Torcida joga junto, e Brasil elimina campeãs européias do Mundial
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Contando com o apoio da torcida que havia pedido, a seleção brasileira passou bem pela República Tcheca e garantiu sua presença na semifinal do Mundial feminino, ficando a uma vitória da medalha. Jogando com raça, sobretudo na defesa, o Brasil derrotou as atuais campeãs européias por 75 a 51 no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
"Estivemos alertas desde o começo. Sabíamos que precisávamos jogar bem o tempo todo para diminuir as chances da República Tcheca. A pressão da nossa defesa sobre elas funcionou bem e nos deu uma vantagem tranqüila no placar", comemorou a ala Iziane, principal cestinha da partida com 23 pontos.
A veterana Janeth, que era dúvida por causa de uma lesão no tornozelo, teve uma atuação de gala com 15 pontos, dez rebotes, quatro roubadas e três assistências. Pela República Tcheca, o destaque foi a armadora Hana Machova, com 10 pontos.
Fora da quadra, quem fez a diferença a favor do Brasil foi o público, que não chegou a lotar totalmente o Ibirapuera, mas fez barulho suficiente para assustar as visitantes. "Foi uma coisa bonita de ver e, em alguns momentos, até um pouco assustadora", comentou a armadora Marketa Mokrosova.
"Acho que subestimamos um pouco a atmosfera do jogo e o fato de o Brasil jogar em casa. Você se sente mal quando comete um erro e a torcida comemora. Isso afeta o moral da equipe, e o Brasil soube tirar proveito", opinou Lubor Blazek, auxiliar técnico da seleção tcheca.
"A torcida brasileira é entusiasmada, mas você tem que fazer ela se empolgar com a equipe e estamos conseguindo fazer isso porque estamos fazendo uma campanha maravilhosa no torneio, com exceção da estréia contra a Argentina", opinou o técnico Antônio Carlos Barbosa.
Este foi o primeiro encontro entre Brasil e República Tcheca em Mundiais. Antes, as brasileiras haviam enfrentado a antiga Tchecoslováquia três vezes (em 1957, 1964 e 1971) e perdido todas. Mais recentemente, a seleção jogou duas vezes contra a Eslováquia, o outro país originado do desmembramento, perdendo uma (1994) e ganhando outra (1998).
O próximo adversário das brasileiras na competição será a Austrália, medalha de prata nas últimas Olimpíadas, que eliminou a França com uma vitória por 79 a 66. Brasil e Austrália já se enfrentaram na segunda fase, e as visitantes levaram a melhor por 82 a 73.
Mesmo que não vença mais nenhuma partida, a seleção brasileira já igualou o seu melhor desempenho desde 1994, quando foi campeã. Em 1998, o Brasil caiu na semifinal diante dos EUA e perdeu o bronze para a Austrália, terminando em quarto lugar. Há quatro anos, a equipe não passou da sétima colocação.
As brasileiras voltam à quadra do ginásio do Ibirapuera nesta quinta-feira, novamente às 15h15, por uma vaga na decisão da medalha de ouro. Na outra semifinal, a Rússia enfrentará o ganhador da partida entre EUA e Lituânia.
"Sou carioca e todo carioca gosta de uma boa festa, por isso adorei o que a torcida fez aqui hoje. Espero que a gente possa entrar bem de novo amanhã e, com o apoio da nossa torcida, vencer outra vez", afirmou Érika.
O jogo
O time brasileiro havia pedido a ajuda da torcida, e ela atendeu. Mesmo não lotando o ginásio do Ibirapuera, o público empurrou as jogadoras, que começaram a partida em ritmo alucinante.
44,4% Dois pontos 34,8%%
33,3% Três pontos 20%
54,5% Lances livres 44,4%
45 Rebotes 34
11 Assistências 6
14 Erros 16
17 Pontos do banco 21
BRASIL 75 X 51 REPÚBLICA TCHECA
As tchecas fizeram os primeiros dois pontos, mas o Brasil respondeu com duas cestas de três (Helen e Iziane) e um contra-ataque rápido, abrindo seis de frente (8 a 2). A defesa individual criou problemas para a cadenciada ofensiva européia, que demorou a engrenar.
Quando a República Tcheca finalmente entrou no jogo, após uma cesta de três de Eva Vitecková que cortou a diferença para dois pontos (13 a 11), a equipe brasileira passou a explorar as pivôs Alessandra e Êga dentro do garrafão.
Com duas jogadas consecutivas de Êga, uma delas apanhando o rebote ofensivo no meio das gigantes tchecas, o Brasil voltou a se distanciar (19 a 13). Nos segundos finais, entretanto, o time bobeu, permitiu três rebotes ofensivos das adversárias, que empataram no final do primeiro quarto (19 a 19).
Para alívio da torcida, o vacilo foi apenas momentâneo. As brasileiras voltaram para o segundo período ainda mais dedicadas na defesa e impediram as tchecas de passarem à frente no marcador.
Agora jogando ao lado de Érika, que substituiu Alessandra, Êga deu três assistências para a companheira converter embaixo da cesta. Roubando bolas na defesa, Iziane usou os contra-ataques para colocar o Brasil 16 pontos à frente (35 a 19).
Atordoada, a seleção tcheca teve que enfrentar também as goteiras, que derrubaram a ala Jana Vesela na metade do quarto. O jogo foi paralisado para a secagem da quadra, mas foi retomado minutos depois.
Janeth, até então sumida na partida, anotou seus dois primeiros pontos para fazer 37 a 20. Nos segundos finais do primeiro tempo, ela voltou a sofrer falta, desta vez em tentativa de três pontos, e definiu o placar de 46 a 28 no intervalo.
"O segundo quarto foi o que decidiu o resultado a favor do Brasil. Nós entramos concentradas, não acho que vacilamos, mas o Brasil conseguiu voltar ainda melhor, com muita vontade em quadra", explicou o auxiliar técnico tcheco.
Se esteve discreta durante os dois primeiros períodos, Janeth voltou inspirada para o terceiro quarto. Ela recuperou bolas na defesa, puxou contra-ataques e desarmou a defesa tcheca com suas infiltrações, incendiando de vez a torcida presente ao Ibirapuera. Nem parecia que estava ameaçada de não jogar por causa de uma torção no tornozelo direito.
O time brasileiro acompanhou o ritmo de sua líder, e fechou o terceiro quarto 22 pontos na frente (62 a 40). A partir daí, apenas administrou a vantagem. Barbosa poupou algumas jogadoras nos minutos finais, como Alessandra, Janeth e Iziane, mas o Brasil mesmo assim conseguiu uma vitória surpreendentemente tranqüila, por 75 a 51.
"Não dá para esperar uma diferença dessa contra uma equipe que é a nova sensação do basquete feminino. É a atual campeã européia, foi campeã mundial sub-21, ganhou dos EUA em um amistoso e fez uma grande partida contra as norte-americanas aqui. Foi uma contagem boa demais, que nos deu ainda mais confiança para os próximos jogos", disse Barbosa.
Austrália derrota a França e reencontra o Brasil na semifinal
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Medalha de bronze nos dois últimos Mundiais, a Austrália confirmou os prognósticos e se classificou para sua terceira semifinal consecutiva na competição ao derrotar a França por 79 a 66, nesta quarta-feira, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
"Não jogávamos contra a França há alguns anos porque ela não se classificou para Atenas, então procuramos entrar em quadra concentradas para enfrentar uma equipe que não conhecíamos tão bem", comentou a técnica australiana Jan Stirling.
OS NÚMEROS DO CONFRONTO
51,2% Dois pontos 40,6%
20% Três pontos 9,1%
70,3% Lances livres 73,3%
40 Rebotes 31
12 Assistências 11
15 Erros 9
29 Pontos - banco 25
AUSTRÁLIA ESTATÍSTICA FRANÇA
Com isso, as australianas cruzam novamente o caminho do Brasil, a quem venceram por 82 a 73 na segunda fase do torneio. As duas seleções decidem uma vaga na final às 15h15 desta quinta-feira, novamente no Ibirapuera. "Acho que vai ser um jogo completamente diferente do que jogamos há alguns dias", disse a armadora Kristi Harrower.
Há dois anos, Austrália e Brasil disputaram a semifinal das Olimpíadas de Atenas, com vitória das australianas (88 a 75), que ficaram com a prata - o Brasil terminou em quarto. Na história dos Mundiais, já são sete confrontos, com vantagem de 5 a 2 para as representantes da Oceania.
Mais uma vez, o destaque da equipe australiana na partida desta quarta-feira foi a pivô Lauren Jackson. Maior cestinha do Mundial até agora (média de 22,5 pontos por jogo), ela conseguiu um "double-double" ao marcar 19 pontos e pegar 11 rebotes, além de dar dois tocos em apenas 25 minutos na quadra.
"Sabíamos que elas seriam duras, mas perto da metade do terceiro quarto percebemos que elas não conseguiriam mais voltar para o jogo. Por isso, sem desrespeitá-las, pudemos descansar algumas de nossas principais jogadoras", completou Stirling.
Outra que teve boa atuação foi a ala Penn Taylor, com 18 pontos, quatro rebotes e três assistências. Pela seleção francesa, os destaques individuais foram a ala Sandrine Gruda, com 15 pontos, e a armadora Audrey Gillespie, com 10 pontos, seis assistências e três bolas roubadas.
O jogo
As australianas não demoraram para demonstrar em quadra a razão do seu favoritismo. Com um jogo de transição veloz e bom aproveitamento nos arremessos de dois pontos, Lauren Jackson e companhia lideraram o marcador desde os primeiros minutos.
A França, que tinha na defesa uma de suas principais qualidades no torneio, até tentou exercer uma marcação agressiva sobre o adversário. Mas a estratégia não funcionou devido ao grande número de opções ofensivas da Austrália - apenas duas das 12 jogadoras não marcaram pontos.
Com isso, a equipe da Oceania assumiu o controle da partida e foi se distanciando no placar até fechar o primeiro quarto dez pontos à frente (23 a 13). As francesas esboçaram uma reação no segundo período e deram maior equilíbrio à disputa, mas ainda assim a diferença aumentou para 14 antes do intervalo (42 a 28).
O panorama do jogo não se alterou na volta dos vestiários. Superior, a Austrália começou a administrar o resultado e a descansar suas principais jogadoras, já pensando no duelo contra o Brasil pela semifinal.
Lauren Jackson e Penn Taylor passaram quase todo o segundo tempo no banco de reservas, mas ainda assim a vantagem australiana continuou aumentando - era de 17 pontos ao final do terceiro quarto (61 a 44).
A França só conseguiu ser melhor que a rival no último quarto, quando o resultado da partida já estava praticamente definido. As européias marcaram 22 a 18 sobre as australianas nos últimos minutos, mas nada puderam fazer para evitar o placar final de 79 a 66 e a eliminação do torneio.
Goteiras roubam a cena e escancaram falhas de organização
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Elas não fazem pontos, não pegam rebotes e também não decidem partidas. Mesmo assim, as goteiras roubaram a cena durante as quartas-de-final do Mundial de basquete feminino, realizadas nesta quarta-feira, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
O problema apareceu pela primeira vez no último sábado pela manhã, durante a vitória do Brasil sobre a Lituânia. Criticada pelo secretário geral da Fiba (Federação Internacional de Basquete), Patrick Baumann, a organização do evento tentou vedar os pontos de vazamento encontrados na cobertura do ginásio.
Segundo comunicado oficial da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer - responsável pela manutenção do Ibirapuera -, a empresa SAC (Serviço de Engenharia e Construções), que recebeu R$ 174 mil pelo serviço de impermeabilização do teto, foi alertada desde a primeira ocorrência de goteiras e desde então vem trabalhando para evitá-las.
Mas isso não foi suficiente. Com a chuva forte que caiu na cidade de São Paulo no início da tarde, durante o jogo entre Espanha e Rússia, pelo menos cinco goteiras molharam a quadra e parte da tribuna destinada à imprensa.
Diante disso, a Secretaria declarou que "irá tomar todas as providências jurídicas necessárias no sentido de reparar os eventuais prejuízos ocasionados pela não perfeita execução dos serviços contratados".
"Estava muito perigoso, mas tivemos de jogar. Estávamos assustadas", afirmou a armadora Nuria Martínez. "Foi terrível. A sorte é que ninguém se machucou. Mas muitas jogadoras caíram", disse a ala Natalia Vovopynova.
A armadora espanhola Laia Palau escorregou e caiu de forma perigosa no chão. Em outro lance, a água literalmente derrubou a jogadora russa, que perdeu a posse de bola e iniciou o contra-ataque espanhol, para desespero do técnico Igor Grudin.
"Basquete não é que nem futebol, em que se pode jogar com chuva. Um Campeonato Mundial não pode ser realizado nessas condições. Foi muito perigoso. Não podemos jogar assim", declarou o treinador, que descartou fazer um protesto formal à Fiba. "Vamos esquecer isso".
Apesar da derrota, o técnico espanhol Domingo Diaz encarou o caso com bom humor. "Talvez tenha chovido porque São Pedro chorou por nossa derrota", brincou. Quando o Brasil entrou em quadra para enfrentar a República Tcheca, a chuva já havia diminuído, mas as goteiras, ainda que menores, continuaram atrapalhando.
Durante o segundo quarto, a ala tcheca Jana Vesela escorregou e foi ao chão, o que fez o auxiliar técnico Lubor Blazek ironizar as condições do ginásio após a partida. "Desejo sorte ao Brasil na seqüência da competição. Só torço para que não volte a chover nas finais", disse.
Os brasileiros contemporizaram e evitaram criticar a organização do Mundial. "Temos que lembrar que o ginásio tem 52 anos", disse o técnico Antônio Carlos Barbosa. "Gostaríamos que não houvesse goteiras, mas este é um detalhe pequeno em uma festa tão bonita como vimos aqui hoje. Prefiro enaltecer a torcida, a quadra que vai ficar aqui, as tabelas modernas", completou.
Cestinha da vitória brasileira, a ala Iziane também minimizou o problema. "Tinham algumas goteiras, mas tentamos não pensar nisso durante a partida. Avisamos os ajudantes para secar a quadra sempre que possível. Ainda bem que ninguém se machucou por causa disso", afirmou.
"Trabalho sujo" abre espaço para Êga no Mundial
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo
No placar final de um jogo de basquete, são os pontos que definem o vencedor. Mas a partida, por muitas vezes, pode ser decidida em outros fundamentos ou em pequenos detalhes. O rebote, um corta-luz, o combate longe da bola, entre outros. E é justamente com essas funções periféricas que a ala-pivô Êga se firma na seleção brasileira.
Ega comemora pontos contra Rep. Tcheca; ala-pivô é responsável por "trabalho sujo" do Brasil"A Êga faz aquilo que chamamos de trabalho sujo. É algo que muitos não valorizam isso, mas não sempre os pontos que prevalecem. Quem conhece de basquete sabe que isso é vital", disse a armadora Helen. "Ela está fazendo um grande mundial."
Aos 29 anos, a ala-pivô disputa seu primeiro grande torneio pela seleção. Ela exemplifica, como o técnico Barbosa costuma dizer, uma "anormalidade" no basquete nacional.
"Estou em São Paulo há apenas cinco anos, não passei por nenhuma seleção de base, demorei para chegar à seleção, não tive uma trajetória comum", disse a pivô, que nasceu no distrito de Conciolândia, que pertence à pequena cidade de Pérola do Oeste, no interior do Paraná (município de seis mil habitantes).
"Essa é sua estréia em um Mundial, com toda essa pressão, mas ela está dando conta do recado", afirmou Helen.
Nos clubes que defendeu, Êga se acostumou a pontuar. Mas para garantir seu espaço na seleção - mandou a campeã mundial Cíntia Tuiú para o banco -, teve de se desdobrar em treinos de diversas maneiras.
"Não tenho que fazer 30 pontos nesse grupo. Não tenho que ter nenhum brio com relação a isso. Isso aqui é seleção. Minha função é ajudar na defesa da maneira mais dedicada possível e facilitar a distribuição de jogadas", afirmou a ala-pivô, que defendeu São Caetano no ano passado. "Estou fazendo o que se espera de mim. E espero que essa minha dedicação faça a diferença, que contagie as outras meninas."
Êga é responsável por uma das principais jogadas da seleção. Um lance que se repete desde o retorno de Barbosa à equipe, em 1997. A jogadora responsável pela função quatro (ala-pivô) sobe para a cabeça do garrafão e recebe a bola. Espera um corta-luz ser realizado e faz a assistência para a pivô cinco (Alessandra, Érika ou Kelly), que, geralmente, está isolada debaixo da tabela.
Não à toa, diante das tchecas, foi a melhor do Brasil em passes que resultaram em cesta - deu quatro destes. "Três das assistências foram para a Érika (no segundo período). E esses passes para mim são mais importantes do que se eu tivesse feito três bolas de longe. Principalmente porque ela estava um pouco tímida ainda. Ganhamos o reforço dela para o fim da competição e foi ótimo vê-la sorrindo."
A eficiência neste fundamento, sua habilidade para executar o chute de três pontos e a versatilidade que também lhe abrem caminho para partir para a bandeja já não permitem que a jogadora seja considerada um segredo brasileiro.
De mistério mesmo, fica apenas a razão do apelido - qual sua ligação com Soeli Garvão Zakrzeski? Nenhuma. "Ganhei o apelido da minha mãe quando tinha quatro anos. Êga é o nome de uma vizinha e grande amiga da nossa família. Quando mudamos de cidade, minha mãe resolveu me chamar de Êga para homenageá-la."
Janeth e Érika superam lesões e aliviam a seleção brasileira
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo
Duas torções de tornozelo preocupavam a seleção brasileira. Mas o desempenho da ala Janeth e da pivô Érika, nesta quarta-feira contra a República Tcheca, fez parecer que os jogadoras não tinham nenhum tipo de problema no pé.
Janeth mostrou-se recuperada de lesão contra a República Tcheca"A Janeth é uma garota muito forte, com uma condição física privilegiada. Ela nunca me preocupou porque foi uma torção leve e eu sabia que ela jogaria essa partida de qualquer jeito. Quem preocupava mais mesmo era a Érika, mas as duas jogaram bem hoje e provaram que estão recuperadas", afirmou o técnico Barbosa.
Janeth puxou contra-ataques, apanhou rebote ofensivo no meio das grandalhonas tchecas e marcou a cestinha adversária, Eva Vitecková durante quase toda a partida. O resultado: a jogadora, que tinha média de 18,2 pontos, fez apenas sete - errou nove de 12 arremessos.
A veterana ala de 37 anos ainda encontrou fôlego para anotar 15 pontos, pegar 10 rebotes, conseguir quatro roubos de bola e dar três assistências, em 30min38s.
Já Érika entrou no segundo quarto para substituir Alessandra e mais do que deu conta do recado. Sua atuação segura debaixo das tabelas ofensiva e defensiva permitiu que a titular ficasse toda a parcial no banco.
"Tenho que agradecer a Deus, ao Barbosa por confiar em mim e às meninas da seleção que sempre me deram força. Eu superei a contusão, entrei bem e pude ajudar a equipe", comemorou a pivô do Valencia, da Espanha.
A jogadora foi importante para que o Brasil mantivesse seu padrão de jogo. Uma pivô cinco participativa é fundamental no esquema do técnico Antonio Carlos Barbosa, pois obriga a marcação a fechar o garrafão, abrindo espaço para as demais atletas.
"A primeira cesta fez que acabasse o medo e me deixou concentrada no jogo, apenas nos movimentos e não no pé", disse a pivô, que, no quarto período, voltou à ação. Com pouco mais de seis minutos jogados, deu belo toco na pivô Ivana Vecerová e comemorou muito. "Foi para descarregar." No final, ela teve oito pontos, quatro rebotes e o bloqueio derradeiro, em 14min29s.
Janeth torceu o tornozelo direito na partida contra o Canadá, no fim da primeira fase, na segunda-feira. Apesar de ser uma lesão leve, o tempo necessário para recuperação era de uma semana, segundo a comissão técnica brasileira. A ala fez tratamento fisioterápico intensivo nas últimas horas, com aplicações de gelo de 20 minutos a cada duas horas, compressa e trabalho de simulação de movimentos esportivos.
Érika, por sua vez, teve uma lesão grave no tornozelo esquerdo, a uma semana do início do torneio. Lesão que só vai cicatrizar por completo em seis meses, segundo o médico Carlos Eduardo Marques. Ela está atuando com uma proteção especial no tornozelo, chamada aircast, que impede o movimento de torção, mas não limita a mobilidade do pé.
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Contando com o apoio da torcida que havia pedido, a seleção brasileira passou bem pela República Tcheca e garantiu sua presença na semifinal do Mundial feminino, ficando a uma vitória da medalha. Jogando com raça, sobretudo na defesa, o Brasil derrotou as atuais campeãs européias por 75 a 51 no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
"Estivemos alertas desde o começo. Sabíamos que precisávamos jogar bem o tempo todo para diminuir as chances da República Tcheca. A pressão da nossa defesa sobre elas funcionou bem e nos deu uma vantagem tranqüila no placar", comemorou a ala Iziane, principal cestinha da partida com 23 pontos.
A veterana Janeth, que era dúvida por causa de uma lesão no tornozelo, teve uma atuação de gala com 15 pontos, dez rebotes, quatro roubadas e três assistências. Pela República Tcheca, o destaque foi a armadora Hana Machova, com 10 pontos.
Fora da quadra, quem fez a diferença a favor do Brasil foi o público, que não chegou a lotar totalmente o Ibirapuera, mas fez barulho suficiente para assustar as visitantes. "Foi uma coisa bonita de ver e, em alguns momentos, até um pouco assustadora", comentou a armadora Marketa Mokrosova.
"Acho que subestimamos um pouco a atmosfera do jogo e o fato de o Brasil jogar em casa. Você se sente mal quando comete um erro e a torcida comemora. Isso afeta o moral da equipe, e o Brasil soube tirar proveito", opinou Lubor Blazek, auxiliar técnico da seleção tcheca.
"A torcida brasileira é entusiasmada, mas você tem que fazer ela se empolgar com a equipe e estamos conseguindo fazer isso porque estamos fazendo uma campanha maravilhosa no torneio, com exceção da estréia contra a Argentina", opinou o técnico Antônio Carlos Barbosa.
Este foi o primeiro encontro entre Brasil e República Tcheca em Mundiais. Antes, as brasileiras haviam enfrentado a antiga Tchecoslováquia três vezes (em 1957, 1964 e 1971) e perdido todas. Mais recentemente, a seleção jogou duas vezes contra a Eslováquia, o outro país originado do desmembramento, perdendo uma (1994) e ganhando outra (1998).
O próximo adversário das brasileiras na competição será a Austrália, medalha de prata nas últimas Olimpíadas, que eliminou a França com uma vitória por 79 a 66. Brasil e Austrália já se enfrentaram na segunda fase, e as visitantes levaram a melhor por 82 a 73.
Mesmo que não vença mais nenhuma partida, a seleção brasileira já igualou o seu melhor desempenho desde 1994, quando foi campeã. Em 1998, o Brasil caiu na semifinal diante dos EUA e perdeu o bronze para a Austrália, terminando em quarto lugar. Há quatro anos, a equipe não passou da sétima colocação.
As brasileiras voltam à quadra do ginásio do Ibirapuera nesta quinta-feira, novamente às 15h15, por uma vaga na decisão da medalha de ouro. Na outra semifinal, a Rússia enfrentará o ganhador da partida entre EUA e Lituânia.
"Sou carioca e todo carioca gosta de uma boa festa, por isso adorei o que a torcida fez aqui hoje. Espero que a gente possa entrar bem de novo amanhã e, com o apoio da nossa torcida, vencer outra vez", afirmou Érika.
O jogo
O time brasileiro havia pedido a ajuda da torcida, e ela atendeu. Mesmo não lotando o ginásio do Ibirapuera, o público empurrou as jogadoras, que começaram a partida em ritmo alucinante.
44,4% Dois pontos 34,8%%
33,3% Três pontos 20%
54,5% Lances livres 44,4%
45 Rebotes 34
11 Assistências 6
14 Erros 16
17 Pontos do banco 21
BRASIL 75 X 51 REPÚBLICA TCHECA
As tchecas fizeram os primeiros dois pontos, mas o Brasil respondeu com duas cestas de três (Helen e Iziane) e um contra-ataque rápido, abrindo seis de frente (8 a 2). A defesa individual criou problemas para a cadenciada ofensiva européia, que demorou a engrenar.
Quando a República Tcheca finalmente entrou no jogo, após uma cesta de três de Eva Vitecková que cortou a diferença para dois pontos (13 a 11), a equipe brasileira passou a explorar as pivôs Alessandra e Êga dentro do garrafão.
Com duas jogadas consecutivas de Êga, uma delas apanhando o rebote ofensivo no meio das gigantes tchecas, o Brasil voltou a se distanciar (19 a 13). Nos segundos finais, entretanto, o time bobeu, permitiu três rebotes ofensivos das adversárias, que empataram no final do primeiro quarto (19 a 19).
Para alívio da torcida, o vacilo foi apenas momentâneo. As brasileiras voltaram para o segundo período ainda mais dedicadas na defesa e impediram as tchecas de passarem à frente no marcador.
Agora jogando ao lado de Érika, que substituiu Alessandra, Êga deu três assistências para a companheira converter embaixo da cesta. Roubando bolas na defesa, Iziane usou os contra-ataques para colocar o Brasil 16 pontos à frente (35 a 19).
Atordoada, a seleção tcheca teve que enfrentar também as goteiras, que derrubaram a ala Jana Vesela na metade do quarto. O jogo foi paralisado para a secagem da quadra, mas foi retomado minutos depois.
Janeth, até então sumida na partida, anotou seus dois primeiros pontos para fazer 37 a 20. Nos segundos finais do primeiro tempo, ela voltou a sofrer falta, desta vez em tentativa de três pontos, e definiu o placar de 46 a 28 no intervalo.
"O segundo quarto foi o que decidiu o resultado a favor do Brasil. Nós entramos concentradas, não acho que vacilamos, mas o Brasil conseguiu voltar ainda melhor, com muita vontade em quadra", explicou o auxiliar técnico tcheco.
Se esteve discreta durante os dois primeiros períodos, Janeth voltou inspirada para o terceiro quarto. Ela recuperou bolas na defesa, puxou contra-ataques e desarmou a defesa tcheca com suas infiltrações, incendiando de vez a torcida presente ao Ibirapuera. Nem parecia que estava ameaçada de não jogar por causa de uma torção no tornozelo direito.
O time brasileiro acompanhou o ritmo de sua líder, e fechou o terceiro quarto 22 pontos na frente (62 a 40). A partir daí, apenas administrou a vantagem. Barbosa poupou algumas jogadoras nos minutos finais, como Alessandra, Janeth e Iziane, mas o Brasil mesmo assim conseguiu uma vitória surpreendentemente tranqüila, por 75 a 51.
"Não dá para esperar uma diferença dessa contra uma equipe que é a nova sensação do basquete feminino. É a atual campeã européia, foi campeã mundial sub-21, ganhou dos EUA em um amistoso e fez uma grande partida contra as norte-americanas aqui. Foi uma contagem boa demais, que nos deu ainda mais confiança para os próximos jogos", disse Barbosa.
Austrália derrota a França e reencontra o Brasil na semifinal
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Medalha de bronze nos dois últimos Mundiais, a Austrália confirmou os prognósticos e se classificou para sua terceira semifinal consecutiva na competição ao derrotar a França por 79 a 66, nesta quarta-feira, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
"Não jogávamos contra a França há alguns anos porque ela não se classificou para Atenas, então procuramos entrar em quadra concentradas para enfrentar uma equipe que não conhecíamos tão bem", comentou a técnica australiana Jan Stirling.
OS NÚMEROS DO CONFRONTO
51,2% Dois pontos 40,6%
20% Três pontos 9,1%
70,3% Lances livres 73,3%
40 Rebotes 31
12 Assistências 11
15 Erros 9
29 Pontos - banco 25
AUSTRÁLIA ESTATÍSTICA FRANÇA
Com isso, as australianas cruzam novamente o caminho do Brasil, a quem venceram por 82 a 73 na segunda fase do torneio. As duas seleções decidem uma vaga na final às 15h15 desta quinta-feira, novamente no Ibirapuera. "Acho que vai ser um jogo completamente diferente do que jogamos há alguns dias", disse a armadora Kristi Harrower.
Há dois anos, Austrália e Brasil disputaram a semifinal das Olimpíadas de Atenas, com vitória das australianas (88 a 75), que ficaram com a prata - o Brasil terminou em quarto. Na história dos Mundiais, já são sete confrontos, com vantagem de 5 a 2 para as representantes da Oceania.
Mais uma vez, o destaque da equipe australiana na partida desta quarta-feira foi a pivô Lauren Jackson. Maior cestinha do Mundial até agora (média de 22,5 pontos por jogo), ela conseguiu um "double-double" ao marcar 19 pontos e pegar 11 rebotes, além de dar dois tocos em apenas 25 minutos na quadra.
"Sabíamos que elas seriam duras, mas perto da metade do terceiro quarto percebemos que elas não conseguiriam mais voltar para o jogo. Por isso, sem desrespeitá-las, pudemos descansar algumas de nossas principais jogadoras", completou Stirling.
Outra que teve boa atuação foi a ala Penn Taylor, com 18 pontos, quatro rebotes e três assistências. Pela seleção francesa, os destaques individuais foram a ala Sandrine Gruda, com 15 pontos, e a armadora Audrey Gillespie, com 10 pontos, seis assistências e três bolas roubadas.
O jogo
As australianas não demoraram para demonstrar em quadra a razão do seu favoritismo. Com um jogo de transição veloz e bom aproveitamento nos arremessos de dois pontos, Lauren Jackson e companhia lideraram o marcador desde os primeiros minutos.
A França, que tinha na defesa uma de suas principais qualidades no torneio, até tentou exercer uma marcação agressiva sobre o adversário. Mas a estratégia não funcionou devido ao grande número de opções ofensivas da Austrália - apenas duas das 12 jogadoras não marcaram pontos.
Com isso, a equipe da Oceania assumiu o controle da partida e foi se distanciando no placar até fechar o primeiro quarto dez pontos à frente (23 a 13). As francesas esboçaram uma reação no segundo período e deram maior equilíbrio à disputa, mas ainda assim a diferença aumentou para 14 antes do intervalo (42 a 28).
O panorama do jogo não se alterou na volta dos vestiários. Superior, a Austrália começou a administrar o resultado e a descansar suas principais jogadoras, já pensando no duelo contra o Brasil pela semifinal.
Lauren Jackson e Penn Taylor passaram quase todo o segundo tempo no banco de reservas, mas ainda assim a vantagem australiana continuou aumentando - era de 17 pontos ao final do terceiro quarto (61 a 44).
A França só conseguiu ser melhor que a rival no último quarto, quando o resultado da partida já estava praticamente definido. As européias marcaram 22 a 18 sobre as australianas nos últimos minutos, mas nada puderam fazer para evitar o placar final de 79 a 66 e a eliminação do torneio.
Goteiras roubam a cena e escancaram falhas de organização
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo (SP)
Elas não fazem pontos, não pegam rebotes e também não decidem partidas. Mesmo assim, as goteiras roubaram a cena durante as quartas-de-final do Mundial de basquete feminino, realizadas nesta quarta-feira, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
O problema apareceu pela primeira vez no último sábado pela manhã, durante a vitória do Brasil sobre a Lituânia. Criticada pelo secretário geral da Fiba (Federação Internacional de Basquete), Patrick Baumann, a organização do evento tentou vedar os pontos de vazamento encontrados na cobertura do ginásio.
Segundo comunicado oficial da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer - responsável pela manutenção do Ibirapuera -, a empresa SAC (Serviço de Engenharia e Construções), que recebeu R$ 174 mil pelo serviço de impermeabilização do teto, foi alertada desde a primeira ocorrência de goteiras e desde então vem trabalhando para evitá-las.
Mas isso não foi suficiente. Com a chuva forte que caiu na cidade de São Paulo no início da tarde, durante o jogo entre Espanha e Rússia, pelo menos cinco goteiras molharam a quadra e parte da tribuna destinada à imprensa.
Diante disso, a Secretaria declarou que "irá tomar todas as providências jurídicas necessárias no sentido de reparar os eventuais prejuízos ocasionados pela não perfeita execução dos serviços contratados".
"Estava muito perigoso, mas tivemos de jogar. Estávamos assustadas", afirmou a armadora Nuria Martínez. "Foi terrível. A sorte é que ninguém se machucou. Mas muitas jogadoras caíram", disse a ala Natalia Vovopynova.
A armadora espanhola Laia Palau escorregou e caiu de forma perigosa no chão. Em outro lance, a água literalmente derrubou a jogadora russa, que perdeu a posse de bola e iniciou o contra-ataque espanhol, para desespero do técnico Igor Grudin.
"Basquete não é que nem futebol, em que se pode jogar com chuva. Um Campeonato Mundial não pode ser realizado nessas condições. Foi muito perigoso. Não podemos jogar assim", declarou o treinador, que descartou fazer um protesto formal à Fiba. "Vamos esquecer isso".
Apesar da derrota, o técnico espanhol Domingo Diaz encarou o caso com bom humor. "Talvez tenha chovido porque São Pedro chorou por nossa derrota", brincou. Quando o Brasil entrou em quadra para enfrentar a República Tcheca, a chuva já havia diminuído, mas as goteiras, ainda que menores, continuaram atrapalhando.
Durante o segundo quarto, a ala tcheca Jana Vesela escorregou e foi ao chão, o que fez o auxiliar técnico Lubor Blazek ironizar as condições do ginásio após a partida. "Desejo sorte ao Brasil na seqüência da competição. Só torço para que não volte a chover nas finais", disse.
Os brasileiros contemporizaram e evitaram criticar a organização do Mundial. "Temos que lembrar que o ginásio tem 52 anos", disse o técnico Antônio Carlos Barbosa. "Gostaríamos que não houvesse goteiras, mas este é um detalhe pequeno em uma festa tão bonita como vimos aqui hoje. Prefiro enaltecer a torcida, a quadra que vai ficar aqui, as tabelas modernas", completou.
Cestinha da vitória brasileira, a ala Iziane também minimizou o problema. "Tinham algumas goteiras, mas tentamos não pensar nisso durante a partida. Avisamos os ajudantes para secar a quadra sempre que possível. Ainda bem que ninguém se machucou por causa disso", afirmou.
"Trabalho sujo" abre espaço para Êga no Mundial
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo
No placar final de um jogo de basquete, são os pontos que definem o vencedor. Mas a partida, por muitas vezes, pode ser decidida em outros fundamentos ou em pequenos detalhes. O rebote, um corta-luz, o combate longe da bola, entre outros. E é justamente com essas funções periféricas que a ala-pivô Êga se firma na seleção brasileira.
Ega comemora pontos contra Rep. Tcheca; ala-pivô é responsável por "trabalho sujo" do Brasil"A Êga faz aquilo que chamamos de trabalho sujo. É algo que muitos não valorizam isso, mas não sempre os pontos que prevalecem. Quem conhece de basquete sabe que isso é vital", disse a armadora Helen. "Ela está fazendo um grande mundial."
Aos 29 anos, a ala-pivô disputa seu primeiro grande torneio pela seleção. Ela exemplifica, como o técnico Barbosa costuma dizer, uma "anormalidade" no basquete nacional.
"Estou em São Paulo há apenas cinco anos, não passei por nenhuma seleção de base, demorei para chegar à seleção, não tive uma trajetória comum", disse a pivô, que nasceu no distrito de Conciolândia, que pertence à pequena cidade de Pérola do Oeste, no interior do Paraná (município de seis mil habitantes).
"Essa é sua estréia em um Mundial, com toda essa pressão, mas ela está dando conta do recado", afirmou Helen.
Nos clubes que defendeu, Êga se acostumou a pontuar. Mas para garantir seu espaço na seleção - mandou a campeã mundial Cíntia Tuiú para o banco -, teve de se desdobrar em treinos de diversas maneiras.
"Não tenho que fazer 30 pontos nesse grupo. Não tenho que ter nenhum brio com relação a isso. Isso aqui é seleção. Minha função é ajudar na defesa da maneira mais dedicada possível e facilitar a distribuição de jogadas", afirmou a ala-pivô, que defendeu São Caetano no ano passado. "Estou fazendo o que se espera de mim. E espero que essa minha dedicação faça a diferença, que contagie as outras meninas."
Êga é responsável por uma das principais jogadas da seleção. Um lance que se repete desde o retorno de Barbosa à equipe, em 1997. A jogadora responsável pela função quatro (ala-pivô) sobe para a cabeça do garrafão e recebe a bola. Espera um corta-luz ser realizado e faz a assistência para a pivô cinco (Alessandra, Érika ou Kelly), que, geralmente, está isolada debaixo da tabela.
Não à toa, diante das tchecas, foi a melhor do Brasil em passes que resultaram em cesta - deu quatro destes. "Três das assistências foram para a Érika (no segundo período). E esses passes para mim são mais importantes do que se eu tivesse feito três bolas de longe. Principalmente porque ela estava um pouco tímida ainda. Ganhamos o reforço dela para o fim da competição e foi ótimo vê-la sorrindo."
A eficiência neste fundamento, sua habilidade para executar o chute de três pontos e a versatilidade que também lhe abrem caminho para partir para a bandeja já não permitem que a jogadora seja considerada um segredo brasileiro.
De mistério mesmo, fica apenas a razão do apelido - qual sua ligação com Soeli Garvão Zakrzeski? Nenhuma. "Ganhei o apelido da minha mãe quando tinha quatro anos. Êga é o nome de uma vizinha e grande amiga da nossa família. Quando mudamos de cidade, minha mãe resolveu me chamar de Êga para homenageá-la."
Janeth e Érika superam lesões e aliviam a seleção brasileira
Giancarlo Giampietro e Vicente Toledo Jr.
Em São Paulo
Duas torções de tornozelo preocupavam a seleção brasileira. Mas o desempenho da ala Janeth e da pivô Érika, nesta quarta-feira contra a República Tcheca, fez parecer que os jogadoras não tinham nenhum tipo de problema no pé.
Janeth mostrou-se recuperada de lesão contra a República Tcheca"A Janeth é uma garota muito forte, com uma condição física privilegiada. Ela nunca me preocupou porque foi uma torção leve e eu sabia que ela jogaria essa partida de qualquer jeito. Quem preocupava mais mesmo era a Érika, mas as duas jogaram bem hoje e provaram que estão recuperadas", afirmou o técnico Barbosa.
Janeth puxou contra-ataques, apanhou rebote ofensivo no meio das grandalhonas tchecas e marcou a cestinha adversária, Eva Vitecková durante quase toda a partida. O resultado: a jogadora, que tinha média de 18,2 pontos, fez apenas sete - errou nove de 12 arremessos.
A veterana ala de 37 anos ainda encontrou fôlego para anotar 15 pontos, pegar 10 rebotes, conseguir quatro roubos de bola e dar três assistências, em 30min38s.
Já Érika entrou no segundo quarto para substituir Alessandra e mais do que deu conta do recado. Sua atuação segura debaixo das tabelas ofensiva e defensiva permitiu que a titular ficasse toda a parcial no banco.
"Tenho que agradecer a Deus, ao Barbosa por confiar em mim e às meninas da seleção que sempre me deram força. Eu superei a contusão, entrei bem e pude ajudar a equipe", comemorou a pivô do Valencia, da Espanha.
A jogadora foi importante para que o Brasil mantivesse seu padrão de jogo. Uma pivô cinco participativa é fundamental no esquema do técnico Antonio Carlos Barbosa, pois obriga a marcação a fechar o garrafão, abrindo espaço para as demais atletas.
"A primeira cesta fez que acabasse o medo e me deixou concentrada no jogo, apenas nos movimentos e não no pé", disse a pivô, que, no quarto período, voltou à ação. Com pouco mais de seis minutos jogados, deu belo toco na pivô Ivana Vecerová e comemorou muito. "Foi para descarregar." No final, ela teve oito pontos, quatro rebotes e o bloqueio derradeiro, em 14min29s.
Janeth torceu o tornozelo direito na partida contra o Canadá, no fim da primeira fase, na segunda-feira. Apesar de ser uma lesão leve, o tempo necessário para recuperação era de uma semana, segundo a comissão técnica brasileira. A ala fez tratamento fisioterápico intensivo nas últimas horas, com aplicações de gelo de 20 minutos a cada duas horas, compressa e trabalho de simulação de movimentos esportivos.
Érika, por sua vez, teve uma lesão grave no tornozelo esquerdo, a uma semana do início do torneio. Lesão que só vai cicatrizar por completo em seis meses, segundo o médico Carlos Eduardo Marques. Ela está atuando com uma proteção especial no tornozelo, chamada aircast, que impede o movimento de torção, mas não limita a mobilidade do pé.
Fonte: UOL
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