quarta-feira, 12 de novembro de 2003

Érika Cristina de Souza

Aos 21 anos, a pivô Érika Cristina de Souza já conquistou títulos importantes na carreira. Em apenas 15 meses, a jogadora foi campeã da WNBA pelo Los Angeles Sparks em 2002, campeã do Nacional 2002 pelo São Paulo/Guaru, medalha de prata no Mundial Sub-21 da Croácia 2003 e medalha de ouro no Torneio Pré-Olímpico das Américas 2003. Após duas temporadas no exterior, Érika voltou ao Brasil para defender o Pão de Açúcar/Unimed/Ourinhos em busca do seu terceiro título do Campeonato Nacional Feminino.


Como você começou sua carreira?

Comecei na Vila Olímpica da Mangueira, com 15 anos, praticando vários esportes. Não gostava muito de basquete, pois achava muito masculino. O que mais gostava de fazer era jogar voleibol, mas a minha altura chamou a atenção do técnico de basquete. Quando passei a treinar mais seriamente, me apaixonei e hoje não me vejo fazendo outra coisa.

Fale um pouco sobre a sua trajetória no basquete?

Com 16 anos, fui para o BCN, em São Paulo, e com a ajuda das técnicas Maria Helena Cardoso e Heleninha, desenvolvi bastante meu potencial e comecei a participar das seleções de base, estadual e brasileira. Depois fui para o Vasco da Gama (RJ), onde fui campeã nacional, em 2001. Meu segundo título veio no ano passado, pelo São Paulo/Guaru. Na WNBA, defendi o Los Angeles Sparks, campeão da Liga em 2002. Na Europa, conquistei o campeonato húngaro pela equipe do Mizo-Pecsc.

Quais são suas características como jogadora?

Minha grande arma é o rebote. Uma característica minha é jogar sempre com alegria. Sou forte e determinada. Tenho que melhorar muito na defesa. Mas ainda sou jovem e tenho tempo e disposição para aperfeiçoar ainda mais meu jogo.

E o momento mais importante no esporte?

Este é o meu momento. Estou vivendo um sonho. Com apenas 21 anos, sou vice-campeã mundial, tenho um título da WNBA e estou na expectativa de disputar uma Olimpíada. Nunca imaginei ter tanta coisa tão jovem. Agora é trabalhar para garantir minha presença em Atenas e ser titular no Mundial de 2006, aqui no Brasil.

Nesses últimos dois anos, qual foi a evolução da pivô Érika?

A minha maior evolução foi nos arremessos de média distância e lance-livre. Outro fator que contribuiu demais para melhorar meu desempenho foi o ganho de massa muscular. Fiquei mais forte, o que me deu mais condições de brigar pelos rebotes embaixo do garrafão.

Como foi sua passagem pelo Los Angeles Sparks e pelas equipes européias?

Maravilhosas. Fui muito bem recebida nos dois países em que joguei: Estados Unidos e Hungria. O basquete brasileiro é muito bem conceituado e todos respeitaram muito o meu trabalho. Claro que no começo a adaptação é difícil. Sair de casa, conviver com gente e idiomas tão diferentes, mas valeu a pena. No Los Angeles, jogar com a Lisa Leslie foi demais. Ela é uma das melhores atletas do mundo e é de uma humildade impressionante. Ela sempre buscava orientar e aconselhar as mais jovens e essa convivência foi um aprendizado sem igual para uma jovem jogadora como eu.

Nos meses de julho a setembro, você conviveu com atletas da seleção Sub-21 e depois com as jogadoras consagradas como Janeth, Helen e Alessandra. Como foi essa experiência para você?

Foi muito legal. Na seleção Sub-21 pude passar um pouco da minha experiência, buscar tranqüilidade nos momentos de decisão, como Janeth, Helen e Alessandra fizeram comigo e a Iziane no Mundial da China, em 2002. A Alessandra é um dos meus ídolos no basquete e tenho muito orgulho em jogar com ela. É engraçado estar ainda na fase de bajular os atletas que admiro e também ser tratada como ídolo. Quando voltei da Croácia, fui visitar o Centro de Treinamento da Janeth, em Santo André. As crianças me trataram com tanto carinho e respeito que fiquei super emocionada. É a maior prova de reconhecimento do meu trabalho.

O que significa ser vice-campeã mundial?

Foi uma emoção maravilhosa, pois provamos o nosso potencial. Ninguém acreditava que chegaríamos tão longe, nem nós mesmas. Treinamos com determinação e nos unimos muito para fazer um bom trabalho. A cada vitória fomos nos dando conta da nossa capacidade e o resultado de tanta luta foi a medalha de prata. Uma conquista que vai ficar na história do basquete feminino do Brasil.

Pelo elenco e a campanha invicta até a quinta rodada, a equipe de Ourinhos pode ser apontada como favorita ao título do Nacional 2003?

O favoritismo existe sim, pois somos uma grande equipe e estamos treinando em um ritmo intenso buscando o título. Mas temos que provar nossa condição jogo a jogo. Até agora estamos conseguindo por em prática tudo que viemos treinando, mas precisamos melhorar ainda o nosso entrosamento para conseguir esse título inédito para a cidade de Ourinhos.

Fonte: CBB

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