domingo, 4 de julho de 2004

O Jogo de Ontem

"A Alegria ainda não venceu o Medo"




Pra mim, o jogo de ontem foi assim: uma alegria medroooooooosa.

Ou quem sabe um medo alegre?

Explico.

Realmente foi um final de semana como não se via há tempos para o basquete feminino. Divulgação extensa no Globo Esporte, com várias reportagens. Janeth e Érika apresentando um trecho. Ginásio lotadíssimo, com presenças ilustres na primeira fila (Zélia Duncan, Cláudia Jimenez e Adriana Behar). Transmissão correta pela Globo, com Cléber Machado, um discreto Miguel Ângelo e um bom trabalho de reportagens de Régis Resing. Mais tarde, chamada no Jornal Nacional.

Mas e a seleção?

Aí que entra o medo.

Comecemos pelo resultado final: 77-76, em casa.

Só para efeito de comparação, as americanas que nós achamos que podemos bater (até o Barbosa acha) também jogaram amistosos contra as cubanas hé menos de 2 meses.

Quer saber os placares?

Quer mesmo?

73-37
97-51
82-48

E os amistosos ainda foram em Cuba...

Helen está muito bem. Segura, aplicada, afiadíssima nos lances de 3 pontos. Mas faltou aquele brilho que ela, como grande armadora, tem a obrigação de mostrar. O brilho de quem põe a casa em ordem nos piores momentos, de quem põe a bola embaixo do braço e dita o rumo do jogo. Foi a cestinha do jogo (16 pontos), mas não ofereceu nenhuma assistência. Sintomático, não?

A seleção persiste sem uma cara. Sem padrão.

E um time sem cara não tem estabilidade. Porque os resultados estão relacionados às individualidade, a teimosias, ao risco. Não à inteligência, ao raciocínio e ao trabalho coletivo.

Com certeza, também não é Adrianinha, menos experiente que Helen, que vai imprimir a cara. Assistiu mais (4 vezes), mas a velocidade às vezes teima em superar a inteligência no seu jogo (5 pontos).

A combinação das duas é interessante. Torna o time mais ágil, mas ainda há estranhamento nessa combinação.

Nas laterais, Iziane é uma grata surpresa. Esbanja segurança e determinação, incomuns para os seus 22 anos, e mesmo quando suas bolas não caem. Vez ou outra, faíscas de genialidade pura iluminam seu jogo. Falta acertar ainda as finalizações (15 pontos), mas a ala é eficiente na defesa (3 recuperações) e seu jogo evoluiu na solidariedade (3 assistências). No quarto quarto, Iziane esteve impossível.

Janeth não esteve num bom dia. Tá certo que foi bem marcada, mas ainda assim a pontaria não estava boa. (14 pontos, 4 rebotes, 3 recuperações, 3 assistências). Mas salvou o jogo. Era só o que nos faltava: perder pras cubanas, no Tijuca, ao vivo, para a TV Globo....

Leila ainda precisa de uns ajustes. No jogo, funcionou sua tradicional bandejinha (4 pontos) e seu talento natural para os rebotes (5). Mas num momento crucial, ela quis matar nossa saudade da mana Marta e sapecou um desnecessário chute de três.

Taí mais um exemplo de time sem-cara.

Jogar basquete não é pegar a bola, levar até o garrafão e repetir a exaustão: passe pras pivôs, individualidade das alas ou arremesso de três das armadoras.

Com esse repertório, não chegaremos a lugar algum.

Nos pivôs, Alessandra e Cíntia são uma dupla que se acerta nas diferenças. Alessandra esteve bem, parece que vai continuar a ser peça fundamental na seleção (11 pontos, 8 rebotes). A insistência no mau aproveitamento de lances livres, no entanto, mancha seu jogo.

Cíntia continua eficaz (6 pontos, 6 rebotes e 2 tocos). Precisa ser trabalhada pelo técnico para ser mais utilizada no ataque, para não sobrecarregar as demais e também por ter um excelente aproveitamento à média distância.

Kelly já é mais dedicada ao ataque, insistindo em ganchos (6 pontos, 2 rebotes e 1 toco). Foi uma boa opção no revezamento.

Agora o que ninguém entende é Érika não ter sido utilizada. Não dá pra entender. Érika é atleta com capacidade de ser até titular. Fez estragos por onde passou. É pivô com capacidade de decidir jogo, de marcar bem adversárias.... Não dá pra entender. Dá medo! Muito Medo.

Por outro lado, Êga desfrutou de generosos 13 minutos e esteve bem, dentro de suas características.

Lílian e Vívian também não jogaram.

Zaine, Karla e Silvinha ficaram de fora.

Barbosa ao menos foi um pouco mais ousado nas substituições. Mas errou ao não usar Érika. Precisa dar mais ênfase ao repertório de ataque do time.

E a pergunta que não quer calar: "Quem Matou Lineu....ops, digo, "Onde estava a Laís Elena?"

Tá certo que é só a primeira partida, mas qualquer equipe (até as de fim-de-semana) tem que estar mais atenta, saber sair de uma marcação-pressão, estar atenta aos destaques do time adversário (Como é que me deixam a Soria fazer 33 pontos???).

Enfim, expero que nos próximos jogos, os ginásios continuem lotados, mas que, dentro de quadra, a seleção mostre um basquete mais consistente, solidário e inteligente.



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