terça-feira, 27 de abril de 2004

Prefeito Barbosinha - Segundo Capítulo

Em qualquer país sério, Barbosa já teria sido chamado pela Confederação responsável para se explicar pela sua mais nova intenção: virar prefeito.

Imaginem se o Van Chancellor, por exemplo, decide se candidatar a governador de Houston? A Usa Basketball mandava ele plantar fava.

Depois da divulgação do fato aqui no blog, matérias sobre o mesmo assunto preencheram espaço de grandes jornais de hoje, incluindo a Folha, em São Paulo e O Dia, no Rio.

Interessante ver como o aliado de Barbosa na política tem antecedentes espantosos. Foi até parar na cadeia. E no Brasil, quando um político vai parar na cadeia,...

Mas parece que a CBB acha lindo, conforme sugere a matéria de O Dia.

Deve até patrocinar os santinhos.

E Barbosa vai ter que gravar o horário eleitoral. Quando?

No intervalo dos jogos? Na preleção?

Analisar adversários, traçar estratégias?

Não.

Acho que Barbosa só se interessará pelos adversários e estratégias políticas. Há tempos ele não se dedica a isso no basquete. Seus métodos são falidos, obsoletos. Seu comando sobre o grupo inexiste.

Torno a dizer que é incompatível e anti-ético o treinador da seleção querer acumular essas duas funções.

Fico feliz que a imprensa esteja noticiando o fato, mas quero ver mais pessoas envolvidas. Quero saber se jogadoras se sentem confortáveis em serem comandadas por um técnico que não está com a cabeça focada 100% numa competição tão importante quanto as Olimpíadas. Quero saber se a CBB será tão leviana de fechar os olhos e abençoar a candidatura de Barbosa.

Enquanto isso não acontecer e enquanto esse blog existir, eu não sossego.

É deprimente ver uma técnica como Maria Helena Cardoso se dedicando de corpo e alma a um time, sendo elogiada e disputada no exterior e aqui a gente ser obrigado a engolir qualque coisa. Tenha dó.

Segue matéria do jornal carioca O Dia.

Campanha nas Olimpíadas

Antonio Carlos Barbosa, técnico da seleção feminina de basquete, é ainda candidato à Prefeitura de Bauru, no interior de São Paulo

Marcelo Fefer


Barbosa, otimista, já começa a construir a sua plataforma de governo

Ele já foi secretário municipal de Esportes e Cultura de Bauru, de 1989 a 1992. Desde 1997, é o técnico da seleção brasileira feminina de basquete. E a partir de janeiro de 2005, pode ser o prefeito de Bauru. Esse, pelo menos, é o plano traçado para o treinador Antonio Carlos Barbosa pela coligação formada por PHS, PRTB, PTdoB, PTN, PSL e PDC. Barbosa, que tem como mentor político o ex-prefeito Antonio Izzo Filho (acusado de formação de quadrilha e de ter promovido atentados contra vereadores) já deu o sinal verde para que seu nome posso ser homologado na convenção partidária, mas frisou que só fará campanha de corpo presente a partir de 30 de agosto, um dia após o fim dos Jogos Olímpicos de Atenas.

“Eu ia sair candidato a vice-prefeito, mas a candidatura do Izzo foi inviabilizada juridicamente. Fui secretário de Esportes no mandato dele, de 1989 a 1992, e continuei apoiando-o, mesmo sem me envolver diretamente com política desde então”, conta Barbosa.

“Sempre participei da vida política de Bauru. Em 1992, por pouco não fui candidato a prefeito. Nasci aqui, minha família vive na cidade até hoje e tenho serviços prestados. Tive um tio que foi prefeito da cidade e agora colocaram meu nome como candidato. O próprio Izzo me propôs isso”, disse Barbosa, que ainda não conversou com a direção da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) sobre a possibilidade de se candidatar.

“Não conversei porque a candidatura ainda está indefinida. Temos até 30 de junho para fazer a convenção e decidir se é isso mesmo, e para viabilizar financeiramente a campanha. E não creio que vá atrapalhar o meu trabalho na Seleção. A apresentação das jogadoras está marcada para 30 de maio, mas devemos adiar em dois ou três dias pela participação do Americana no Mundial de clubes. A partir da apresentação, me dedico integralmente à Seleção, até o dia 28 de agosto, data da final da Olimpíada. Aí, sim, passarei a ser realmente candidato a prefeito de Bauru. Antes, a coligação fará a campanha sem a minha presença. O grupo que me lançou entende que não há problema quanto a isso”, explica Barbosa.

Mas como a Seleção embarcará para a Grécia no dia 29 de julho, antes de o início da propaganda política gratuita na TV e rádio, Barbosa terá de encontrar brechas na programação de treinos para gravar suas mensagens para os eleitores.


Localizada na região central de São Paulo, Bauru tem perto de 310 mil habitantes e havia 207.934 eleitores habilitados na eleição de 2002. A cidade tem intensa produção agrícola e industrial e é o pólo de comércio e serviços da região.

Filiado ao PHS, garante que não se liga em siglas e quer gerar empregos

O Partido Humanista da Solidariedade (PHS) é o responsável pelo lançamento da candidatura de Antonio Carlos Barbosa a prefeito de Bauru. O treinador conta que se filiou no ano passado, seguindo orientação de Antonio Izzo Filho.

“Eu me filiei quando o Izzo mudou para o partido, no ano passado. Sou do grupo de apoio a ele e não me ligo em siglas, até porque partido é algo muito mutável. O principal nome do PHS é o Rossi, ex-prefeito de Osasco”, disse Barbosa, referindo-se a Francisco Rossi, que é candidato a prefeito de São Paulo.


Segundo o site oficial do partido (www2.phs31.org.br), hoje a legenda conta com seis prefeitos (três em Minas Gerais, e um no Ceará, Espírito Santo e Pernambuco), 14 vice-prefeitos (incluindo dois no estado do Rio, em Araruama e Maricá) e três deputados estaduais, todos eleitos no Ceará.


Caso sua candidatura seja confirmada, Barbosa já tem as linhas gerais de sua plataforma. “Vou seguir a filosofia do Izzo, priorizando a periferia. Quero gerar empregos com obras de urbanização e implantar novos equipamentos esportivos. Depois que deixei a secretaria, nada foi feito”, disse Barbosa.


Mentor político do treinador, Izzo Filho está sendo julgado em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por formação de quadrilha e crime de incêndio pela ocorrência de atentados contra vereadores, em 1999. Izzo teve sentença pela condenação, por nove anos, em primeira instância, mas apelou ao TJ. O veredicto será anunciado na quinta-feira.


CBB diz que Barbosa terá de cumprir a programação


A CBB afirmou que Antonio Carlos Barbosa tem contrato com a entidade até o fim da Olimpíada e que ele terá de cumprir a programação da Seleção. Mas a entidade não pode impedi-lo de se candidatar.


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