quarta-feira, 12 de maio de 2004

A última grande emoção olímpica




Jogo eletrizante...simplesmente daqueles que nos deixa acordados em plena madrugada, gélidos, sem piscar.

Brasil e Russia fizeram a mais emocionante partida das quartas de final das Olimpíadas de Sydney em 2000.

Vindo de 3 derrotas da 1ª fase (contra Canadá, França e Australia), o Brasil cruzava justamente com uma das favoritas ao pódium olímpico. Com Adriana Santos pela primeira vez no time titular, o time começou com agressividade mantendo-se sempre próximo ao adversário no placar.

A agressividade foi tanta que, para nosso desespero, Janeth logo cometeu 4 faltas e passou boa parte do jogo no banco. E o pior, quando voltou, perto do final, com a partida parelha, numa disputa de bola cometeu a 5ª falta e foi eliminada.

Haja coração...últimos segundos, Russia na frente por 1 ponto. Tempo pedido..."ai meu Deus, o que o Barbosa vai fazer? Quem vai decidir a bola final?" eram as perguntas que todos nós fazíamos.

1,4 segundos para o fim, bola para Alessandra que, desengonçada como sempre, mas eficientíssima, partiu para a tabela, jogou a bola para cima...e Deus fez uma ponte aérea...cesta!

Nem a invasão desesperada do velho Barba impediu que ganhássemos aquele jogo e guardassemos aquele momento como o mais glorioso e emocionante do basquete feminino nas Olimpíadas de 2000.


Segue a reportagem da folha de São Paulo que fala a respeito dessa grande vitória.

Brasil derrota a Rússia e está nas semifinais
04h26 - 27/09/2000

Da Redação
Em São Paulo

O Brasil derrotou a Rússia por 68 a 67 nesta quinta-feira e se classificou para as semifinais do torneio feminino. O adversário será a Austrália, que joga em casa. Na fase de classificação, o time australiano venceu o Brasil por uma diferença de 11 pontos.

Depois de perder três vezes em cinco jogos na fase de classificação, o Brasil conseguiu vencer. O triunfo foi emocionante, com uma cesta de Alessandra marcada a 1,4 segundos do final do jogo.

A Rússia começou apostando nos tiros de três. Doze dos primeiros 15 pontos russos foram marcados dessa forma. O Brasil apostava mais nas infiltrações. Adriana e Helen fizeram tentativas de três pontos, mas acertaram apenas uma.

Os dois times erraram bastante, mas não aproveitaram os erros adversários para abrir, e o jogo continuou parelho (17 a 15 para a Rússia). Quando o time russo acertou outra bola de três e o brasileiro perdeu um ataque, o técnico Antônio Carlos Barbosa pediu tempo.

Na volta, Janeth sofreu falta e converteu os dois lances livre. No entanto, mais uma cesta de três pontos do time russo colocou a vantagem em sete pontos. Janeth, então, começou a jogar. Com duas cestas seguidas, colocou o Brasil apenas três pontos atrás.

As russas colocaram mais uma bola de três pontos, aumentando a vantagem para seis. Jogando com consistência, a equipe da Rússia abriu nove pontos de vantagem (30 a 21).

Com a entrada de Marta, o Brasil melhorou no jogo, empatando a partida em 32 a 32. O jogo seguiu equilibrado. A armadora Claudinha foi outra que entrou bem. Em seus três primeiros minutos em quadra, roubou duas bolas.

O Brasil estava bem em quadra, e o primeiro tempo terminou com a Rússia liderando por um ponto (39 a 38). O fato preocupante era que a ala Janeth, de longe a melhor jogadora do Brasil, já estava com quatro faltas, portanto a uma da eliminação da partida.

Por conta disso, Marta voltou ao segundo tempo jogando como ala. Preocupado com o alto percentual de acerto no tiro de três pontos do time russo, o técnico Barbosa mudou a marcação brasileira do individual para zona.

O jogo se manteve equilibrado. As duas defesas marcavam bastante, forçando os arremessos de fora. No entanto, o time russo possuía um padrão de jogo maior, trabalhando a bola com paciência até o momento do chute. Assim, abriu cinco pontos (54 a 49). Janeth continuava no banco, sendo poupada para o final da partida.

O Brasil passou a jogar bem, ao mesmo tempo em que a Rússia começou a errar seus arremessos. Com o time alto, a seleção dominou os rebotes e conseguiu fazer algumas cestas e passar à frente (56 a 54).

Com a melhora, Barbosa ordenou que o time voltasse à marcação por zona, abrindo novamente para os arremessos longos. Por sorte, a grande pontaria que a Rússia mostrou no primeiro tempo havia sumido no segundo.

A sete minutos do final do jogo, Janeth voltou para a partida, já dando uma grande assistência para a cesta de Alessandra. O Brasil abria quatro pontos de vantagem. No entanto, apenas dois minutos depois de ter voltado ao time, Janeth cometeu uma falta no ataque e foi excluída da partida.

Então, o Brasil perdeu seu equilíbrio, e permitiu a virada russa, que passou à frente por três ponto (67 a 64). A menos de dois minutos do final, Alessandra perdeu uma bandeja. O rebote foi brasileiro, e Cíntia fez bela cesta, reduzindo a vantagem para um ponto.

O time russo perdeu o ataque, e o Brasil estava um ponto atrás, a 35 segundos do fim. Marta tentou um arremesso, mas errou. Para a sorte brasileira, as russas se atrapalharam e perderam a posse de bola.

A menos de 15 segundos, o Brasil tinha a bola, mas precisava de uma cesta. Depois de trabalhar bastante a bola, Helen passou a bola para Alessandra, que acertou a bandeija mesmo sendo marcada por duas pivôs. Cesta e vitória brasileira.


Recordar é viver...preparem o coração...

FALTAM 93 DIAS PARA ATENAS 2004

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