quinta-feira, 20 de março de 2003

Miséria

BASQUETE

Nenhuma das seis equipes têm atletas que disputaram o Mundial-2002

Paulista feminino começa hoje enxuto e sem estrelas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nenhuma jogadora que esteve em ação no Mundial da China, no ano passado, estará em quadra no Paulista feminino, que começa hoje com três partidas.
Pelo segundo ano consecutivo, a competição ficará esvaziada. Apenas seis clubes -Unimed/Americana, Unimed/Ourinhos, São Paulo-Guaru, Santo André, São Bernardo e São Caetano- irão disputar o Estadual.
O torneio terá dois turnos, com todas as equipes se enfrentando. As duas primeiras colocadas já se classificam para as semifinais. Os demais times disputam o mata-mata das quartas-de-final.
O Paulista não terá o Jundiaí, que jogou no ano passado e agora deixou o adulto para priorizar as categorias de base. Em seu lugar, o São Bernardo, sob o comando de Antonio Carlos Vendramini, volta a disputar o Estadual.
"Vamos iniciar o campeonato com um grupo meia-boca, vamos dizer assim. Nossa idéia é obter uma parceria para trazer jogadoras mais experientes", afirma Vendramini, que mantém contato com as irmãs Cíntia e Silvinha e com a pivô Maristela, que estão atuando na Espanha.
A única selecionável que estará em ação neste Estadual é Micaela, que defende o Americana. A ala, contudo, nem chegou a entrar em quadra no Mundial de 2002. Ela sofreu uma torção no tornozelo esquerdo na véspera de o Brasil estrear no torneio, contra a China.
Apesar do esvaziamento do torneio, com estrelas como Silvinha e Helen jogando no exterior e outras, como Janeth, priorizando sua participação na WNBA, os técnicos apontam um fator positivo: o espaço que poderá ser preenchido por novas atletas.
"Tem muita jogadora que atua no país que é melhor do que a maioria que está no exterior", crê Laís Elena Aranha, técnica do Santo André e assistente de Antonio Carlos Barbosa na seleção.
Para o técnico Paulo Bassul, do Americana, os clubes só terão condições de repatriar as estrelas caso haja mudanças na legislação.
"Sem uma Lei Rouanet de incentivo ao esporte e com a economia instável, os clubes não têm como investir", argumenta ele.
O Americana, que foi vice-campeão paulista e nacional em 2002, é um exemplo da dificuldade em se manter as atletas no país.
A equipe perdeu as suas duas principais jogadoras. A armadora Helen se transferiu para o Filtros Mann, e a ala Silvinha foi jogar no Ibiza, ambos da Espanha.
Sem patrocinadores fortes, os clubes não conseguem manter suas atletas. Sem jogadoras de peso, os times não atraem novos investidores. "É um círculo vicioso que temos que tentar superar. Algumas jogadoras que estão no exterior já manifestaram a intenção de voltar. É só conseguir viabilizar isso", aponta Vendramini.
Com o esvaziamento do torneio, os treinadores preferem não apontar favoritos ao título.
"Ainda é cedo para dizer quem pode ser campeão. Até o segundo turno, as equipes podem trazer jogadoras que estão no exterior e tudo mudar", analisa Bassul.
Em 2002, o Americana terminou a primeira fase invicto. Para os mata-matas, porém, o Ourinhos contratou a ala Janeth, principal jogadora da seleção brasileira. Acabou ficando com o título ao superar o time de Bassul, no mata-mata final, por 3 a 1.

O PERSONAGEM

Única da seleção no país, Micaela prepara as malas
DA REPORTAGEM LOCAL

A ala Micaela, 23, disputa o Paulista como a estrela solitária do Americana. Única atleta que esteve com o grupo brasileiro no Mundial da China, no ano passado, ela já pensa em se transferir para o basquete europeu e também tentar uma vaga na WNBA.
"Já tive propostas da Itália e da França, mas era para jogar por somente dois meses. Por isso, preferi ficar no país por enquanto", conta ela.
No Nacional-2002, Micaela foi o destaque do Dom Bosco-MS, que terminou a competição em quinto lugar. Apesar disso, a ala foi a segunda cestinha do torneio, com média de 21,9 pontos por jogo -só ficou atrás de Janeth, do São Paulo-Guaru.
A maior atração do exterior para as atletas são os salários. "As jogadoras chegam a receber US$ 10 mil por mês. Aqui não se ganha isso", diz Micaela, que pretende iniciar aulas de inglês em breve. "Quero jogar na WNBA. O difícil é conseguir uma vaga", completa.(ALF)

Fonte: FOLHA

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