão crescendo", acredita, ao referir-se ao fato de que 212 países estão inscritos na Federação Internacional de Basquete e apenas 12 têm o direito à vaga olímpica.
"Outros 200 países não foram a Atenas, isso significa que eles são ruins, estão em crise? Não há crise nenhuma no basquete brasileiro e o Brasil vai conseguir vaga para Pequim/2008."
A solução para que a Seleção Masculina volte a disputar uma Olimpíada não será buscada por Grego, se reeleito, investindo nas categorias de base ou no fortalecimento dos campeonatos internos. "Vou batalhar na Fiba por mais quatro vagas para a próxima Olimpíada. São 12 e espero aumentar para 16", promete.
Medalha aposta em projetos voltados à categoria de base. "Quero criar pólos regionais de desenvolvimento de talentos com a participação das federações e desenvolver projetos em escolas e universidades para a popularização do esporte."
Glenda Carqueijo
Fonte: O Estado de São Paulo
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