sábado, 21 de dezembro de 2002


Coluna da Melissa

"Primeiro Arremesso"


No meu primeiro arremesso aqui no Blog, gostaria de comentar um pouco a situação da WNBA. Em primeiro lugar, vamos entender o contexto para então dar nome aos bois.

A liga tem somente seis anos de existência e, como todo startup, teve seu período de experiência, quando foi permitido perder dinheiro para se poder encontrar o modelo ideal de operação. Pois bem, esse prazo chegou ao fim. Até 2002, todos os times da WNBA eram de propriedade coletiva da NBA, o que propiciava segurança financeira e estrutura física e administrativa completas.

No final de agosto foi aprovada uma regra que dava aos donos dos times da NBA a opção de compra das franquias da WNBA ou a saída/venda dessas. Com isso, foi também aprovada a entrada de franquias não relacionadas com times da NBA e mais, não situadas em cidades com times da NBA. Era a vez da WNBA provar que era viável e buscar sua independência.

O que se viu foi donos de franquias da NBA aproveitando a situação para se livrar de times que não davam lucro. Esse foi o caso do Orlando Miracle, do Miami Sol e do Utah Starzz. Só que no caso dessas franquias, o buraco é mais embaixo. Quem não está nada bem são suas operações na NBA, motivo pelo qual os donos acharam por bem concentrar esforços no masculino. O que a WNBA pretendia com isso era atrair pessoas com foco no feminino e com vontade de fazer de suas franquias uma operação lucrativa. Até agora, somente o Detroit Pistons optou por comprar sua franquia na WNBA, o Detroit Shock. Curiosamente, esse é o time com a pior média de público em toda liga.

Entretanto, a operação dos Pistons vai de vento em popa, o que dá tranquilidade para o GM Bill Laimbeer tocar o Shock e reconstruir o time. É dado como certo que outros donos de franquias com relativo sucesso vão exercer suas opções de compra. Dentre eles destacam-se os únicos 4 times que dão dinheiro na WNBA (New York Liberty, Washington Mystics, Houston Comets e Los Angeles Sparks). No ano de 2003, foi aprovada a entrada de San Antonio na WNBA no que se imaginava uma expansão para 17 times. O que aconteceu de fato foi uma mudança de endereço do Starzz. Com isso, restam dois times sem casa, o Sol e o Miracle.

A cidade de Hartford, em Connecticut, é a mais forte candidata a receber uma dessas duas franquias. Levando-se em consideração a tradição da cidade no basquete universitário e o fato de que a principal estrela do Miracle saiu da Universidade de Connecticut, não é difícil imaginar qual franquia vai ficar sem casa. Até porque um lugar onde se tem temperaturas de -12° Celsius não pode abrigar o Sol.

Há grande possibilidade de contração da WNBA nesta próxima temporada, já que outros donos da NBA podem optar por não manter seus times do feminino. Há rumores de que os próximos sem-teto serão o Fire e o Storm (atualmente em Portland e em Seattle, respectivamente). A conseqüência imediata disso é a realização de um Draft para distribuir as jogadoras dos times sem casa. O horizonte é sombrio, mas o que está acontecendo é perfeitamente normal e compreensível.

Até hoje a NBA continua mudando times de cidade. A NBA também não sabia o que era sucesso comercial até a chegada de nomes como Magic Johnson e Julies Erving. Isso demorou 30 anos. Em termos comparativos, a WNBA está muito melhor que sua companhia controladora com a mesma idade. Na parte da estratégia de promoção, o que se pretende agora é tentar agradar a gregos e troianos. Tentar tirar da liga a conotação de esporte praticado por lésbicas e atrair as famílias (afinal, é o dinheiro que faz o mundo girar). Ao mesmo tempo, a liga não pode ignorar a comunidade gay, que tem milhares de compradores de ingressos e fãs da liga. Tarefa difícil para a comissionária Val Ackerman, mas há saídas. Uma contração temporária não seria tão desastrosa como muitos imaginam.

Outra medida será tentar encaixar o calendário da liga entre as finais da NBA e os torneios internacionais (Olimpíadas e Mundial), para evitar a seqüência desgastante de jogos e a evasão das estrelas internacionais que precisam treinar com suas seleções nacionais.E com o talento que se desenha para ser selecionado no Draft de 2004, dias melhores virão para a WNBA.

Rápidas:

I) O Seattle Storm contratou a técnica Anne Donovan para a temporada de 2003. Donovan classificou o Charlotte Sting para os playoffs de 2002, quando o time foi eliminado na primeira rodada pelo Washington Mystics. Em 2001, sob o comando de Donovan, o Sting alcançou as finais da liga, ficando com o vice-campeonato. Donovan também dirigiu o Indiana Fever e foi assistente técnica de Van Chancellor na seleção americana que conquistou o título mundial na China em setembro.

II) Falando em Charlotte Sting, o time não vai mais ficar sem o apoio de um irmão da NBA. Foi aprovada a entrada de um time de Charlotte em 2004 depois que o Hornets se mudou para New Orleans. O novo time será propriedade de Robert Johnson, o bilionário dono da Black Entertainment Television. Johnson já confirmou que vai comprar o Sting e manter o time em Charlotte. Uma boa notícia na maré de más notícias que assolou a WNBA nas últimas semanas.

III) Quem também manteve o emprego foi Candi Harvey, técnica do Starzz. Harvey vai dirigir o novo time de San Antonio, que ainda não tem nome definido. A técnica levou o Starzz às finais da Conferência Oeste ao derrotar o todo poderoso Houston Comets da MVP Sheryl Swoopes, naquela que é considerada a maior zebra da história da WNBA.

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