sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Bassul espera que Lei de Incentivo ao esporte amador seja aprovada


Americana - Disputando a Liga Mundial de Clubes de Basquete Feminino na Rússia, o técnico Paulo Bassul, da ADCF Unimed/Americana e da seleção brasileira, está podendo observar a significativa diferença entre os orçamentos da equipe que representa o Brasil e as demais, principalmente o VBM Volgaburmash, da Rússia, atual campeão do mundo, que tem verba anual em torno de US$ 3 milhões.

Decepcionado com o recuo do presidente Luís Inácio Lula da Silva no compromisso assumido de aprovar a Lei de Incentivo Fiscal ao esporte amador, Bassul fez a seguinte manifestação sobre o assunto:

"Investir exclusivamente na base com dotação orçamentária é demagogia e não combina com a imagem de seriedade que este Governo está conquistando. Qualquer um sabe que o que estimula uma criança a procurar as escolinhas de esporte são as equipes de ponta e, infelizmente, estamos vendo nossos ídolos indo embora para o exterior.

Corremos o risco de ver atletas cada vez mais jovens irem para o exterior, se naturalizarem por outros países e competirem contra o Brasil - que tipo de proposta é essa que pretende aumentar o investimento em formação e continuar deixando as equipes sem condição de absorver os talentos que surgirem? Estou incomodado por assistir nossos jovens crescerem sonhando em ter uma chance de ir jogar no exterior ao invés de desenvolver o sentimento de brasilidade que é uma das coisas mais bonitas que o esporte pode propiciar. Será que ninguém percebe que o custo social disto é altíssimo?

Gostaria de conhecer algum argumento racional para a não aprovação desta lei, porque até agora só tenho ouvido absurdos.

No aspecto legal, se é possível ter uma lei para a cultura, também é factível uma equivalente para o esporte. Caso o argumento seja econômico, nos países desenvolvidos já se provou que a economia que se tem com a diminuição dos custos com saúde pública compensa de longe qualquer investimento no esporte - o Governo estaria dando com uma mão e pegando de volta com a outra. Se for "lobby" do pessoal da cultura, preocupado porque o esporte dá muito mais visibilidade para as empresas e isso diminuiria drasticamente o investimento para eles, é só fazer alguma espécie de "amarração", pela qual para cada real investido no esporte a empresa colocaria um equivalente em eventos culturais - o esporte estaria "ajudando" a cultura a captar recursos.

O que existe no fundo é falta de vontade política e uma grande distorção cultural no enfoque que é dado ao esporte de competição. Não precisa muito para que o esporte brasileiro dê um salto de qualidade, basta ver o que a Lei Agnelo-Piva fez pelas confederações. Elas estavam falidas e conseguiram equilibrar suas contas e investir em equipamento e treinamento adequado refletindo num aumento no número de medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos.

Para que tenhamos uma política esportiva satisfatória, precisamos urgentemente de alguma lei que faça os recursos chegarem também aos clubes. Gostaria que todos aqueles que têm bom senso e força política para insistir na implementação imediata desta Lei, o façam porque o esporte amador está sendo sucateado no País e isso sim trará um alto custo para a sociedade."


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