quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Samba, Tcheca!





Ah, o basquete! Ah, o Brasil!

Não sei ao certo o que dizer (mais uma vez).

Estava confiante no jogo de hoje, sem qualquer motivo específico. Palpite apenas, como muitos outros que eu já errei no Mundial. Mas a evolução do Brasil na segunda fase me dizia que hoje daria samba. E deu.

No início da tarde, achei que os céus queriam me dizer que estava errado. Mais uma saída pela tangente do trabalho, um sanduíche insípido mastigado na descida da Manuel da Nóbrega e a chuva começou. Entre o sanduíche-íche-íche e a chuva, fiquei com a chuva. Larguei o sanduíche e pernas pra que te quero.

Quando cheguei, a Espanha abria uma vantagem de 10 pontos em cima da Rússia, na primeira semifinal. Logo, uma bica se abriu no teto do ginásio. Respingos na quadra, queda de jogadoras... Dava vergonha. Tanta vergonha quanto o próprio jogo. Rússia e Espanha tiveram um encontro emocionante, mas feio. Muitos erros, muita defesa, pouca inspiração ofensiva. A Espanha se segurou com arremessos a torto e a direito de Valdemoro. No final, as russas fizeram valer a tradição e fecharam o jogo em 60-56. A Espanha parece confirmar sua sina: nadar, nadar e morrer na praia das quartas.

Quando o Brasil entrou em quadra e Janeth se aquecia lentamente, o medo bateu. O que pensar de Janeth, machucada, numa quadra que parecia de gelo?

Quando o crônometro zerou, e o jogo começou, um breve refresco: o Brasil abriu um delicioso 10-2. As tchecas foram buscar. Pensamos: vai ser assim até o fim: ponto lá-ponto cá.

Ledo engano. No segundo quarto, o Brasil começou a abrir uma vantagem que foi se esticando, esticando.

Surpreendentemente, nossa defesa esteve perfeita. As paparicadas Viteckova e Machova não apareceram. Foram engolidas em pleno Ibirapuera.

Com classe, o Brasil fechou o jogo. Emocionante.

Janeth teve uma atuação admirável. Jogou com uma proteção no tornozelo. No ataque, foi uma lady. Cavou suas faltas, garantiu os lances livres, assistiu e fez um par de cestas dignas de replay. Na defesa, foi uma devassa. Recuperou bolas incríveis e se posicionou bem para o rebote. Ai, Janeth!

Helen está uma deusa em quadra. Que alegria vê-la: segura, inteligente, vibrante. Oh, armadora.

Iziane está explosiva. Que determinação, que pontaria. Dá-lhe, Izzy!

Alessandra, a personificação da raça. Uma guerreira. Que jogadora!

E Êga? Vou dar o braço a torcer. Defeitos a parte, Êga está se superando. Seu esforço merece o reconhecimento. Com humildade, Êga está fazendo o trabalho sujo do time, principalmente na defesa. No ataque, tem se ajustado melhor, embora às vezes se empolgue com as tentativas de três pontos. De qualquer maneira, um lance hoje a absolve de tudo. Ao ser substituída por Cíntia, Êga deu um abraço tão verdadeiro na reserva, que sinceramente me comoveu. Um beijo, Êga.

Entre as ditas reservas, quem me alegrou foi Érika. Que maravilha voltar a ver a força dessa pivô. Melhor ainda vê-la vibrando. É isso aí.

Adrianinha esteve igualmente excelente. Salve a mamãe de Aaliha.

Cíntia cobriu muito bem o descanso de Êga. Uma jóia.

Hoje, me preocupa apenas o descanso das alas.

Micaela é uma preciosidade. Na defesa, é perfeita. No entanto, com exceção do jogo da Lituânia, Kaé ainda não conseguir dar asas ao seu jogo no ataque. Força, Menina!

Kelly jogou alguns minutinhos, com interesse.

As irmãs Gustavo ainda não estão prontas. Sil procura a forma. Karen, a afirmação.

Ai, como é bom ganhar jogando bem.

Amanhã, podemos fazer o mesmo. Há quatro anos, vencemos a Austrália, no Mundial da China. Desde então, não repetimos o resultado. Será preciso jogar tão bem como hoje. E mais ainda: será preciso inventar um jeito de brecar as fogueteiras Lauren Jackson e Penny Taylor, juntas responsáveis por 45% dos pontos da Austrália no torneio.


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