terça-feira, 25 de maio de 2004

Pré olímpico de Cingapura 1988 - parte 2: as esperanças eram grandes, mas a chinesa também!





Não havia dúvidas das dificuldades que Hortência & cia teriam para conseguir classificação para a segunda fase do pré-olímpico de Cingapura. A sorte não estava conosco na hora do sorteio dos grupos; Brasil, China e União Soviética para duas vagas seria, de fato, uma briga quase equivalente a disputa de uma medalha olímpica. A péssima participação de nossa seleção no mundial de 1986 (penúltima colocação) porém, foi um dos critérios utilizados para distribuição das equipes.

Na estréia, contra a então fraca seleção espanhola (que só viria a se tornar uma força na modalidade na preparação para Barcelona 1992 quando montou uma seleção permanente patrocinada pelo Banco Exterior da Espanha), um placar dilatado (82 x 65) nos dava mais esperanças para o grande desafio diante das Soviéticas na 3ª rodada.





O jogo contra a URSS foi o que se esperava. Num intervalo de 15 anos as soviéticas só tinham perdido 2 partidas para os EUA (finais do Goodwill Games e Mundial de 1986), e contra o Brasil, jamais elas deixaram de vencer. A partida começou equilibrada e, enquanto estávamos com o time titular (Paula, Hortência, Vânia Teixeira, Marta e Ruth) a diferença manteve-se sob controle, e chegamos a liderar o placar por 24 x 21 a 7 minutos do fim do 1º tempo. Mas a partir daí, a boa marcação russa aliada ao cansaço fez com que a diferença aumentasse terminando a primeira etapa com o placar estampando liderança vermelha por 37 x 28.

O segundo tempo foi marcado pela boa atuação da então "novata" Natália Zassoulskaya. Além disso, Paula, com dores no seu joelho (problema que acompanhou nossa estrela por uma fase de sua carreira), fez com que não tivéssemos reação, ocasionando nossa primeira derrota no torneio pelo placar de 79 x 64.





Tudo ficou para a última rodada. A China também tinha perdido para a União Soviética, mas dependia, assim como nós, de uma vitória simples no confronto conosco. Manhã de sexta feira, e nossas meninas começaram arrasando as chinesas com velocidade nos contra ataques, aplicando rapidamente o placar de 21 x 12. Mas, assim como contra o time de Zassoulskaya, pacientemente, com excelente atuação da sensação do torneio Zengh Haixa, e com uma marcação bem feita, além do desgaste de nossas titulares, a China virou o jogo, vencendo a partida também por 15 pontos de diferença (92 x 77), apesar das inúmeras tentativas da nossa Branca em bolas de 3 pontos.

Era o fim do nosso sonho, pelo menos por enquanto.

O que mais doía porém era ver as seleções que haviam passado para a segunda fase: Polônia, Itália, Bulgária, Australia...seleções perfeitamente batíveis por nossas meninas. Entretanto, não conseguimos a oportunidade para comprovar nossa superioridade e talento.

O prazer de ver a Brasil num torneio olímpico de basquete feminino estava adiado para Barcelona 1992, quando em um torneio pré-olímpico emocionante, inesquecível, mas não menos sofrido, finalmente carimbamos nosso passaporte. Mas isso é assunto para outra matéria, que lembrará também esses momentos.

Segue em anexo,uma reportagem da então revista esportiva "Saque", que fala da nossa campanha em Cingapura, além de uma tabela com os scores de todos os jogos daquele torneio para que possamos guardar como uma relíquea da época romântica do nosso basquete feminino.

Meninas daquela seleção...saudades de vocês...









E aqui, todos os scores




Basqueteiros de plantão, se liguem...

Faltam 80 dias para Atenas 2004

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