quarta-feira, 15 de janeiro de 2003

"Quem tem jogadoras da Seleção Chegou a Decisão"

Por Maria Angélica Gonçalves da Silva, a Branca


Chegando ao fim mais uma edição da Liga Nacional Feminina, a sensação que temos é de desencanto com nossos dirigentes, pois tudo poderia ser mais grandioso, mas a mesmice, a falta de divulgação, de público, enfim vários fatores tornaram a Liga menos atraente, mas para eles tudo está bem.

Tentam aparecer na mídia mais que os atletas e técnicos que são os verdadeiros donos do espetáculo e fazem de cada anúncio uma verdadeira festa, como se tudo estivesse às mil maravilhas.

Não sabemos porque tanto mistério no anúncio do(a) novo(a) componente da Seleção Feminina, afinal eles pouco se importam com o feminino, chegando ao ponto de anunciar que daqui há alguns dias, começará o melhor Torneio de Basquete do Brasil, o masculino claro!
Todos os anos o discurso é entusiasta, mas logo após as primeiras rodadas, o que se vê, é que nada mudou.
Não suportamos mais promessas e ainda querem que a gente se iluda de que tudo vai bem. Ora se tudo estivesse bem as jogadoras que estão no exterior e que são muitas, já deveriam ser repatriadas, propiciando a formação de novas equipes, dando emprego a muitos técnicos e atletas que hoje estão a ver navios e consequentemente com mais equipes, haveria maior chance de patrocinadores se interessarem. Não se concebe que técnicos do gabarito de Maria Helena e Heleninha estejam fora da Liga.

Onde não existe organização e credibilidade não há prestígio, o que ocorreu nestes últimos cinco anos? Perdas, somente.

Perdemos atletas para o exterior, outras ficaram desiludidas com a falta de clubes e patrocínios, enfim clubes, mídia, patrocinadores,Tv Aberta, se bandearam para outros esportes mais organizados e que possibilitam maior retorno e o basquete foi perdendo seu espaço.

Estou no Basquete há 30 anos (comecei cedo) e me desencantam certas situações, pois constata-se que só poderemos ter uma Liga condizente com as tradições do basquete, quando tudo for profissional, especialmente os dirigentes.

Desculpas nunca faltam, ora é calendário internacional, ou faltam verbas, são clubes e patrocinadores que se retiram, outras equipes que chegam mas não conseguem se manter e assim vai mal.

Isentamos disso tudo, atletas e comissões técnicas que sempre são profissionais e para sobreviver aceitam a vida mambembe e sacrificada que se tornou o basquete feminino. Maior reflexo disso são as Irmãs Luz, que em cinco edições já passaram por três Estados, uma marca considerável, sempre presentes nas finais com boas performances e uma grande legião de admiradores. Imaginem as atletas que estiveram com elas nessas e hoje as vêêm a distância, com muita frustração, sem que o Rio e Paraná estejam representados (nas finais). Aquelas crianças e jovens que tomaram gosto pelo basquete e desses ídolos se acercaram, pensaram ser como elas e agora estão sem incentivo e magoadas pela ausência do esporte em si.

Por essas e outras razões o basquete feminino está perdendo sua identidade. Hoje torcemos pela atleta e não pelo Clube, pois no Paulista ela está num Clube e no Brasileiro, em outro, são ciganas do esporte. Não existe massificação, trabalho de base ninguém valoriza, salvo raras exceções.

Outro detalhe. Qual atleta ou equipe pode em cincoenta e poucos dias ter brilhantes atuações? São coisas que aborrecem, ver dirigentes de clubes reclamando nos bastidores, que gastam muito com a Liga, sendo eles os maiores culpados, pois aceitam as imposições e pagam para a Liga existir.
Os clubes remuneram os atletas e as comissões técnicas, pagam hotéis e alimentações em viagens, arbitragens, multas? Sim multas, principalmente se ousar criticar a entidade.

Se tudo anda um tanto complicado, como é que se pode acreditar em classificação para as competições internacionais que nosso País terá nesse ano?
Faltando pouco para o término da Liga, parabenizamos a Unimed/Americana e o São Paulo/Guarulhos que conseguiram apesar dos pesares, mostrar bons jogos e valorizaram o Torneio com a presença de algumas atletas da Seleção.

Continuamos amando o esporte, em especial o basquete e torcendo para que em quadra vença o melhor, já que fora dela, a coisa não anda bem, quase naquela de: "o último que sair apague a luz".

Entretanto precisamos continuar acreditando e com expectativas que a onda que assola o País, contagie o esporte e que a tão decantada ESPERANÇA chegue até o basquete feminino com mais ética e princípios de igualdade entre o masculino e o feminino e que os dirigentes atentem para um fato evidente: Quem nos últimos tempos teve conquistas mais expressivas à nível internacional, masculino ou feminino?


Um beijão!

Branca

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