terça-feira, 1 de abril de 2003

Crise financeira pode prejudicar planos da seleção brasileira feminina

Agência Folha
Em São Paulo

A proposta da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), de repatriamento das jogadoras que estão no exterior, pode não aliviar em nada a situação da seleção feminina para o Pré-Olímpico.

Todas as atletas ouvidas pela reportagem consideraram a proposta irrisória em relação ao que ganhariam na WNBA. Algumas falam em voltar ao Brasil no caso de não conseguirem uma vaga na liga norte-americana -é o caso da ala-armadora Iziane, 21, cujo time, o Miami Sol, fechou as portas.

"Se houver proposta da WNBA, eu vou. Caso contrário, fico na seleção", diz a atleta, uma das principais revelações do Brasil nos últimos anos, que está jogando pelo Aix-en-Provence, da França.

Erika, 21, outra aposta do técnico Antonio Carlos Barbosa, também deve acertar com a liga dos EUA. A pivô do Pécs, da Hungria, tem oferta para atuar novamente pelo Los Angeles Sparks.

Outras, como a ala Janeth, principal estrela da seleção brasileira, ameaçam até não disputar o Pré-Olímpico do México, que será entre os dias 10 e 14 de setembro.

"O Grego [Gerasime Bozikis, presidente da CBB] disse que, por enquanto, não tinha proposta para mim. Ele está aguardando um patrocínio. Devo acertar com o Houston Comets até semana que vem. Tudo isso põe em dúvida se vou participar ou não do Pré-Olímpico'', afirma Janeth.

Em janeiro, o dirigente afirmara que conseguiria um patrocínio para viabilizar a volta das atletas. Mesmo as jogadoras que receberam oferta do presidente da CBB não ficaram satisfeitas.

"A proposta da WNBA é muito melhor. Conquistei um espaço no Washington Mystics que é difícil de conseguir. Será uma decisão difícil", afirma Helen, que joga no Filtros Mann, da Espanha.

Uma atleta de seleção que atua na Europa ganha entre US$ 6.000 e US$ 10 mil. A CBB ofereceu cerca de R$ 6.000. Na WNBA, os salários são maiores. Mas, mesmo para quem descartou a liga americana, há acertos mais vantajosos.

"A Alessandra vai jogar na Coréia do Sul quando encerrar a liga húngara", conta Luis Martin, da Martin & Maffia Sports, empresa que cuida dos interesses da pivô.

Cíntia, Kelly e Adrianinha, as outras brasileiras empresariadas pela Martin & Maffia, devem seguir para a WNBA. A situação mais complicada é a de Cíntia, cuja equipe, o Orlando Miracle, acabou. "Mas ela terá propostas de outros times', afirma Martin.

Aposentadoria
Não bastasse isso, o técnico Barbosa não contará mais, no México, com duas jogadoras com muita experiência na seleção. A ala-armadora Claudinha, 28, e a ala Adriana, 32, revelaram que não mais atuarão pelo Brasil.

As duas anunciaram a decisão à CBB após o Mundial da China, no ano passado, quando o Brasil ficou com a sétima colocação.

"Já estava pensando nisso há algum tempo. Quero dar oportunidade a jogadoras mais novas, com mais garra para servir ao Brasil. Já realizei o meu sonho na seleção que era conquistar uma medalha na Olimpíada [o bronze nos Jogos de Sydney-2000]", conta Claudinha, que atua no Montpellier, da França, ao lado de Adriana.

"Estou na seleção há 11 anos, mas na hora em que tem que jogar, eu não jogo. Por isso, prefiro dar lugar a outras atletas. Mas foi uma decisão difícil de tomar", afirma Adriana, que foi campeã mundial com o Brasil em 1994.

Nenhum comentário: