Brasil e Estados Unidos disputam bronze na 'final do sonho'
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - O jogo era o ansiado pela torcida: Brasil x Estados Unidos, mas a situação é diferente da almejada. A partida deste sábado, a partir das 9h30, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, era esperada como decisão para o Campeonato Mundial feminino de basquete, mas vai estar valendo ‘apenas’ a medalha de prata. Para alguns isso é frustração, para outros já representa lucro.
Favorita ao título, a seleção norte-americana vais disputar praticamente um prêmio de consolação contra o Brasil. Para a equipe da casa, o significado é diferente. Com todos os problemas estruturais, o técnico Antonio Carlos Barbosa acredita que manter o time entre os quatro melhores já é uma conquista.
“Temos que pôr os pés no chão e entender as limitações”, diz o treinador. “Se você tem o melhor time e não chega é complicado. O time precisa ter a cabeça muito boa para lidar com isso”, explica o treinador em um paralelo com a situação da seleção feminina de vôlei nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. “Conosco é diferente, quando enfrentamos a República Tcheca (quartas-de-final) muitos nos davam como fora. Estarmos entre os quatro surpreende a todos”.
Para as jogadoras, o bronze tem peso de ouro como destaca a ala/armadora Helen. 'Para elas (a eliminação) foi um baque até maior que para nós. Terceiro, quarto lugar para nós é lucro, para elas não. É mais difícil engolir, mas elas vão querer uma medalha de qualquer jeito', avalia a jogadora, lembrando que as adversárias já não brilham mais sozinhas no cenário internacional. 'Elas já não são as melhores, mas vão vir mordidas'.
Iziane, destaque brasileiro na competição, lembra que o grupo precisa levantar a cabeça e garantir a medalha. Mas o páreo não vai ser fácil porque as norte-americanas já avisaram que não estão dispostas a fechar campanha com derrota. O time, campeão das duas últimas edições do torneio, quer o bronze como compensação.
“Elas vão vir mordidas porque estão muito frustradas”, alerta a pivô Alessandra. “Mas temos que ir para cima”, completa a jogadora.
Brasileiras e norte-americanas já se enfrentaram oito vezes em mundiais. Os Estados Unidos venceram cinco vezes, a última na edição de 98. As três vitórias brasileiras foram conquistadas em 1953 (29 a 23), 67 (56 a 44) e 94 (110 a 104), quando o Brasil conquistou o título.
Após derrota, Brasil trabalha espírito para o bronze
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Assim que terminou o confronto contra a Austrália pelas semifinais do Campeonato Mundial feminino de basquete, o técnico Antonio Carlos Barbosa tratou de reunir as jogadoras da seleção brasileira no vestiário para uma conversa séria. O objetivo era dar a volta por cima e focar o trabalho na disputa pelo bronze, sábado, no ginásio do Ibirapuera.
O resultado foi o discurso comum adotado pelas atletas quando voltaram para falar com a imprensa. 'Esta derrota já é passado. Agora temos que pensar na disputa pelo bronze que é um resultado muito bom', disse a ala/armadora Helen ao comentar o resultado da rodada. O técnico Barbosa admitiu que a principal preocupação da conversa foi tirar da cabeça de suas comandadas a idéia que tudo estava acabado.
'Nós ficamos entre os quatro, uma situação que muitas equipes desejavam, mas não conseguiram', lembrou, em uma posição muito semelhante a da ala Janeth. 'Quantas das 16 seleções do Mundial não gostariam de estar no lugar do Brasil?', perguntava.
Para Barbosa, o mais importante é a equipe manter o espírito de luta. 'Não pode é pensar que sem o ouro acabou tudo'. Fora Estados Unidos e União Soviética, a seleção brasileira é a única que já foi campeã mundial (1994). Mas a situação vai mudar neste final de semana, isso porque a decisão será disputada por Austrália e Rússia estreantes em final mundial. 'Estamos escrevendo a história porque esta é a primeira vez que disputamos uma final', lembrou a ala australiana Snell.
'Espiã’, Iziane entrega segredos norte-americanos
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Se depender de informações sobre as adversárias, a seleção brasileira tem tudo para surpreender os Estados Unidos na disputa pelo bronze no Campeonato Mundial feminino de basquete. Com três temporadas de atuação na WNBA, a ala Iziane joga no Seattle Storm, mesma equipe da técnica da seleção norte-americana, Anne Donovan, e garante conhecer até mesmo os sinais das jogadas das oponentes.
Assistindo a jogos anteriores da equipe, Iziane notou que o time manteve as mesmas marcações de jogadas usadas na temporada normal da liga norte-americana. “Eu já sabia o que elas iam fazer”, diz a atleta, que organizou um verdadeiro dossiê sobre as oponentes.
“Tenho um scout report (reunião de dados estatísticos e reportagens) sobre todas. Conheço os pontos fortes e fracos de cada uma”. Do material jornalístico, ela pinçou uma declaração da treinadora para usar como estímulo às companheiras durante a exibição do vídeo com as atuações dos Estados Unidos. “Ela disse que as equipes chegam para jogar contra elas com receio. Falou até sobre a soberania americana”.
É justamente esta postura, que a jogadora acha importante o Brasil evitar. “Anne disse que as equipes já chegam para jogar derrotadas. O grande trunfo é chegar de igual para igual. A seleção tem que chegar mostrando seu valor porque elas não estão acostumadas a jogar atrás”.
Além de Iziane, outras seis jogadoras da seleção tiveram passagens pela WNBA – Érika, Kelly, Cíntia, Alessandra, Helen e Janeth. A ala Janeth ficou duas temporadas sem jogar por lá, mas pretende retornar ao basquete norte-americano no próximo ano. Pioneira na liga profissional e com quatro títulos pelo Houston Comets, Janeth conhece bem algumas das atletas que o Brasil precisará vencer neste sábado.
Sheryl Swoopes, Tina Thompson e Michelle Snow costumavam ser suas companheiras de equipe. “Elas formam o tripé do Houston e temos que ter atenção sobre elas”, alerta, destacando as principais virtudes de algumas norte-americanas. “Tina Thompson joga dentro e fora e é muito boa nos arremessos de três pontos. A Snow é mais nova, mas tem um giro de pivô muito bom. A Taurasi (Diana) é excelente nos três pontos e a Kate Smith, nos arremessos”.
Na lateral, Janeth chama atenção para o potencial de Candance Parker e para a força de DeLisha Milton-Jones. Mas no caso da ala/pivô do Washington Mystics, a brasileira destaca um ponto fraco. “Quando você mexe muito, ela sai do equilíbrio emocional”.
No balanço total das oponentes ao bronze, Janeth é otimista. “É uma equipe muito completa, muito forte, mas que não é mais imbatível”.
O técnico Antonio Carlos Barbosa completa a estratégia brasileira prometendo um trabalho caprichado na defesa para chegar à vitória. Usar o trabalho por zona e garantir um bom rebote defensivo. “Não adianta querer velocidade e não ter coordenação. A Rússia não entrou na correria e elas tiveram dificuldade”.
O duelo entre Brasil e Estados Unidos começa às 9h30, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Guerreiras, pivôs querem dar a cara da seleção
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - O físico não está em seu melhor momento, mas isso não é motivo para as pivôs Alessandra e Érika, da seleção brasileira, diminuírem a determinação na luta pela medalha de bronze no Campeonato Mundial feminino de basquete. Assim como sua reserva, Alessandra tem ignorado os problemas físicos para chegar ao pódio e é essa mesma garra que a dupla espera ver no grupo neste sábado, a partir das 9h30, no ginásio do Ibirapuera.
“Tem que entrar que nem leão ferido. Entrar mordendo o aro”, explica Érika, que ainda trata de uma lesão no tornozelo esquerdo. Este não é seu único problema físico. A jogadora tem atuado com proteção especial nos dedões dos pés porque está com as unhas soltas. “Também estou com a garganta inflamada, mas nada disso importa. O que eu quero é dar o meu máximo para ajudar a equipe e poder almoçar com a minha família feliz no domingo”.
Alessandra ainda não tem certeza se poderá jogar porque machucou o ombro esquerdo na semifinal contra a Austrália. Além disso, ela precisa tomar um cuidado todo especial com o pé esquerdo que foi operado no ano passado e recebeu 50 pontos para tratar de um problema no tarso e de uma facite plantar. “Preciso fazer massagem todo dia”, admite a atleta, que reconhece e valoriza o sacrifício. “Esta é a cara que a gente quer na seleção. Temos que fazer o melhor, não importando quem estiver lá”.
Rússia serve de exemplo para brasileiras
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - A ala Micaela passou a noite em claro. 'Não consegui dormir. Normalmente quando perco passo a noite em claro. Ficava querendo que voltasse aquele último quarto, porque o jogo era nosso', confessa a jogadora, lembrando da derrota brasileira para a Austrália na semifinal do Campeonato Mundial feminino de basquete. 'Quando penso que a Rússia está na final fico com raiva porque nós também poderíamos estar lá'. A seleção russa surpreendeu os Estados Unidos na outra semi e fará a decisão contra as australianas.
'Não é menosprezando a Rússia, mas sinceramente esperava os Estados Unidos na final. Pelo retrospecto das russas no torneio (três derrotas) todo mundo achava isso. Mas o fato é que elas entraram com outra pegada, elas jogaram o jogo e foram para cima', elogia. 'Fica a lição que qualquer um pode vencer. Os Estados Unidos não são mais aquele dream team. Tina Thompson e Sheryl Swoopes estão deixando as mais novas jogarem e elas podem ser boas, mas não têm tanta experiência'.
A veterana pivô Alessandra também viu no exemplo russo uma lição a ser aprendida. 'Foi uma aula de superação. A frieza foi a grande lição para o mundo', elogiou a jogadora. 'Não podemos cometer vários erros que cometemos (contra a Austrália). Na hora que abriram (as russas) 20 pontos, elas passaram a controlar o jogo, gastando tempo na posse de bola. Nós, não. Abrimos sete e na ânsia entramos na correria de querer pontuar e pecamos nisso. Tomamos três bolas de três no contra-ataque, isso mata'.
Machucada, Alessandra pode não enfrentar EUA
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Primeiro Érika, depois Janeth, agora Alessandra. O departamento médico da seleção brasileira feminina de basquete ganhou mais uma cliente e o técnico Antonio Carlos Barbosa, uma dúvida. No confronto contra a Austrália, a pivô sofreu um estiramento no ombro esquerdo e corre o risco de não enfrentar os Estados Unidos na disputa pela medalha de bronze no Campeonato Mundial feminino de basquete, neste sábado, às 9h30, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
A contusão ocorreu ainda no primeiro quarto, segundo a jogadora, em sua segunda disputa pela bola. 'Me puxaram, mas não vi quem foi. É muito difícil porque jogo o tempo todo com duas grandalhonas e marcando e uma anã tentando bater a bola. É duro ter que virar com três na marcação'.
De ontem para hoje, ela teve uma noite difícil e só conseguiu dormir à 1h30. 'Ainda está inflamado demais', explica.
Mesmo com as dores, Alessandra espera poder entrar em quadra contra as norte-americanas. 'Espero poder jogar, quero ter o prazer de contribuir porque esta pode ser a última vez na minha carreira', diz a jogadora de 32, deixando aberta a possibilidade de não voltar a defender a seleção brasileira.
Parceira de quarto de Érika, a pivô ainda encontra bom-humor para fazer piada com a situação. 'É a dupla sertaneja: acabada e destruída'.
Reserva imediata de Alessandra, Érika também está fora dos 100%. Além da contusão no tornozelo que a deixou fora de combate em toda a primeira fase, ela praticamente perdeu as unhas dos dois dedões do pé por causa do uso constante de tênis e de pressão. 'Hoje foi feita uma drenagem das unhas para retirada de hematoma', explica o médico.
Andando com os dedos enfaixados e ainda com o tornozelo bastante inchado, Érika garante que isso não será problema para sua participação. 'Passei por tanta coisa até aqui, não vai ser uma unha que irá me tirar do jogo', promete.
No caso de Alessandra, tudo depende da resposta ao tratamento. As dores, além do incômodo, acabam por limitar sua movimentação, reconhece. 'Este é um jogo decisivo e não tem piora (da lesão) pelo fato de jogar ou não. Depende de como estiver a dor, se ela quiser jogar não temos porque impedir', completa Fabiano Cunha, outro médico da equipe.
Em final inédita, Rússia e Austrália tentam chegar ao topo
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Em 14 edições já realizadas do Campeonato Mundial feminino de basquete, somente três seleções já ocuparam o topo do pódio: Estados Unidos (7), União Soviética (6) e Brasil (1). Neste domingo, Rússia e Austrália disputarão a honra de entrar neste seleto grupo, a partir das 14 horas, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Apesar de nunca terem vencido o torneio, as duas equipes são frequentadoras assíduas do pódio nos últimos anos.
As russas ficaram com o vice em 1998 e 2002. A Austrália foi bronze nas mesmas oportunidades. Agora, é lutar para quebrar a tradição.
Destaque da Rússia no torneio, a armadora Ilona Korstin lembra que a equipe ganhou muito mais auto-confiança após derrotar os Estados Unidos na semifinal. O confronto foi uma vingança pelas duas últimas decisões, quando as norte-americanas levaram a melhor.
Quem acompanha a modalidade de perto não chegou a se surpreender. 'Estava na hora, a qualquer momento isso iria acontecer', afirma o técnico da seleção brasileira, Antonio Carlos Barbosa. Para confirmar sua teoria, ele lembra os jogos no Mundial de 98 e na semifinal olímpica em Atenas-2004. 'Em Berlim, as americanas venceram (71 a 65) com ajuda da arbitragem. Em Atenas (66 a 62) também foi na bacia das almas'.
Destacando a altura das européias, Barbosa lembra que contra os EUA elas conseguiram impôr seu ritmo sem se deixar levar pela correria que caracteriza o estilo norte-americano. 'Resta saber se elas vão fazer a Austrália entrar no ritmo delas ou se será o contrário'.
Mesmo com as duas terceiras colocações consecutivas, as australianas podem ser tidas como levemente favoritas para este duelo. São a única seleção ainda invicta no Mundial e na última olimpíada também se deu melhor. Na Grécia, a Austrália ficou com a prata, uma posição acima de suas próximas adversárias.
Mas nem tudo é tranquilidade no front australiano. Nesta sexta-feira, a ala Penny Taylor, uma de suas principais pontuadoras, não treinou com o grupo. A técnica Jan Stirling preferiu poupar a jogadora que deixou a quadra na quinta-feira com dores na região próxima à virilha.
Já a Rússia acumula três derrotas em São Paulo. Perdeu para os Estados Unidos (90 a 80) na primeira fase e para a França (74 a 64) nas oitavas-de-final. Mas aparece nas estatísticas como a equipe com melhor aproveitamento nos arremessos de dois pontos (51%). A Austrália também não tem do que reclamar, tem o melhor ataque do torneio (média de 85,1 pontos por jogo) e é a segunda mais eficiente nos fundamentos gerais, atrás apenas dos Estados Unidos.
Grego: Se chover a gente seca
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - O presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Gerasime Grego Bozikis, não se deixou abalar pelo comunicado oficial enviado pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) sobre os problemas de goteira no ginásio do Ibirapuera durante a realização da competição. Sábado e quarta-feira alguns jogos tiveram de ser disputados com a ação constante da equipe de apoio para secagem da quadra.
'Demos garantia que estamos trabalhando para resolver a situação', afirmou o dirigente, justificando o contratempo com a idade do ginásio. 'Por melhor que seja o trabalho, são 50 anos', disse, usando de bom-humor para contornar o constrangimento. 'Mandamos um fax para São Pedro (antes), que não chegou. Hoje, enviamos outro', brincou, comunicando qual será a medida adotada pela organização caso volte a chover durante os confrontos. 'Se chover, nós vamos enxugar'.
Na opinião de Grego, a situação precária da instalação oferecida para o torneio não irá comprometer uma futura candidatura nacional para outro Mundial. 'Para outra candidatura teremos outras arenas e sei que há um projeto para recuperar o Ibirapuera', explicou, referindo-se aos ginásios que estão sendo construídos no Rio de Janeiro para os Jogos Pan-americanos.
A campeã mundial Paula, que também assistiu ao confronto entre Brasil e Austrália pelas semifinais, destacou que 'goteira não é um privilégio de São Paulo', mas criticou a ausência de instalações esportivas com nível internacional na cidade. 'São Paulo precisa de uma arena multiuso. De que adianta o basquete evoluir se a estrutura não evolui'.
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - O jogo era o ansiado pela torcida: Brasil x Estados Unidos, mas a situação é diferente da almejada. A partida deste sábado, a partir das 9h30, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, era esperada como decisão para o Campeonato Mundial feminino de basquete, mas vai estar valendo ‘apenas’ a medalha de prata. Para alguns isso é frustração, para outros já representa lucro.
Favorita ao título, a seleção norte-americana vais disputar praticamente um prêmio de consolação contra o Brasil. Para a equipe da casa, o significado é diferente. Com todos os problemas estruturais, o técnico Antonio Carlos Barbosa acredita que manter o time entre os quatro melhores já é uma conquista.
“Temos que pôr os pés no chão e entender as limitações”, diz o treinador. “Se você tem o melhor time e não chega é complicado. O time precisa ter a cabeça muito boa para lidar com isso”, explica o treinador em um paralelo com a situação da seleção feminina de vôlei nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. “Conosco é diferente, quando enfrentamos a República Tcheca (quartas-de-final) muitos nos davam como fora. Estarmos entre os quatro surpreende a todos”.
Para as jogadoras, o bronze tem peso de ouro como destaca a ala/armadora Helen. 'Para elas (a eliminação) foi um baque até maior que para nós. Terceiro, quarto lugar para nós é lucro, para elas não. É mais difícil engolir, mas elas vão querer uma medalha de qualquer jeito', avalia a jogadora, lembrando que as adversárias já não brilham mais sozinhas no cenário internacional. 'Elas já não são as melhores, mas vão vir mordidas'.
Iziane, destaque brasileiro na competição, lembra que o grupo precisa levantar a cabeça e garantir a medalha. Mas o páreo não vai ser fácil porque as norte-americanas já avisaram que não estão dispostas a fechar campanha com derrota. O time, campeão das duas últimas edições do torneio, quer o bronze como compensação.
“Elas vão vir mordidas porque estão muito frustradas”, alerta a pivô Alessandra. “Mas temos que ir para cima”, completa a jogadora.
Brasileiras e norte-americanas já se enfrentaram oito vezes em mundiais. Os Estados Unidos venceram cinco vezes, a última na edição de 98. As três vitórias brasileiras foram conquistadas em 1953 (29 a 23), 67 (56 a 44) e 94 (110 a 104), quando o Brasil conquistou o título.
Após derrota, Brasil trabalha espírito para o bronze
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Assim que terminou o confronto contra a Austrália pelas semifinais do Campeonato Mundial feminino de basquete, o técnico Antonio Carlos Barbosa tratou de reunir as jogadoras da seleção brasileira no vestiário para uma conversa séria. O objetivo era dar a volta por cima e focar o trabalho na disputa pelo bronze, sábado, no ginásio do Ibirapuera.
O resultado foi o discurso comum adotado pelas atletas quando voltaram para falar com a imprensa. 'Esta derrota já é passado. Agora temos que pensar na disputa pelo bronze que é um resultado muito bom', disse a ala/armadora Helen ao comentar o resultado da rodada. O técnico Barbosa admitiu que a principal preocupação da conversa foi tirar da cabeça de suas comandadas a idéia que tudo estava acabado.
'Nós ficamos entre os quatro, uma situação que muitas equipes desejavam, mas não conseguiram', lembrou, em uma posição muito semelhante a da ala Janeth. 'Quantas das 16 seleções do Mundial não gostariam de estar no lugar do Brasil?', perguntava.
Para Barbosa, o mais importante é a equipe manter o espírito de luta. 'Não pode é pensar que sem o ouro acabou tudo'. Fora Estados Unidos e União Soviética, a seleção brasileira é a única que já foi campeã mundial (1994). Mas a situação vai mudar neste final de semana, isso porque a decisão será disputada por Austrália e Rússia estreantes em final mundial. 'Estamos escrevendo a história porque esta é a primeira vez que disputamos uma final', lembrou a ala australiana Snell.
'Espiã’, Iziane entrega segredos norte-americanos
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Se depender de informações sobre as adversárias, a seleção brasileira tem tudo para surpreender os Estados Unidos na disputa pelo bronze no Campeonato Mundial feminino de basquete. Com três temporadas de atuação na WNBA, a ala Iziane joga no Seattle Storm, mesma equipe da técnica da seleção norte-americana, Anne Donovan, e garante conhecer até mesmo os sinais das jogadas das oponentes.
Assistindo a jogos anteriores da equipe, Iziane notou que o time manteve as mesmas marcações de jogadas usadas na temporada normal da liga norte-americana. “Eu já sabia o que elas iam fazer”, diz a atleta, que organizou um verdadeiro dossiê sobre as oponentes.
“Tenho um scout report (reunião de dados estatísticos e reportagens) sobre todas. Conheço os pontos fortes e fracos de cada uma”. Do material jornalístico, ela pinçou uma declaração da treinadora para usar como estímulo às companheiras durante a exibição do vídeo com as atuações dos Estados Unidos. “Ela disse que as equipes chegam para jogar contra elas com receio. Falou até sobre a soberania americana”.
É justamente esta postura, que a jogadora acha importante o Brasil evitar. “Anne disse que as equipes já chegam para jogar derrotadas. O grande trunfo é chegar de igual para igual. A seleção tem que chegar mostrando seu valor porque elas não estão acostumadas a jogar atrás”.
Além de Iziane, outras seis jogadoras da seleção tiveram passagens pela WNBA – Érika, Kelly, Cíntia, Alessandra, Helen e Janeth. A ala Janeth ficou duas temporadas sem jogar por lá, mas pretende retornar ao basquete norte-americano no próximo ano. Pioneira na liga profissional e com quatro títulos pelo Houston Comets, Janeth conhece bem algumas das atletas que o Brasil precisará vencer neste sábado.
Sheryl Swoopes, Tina Thompson e Michelle Snow costumavam ser suas companheiras de equipe. “Elas formam o tripé do Houston e temos que ter atenção sobre elas”, alerta, destacando as principais virtudes de algumas norte-americanas. “Tina Thompson joga dentro e fora e é muito boa nos arremessos de três pontos. A Snow é mais nova, mas tem um giro de pivô muito bom. A Taurasi (Diana) é excelente nos três pontos e a Kate Smith, nos arremessos”.
Na lateral, Janeth chama atenção para o potencial de Candance Parker e para a força de DeLisha Milton-Jones. Mas no caso da ala/pivô do Washington Mystics, a brasileira destaca um ponto fraco. “Quando você mexe muito, ela sai do equilíbrio emocional”.
No balanço total das oponentes ao bronze, Janeth é otimista. “É uma equipe muito completa, muito forte, mas que não é mais imbatível”.
O técnico Antonio Carlos Barbosa completa a estratégia brasileira prometendo um trabalho caprichado na defesa para chegar à vitória. Usar o trabalho por zona e garantir um bom rebote defensivo. “Não adianta querer velocidade e não ter coordenação. A Rússia não entrou na correria e elas tiveram dificuldade”.
O duelo entre Brasil e Estados Unidos começa às 9h30, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Guerreiras, pivôs querem dar a cara da seleção
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - O físico não está em seu melhor momento, mas isso não é motivo para as pivôs Alessandra e Érika, da seleção brasileira, diminuírem a determinação na luta pela medalha de bronze no Campeonato Mundial feminino de basquete. Assim como sua reserva, Alessandra tem ignorado os problemas físicos para chegar ao pódio e é essa mesma garra que a dupla espera ver no grupo neste sábado, a partir das 9h30, no ginásio do Ibirapuera.
“Tem que entrar que nem leão ferido. Entrar mordendo o aro”, explica Érika, que ainda trata de uma lesão no tornozelo esquerdo. Este não é seu único problema físico. A jogadora tem atuado com proteção especial nos dedões dos pés porque está com as unhas soltas. “Também estou com a garganta inflamada, mas nada disso importa. O que eu quero é dar o meu máximo para ajudar a equipe e poder almoçar com a minha família feliz no domingo”.
Alessandra ainda não tem certeza se poderá jogar porque machucou o ombro esquerdo na semifinal contra a Austrália. Além disso, ela precisa tomar um cuidado todo especial com o pé esquerdo que foi operado no ano passado e recebeu 50 pontos para tratar de um problema no tarso e de uma facite plantar. “Preciso fazer massagem todo dia”, admite a atleta, que reconhece e valoriza o sacrifício. “Esta é a cara que a gente quer na seleção. Temos que fazer o melhor, não importando quem estiver lá”.
Rússia serve de exemplo para brasileiras
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - A ala Micaela passou a noite em claro. 'Não consegui dormir. Normalmente quando perco passo a noite em claro. Ficava querendo que voltasse aquele último quarto, porque o jogo era nosso', confessa a jogadora, lembrando da derrota brasileira para a Austrália na semifinal do Campeonato Mundial feminino de basquete. 'Quando penso que a Rússia está na final fico com raiva porque nós também poderíamos estar lá'. A seleção russa surpreendeu os Estados Unidos na outra semi e fará a decisão contra as australianas.
'Não é menosprezando a Rússia, mas sinceramente esperava os Estados Unidos na final. Pelo retrospecto das russas no torneio (três derrotas) todo mundo achava isso. Mas o fato é que elas entraram com outra pegada, elas jogaram o jogo e foram para cima', elogia. 'Fica a lição que qualquer um pode vencer. Os Estados Unidos não são mais aquele dream team. Tina Thompson e Sheryl Swoopes estão deixando as mais novas jogarem e elas podem ser boas, mas não têm tanta experiência'.
A veterana pivô Alessandra também viu no exemplo russo uma lição a ser aprendida. 'Foi uma aula de superação. A frieza foi a grande lição para o mundo', elogiou a jogadora. 'Não podemos cometer vários erros que cometemos (contra a Austrália). Na hora que abriram (as russas) 20 pontos, elas passaram a controlar o jogo, gastando tempo na posse de bola. Nós, não. Abrimos sete e na ânsia entramos na correria de querer pontuar e pecamos nisso. Tomamos três bolas de três no contra-ataque, isso mata'.
Machucada, Alessandra pode não enfrentar EUA
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Primeiro Érika, depois Janeth, agora Alessandra. O departamento médico da seleção brasileira feminina de basquete ganhou mais uma cliente e o técnico Antonio Carlos Barbosa, uma dúvida. No confronto contra a Austrália, a pivô sofreu um estiramento no ombro esquerdo e corre o risco de não enfrentar os Estados Unidos na disputa pela medalha de bronze no Campeonato Mundial feminino de basquete, neste sábado, às 9h30, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
A contusão ocorreu ainda no primeiro quarto, segundo a jogadora, em sua segunda disputa pela bola. 'Me puxaram, mas não vi quem foi. É muito difícil porque jogo o tempo todo com duas grandalhonas e marcando e uma anã tentando bater a bola. É duro ter que virar com três na marcação'.
De ontem para hoje, ela teve uma noite difícil e só conseguiu dormir à 1h30. 'Ainda está inflamado demais', explica.
Mesmo com as dores, Alessandra espera poder entrar em quadra contra as norte-americanas. 'Espero poder jogar, quero ter o prazer de contribuir porque esta pode ser a última vez na minha carreira', diz a jogadora de 32, deixando aberta a possibilidade de não voltar a defender a seleção brasileira.
Parceira de quarto de Érika, a pivô ainda encontra bom-humor para fazer piada com a situação. 'É a dupla sertaneja: acabada e destruída'.
Reserva imediata de Alessandra, Érika também está fora dos 100%. Além da contusão no tornozelo que a deixou fora de combate em toda a primeira fase, ela praticamente perdeu as unhas dos dois dedões do pé por causa do uso constante de tênis e de pressão. 'Hoje foi feita uma drenagem das unhas para retirada de hematoma', explica o médico.
Andando com os dedos enfaixados e ainda com o tornozelo bastante inchado, Érika garante que isso não será problema para sua participação. 'Passei por tanta coisa até aqui, não vai ser uma unha que irá me tirar do jogo', promete.
No caso de Alessandra, tudo depende da resposta ao tratamento. As dores, além do incômodo, acabam por limitar sua movimentação, reconhece. 'Este é um jogo decisivo e não tem piora (da lesão) pelo fato de jogar ou não. Depende de como estiver a dor, se ela quiser jogar não temos porque impedir', completa Fabiano Cunha, outro médico da equipe.
Em final inédita, Rússia e Austrália tentam chegar ao topo
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Em 14 edições já realizadas do Campeonato Mundial feminino de basquete, somente três seleções já ocuparam o topo do pódio: Estados Unidos (7), União Soviética (6) e Brasil (1). Neste domingo, Rússia e Austrália disputarão a honra de entrar neste seleto grupo, a partir das 14 horas, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Apesar de nunca terem vencido o torneio, as duas equipes são frequentadoras assíduas do pódio nos últimos anos.
As russas ficaram com o vice em 1998 e 2002. A Austrália foi bronze nas mesmas oportunidades. Agora, é lutar para quebrar a tradição.
Destaque da Rússia no torneio, a armadora Ilona Korstin lembra que a equipe ganhou muito mais auto-confiança após derrotar os Estados Unidos na semifinal. O confronto foi uma vingança pelas duas últimas decisões, quando as norte-americanas levaram a melhor.
Quem acompanha a modalidade de perto não chegou a se surpreender. 'Estava na hora, a qualquer momento isso iria acontecer', afirma o técnico da seleção brasileira, Antonio Carlos Barbosa. Para confirmar sua teoria, ele lembra os jogos no Mundial de 98 e na semifinal olímpica em Atenas-2004. 'Em Berlim, as americanas venceram (71 a 65) com ajuda da arbitragem. Em Atenas (66 a 62) também foi na bacia das almas'.
Destacando a altura das européias, Barbosa lembra que contra os EUA elas conseguiram impôr seu ritmo sem se deixar levar pela correria que caracteriza o estilo norte-americano. 'Resta saber se elas vão fazer a Austrália entrar no ritmo delas ou se será o contrário'.
Mesmo com as duas terceiras colocações consecutivas, as australianas podem ser tidas como levemente favoritas para este duelo. São a única seleção ainda invicta no Mundial e na última olimpíada também se deu melhor. Na Grécia, a Austrália ficou com a prata, uma posição acima de suas próximas adversárias.
Mas nem tudo é tranquilidade no front australiano. Nesta sexta-feira, a ala Penny Taylor, uma de suas principais pontuadoras, não treinou com o grupo. A técnica Jan Stirling preferiu poupar a jogadora que deixou a quadra na quinta-feira com dores na região próxima à virilha.
Já a Rússia acumula três derrotas em São Paulo. Perdeu para os Estados Unidos (90 a 80) na primeira fase e para a França (74 a 64) nas oitavas-de-final. Mas aparece nas estatísticas como a equipe com melhor aproveitamento nos arremessos de dois pontos (51%). A Austrália também não tem do que reclamar, tem o melhor ataque do torneio (média de 85,1 pontos por jogo) e é a segunda mais eficiente nos fundamentos gerais, atrás apenas dos Estados Unidos.
Grego: Se chover a gente seca
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - O presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Gerasime Grego Bozikis, não se deixou abalar pelo comunicado oficial enviado pela Federação Internacional de Basquete (Fiba) sobre os problemas de goteira no ginásio do Ibirapuera durante a realização da competição. Sábado e quarta-feira alguns jogos tiveram de ser disputados com a ação constante da equipe de apoio para secagem da quadra.
'Demos garantia que estamos trabalhando para resolver a situação', afirmou o dirigente, justificando o contratempo com a idade do ginásio. 'Por melhor que seja o trabalho, são 50 anos', disse, usando de bom-humor para contornar o constrangimento. 'Mandamos um fax para São Pedro (antes), que não chegou. Hoje, enviamos outro', brincou, comunicando qual será a medida adotada pela organização caso volte a chover durante os confrontos. 'Se chover, nós vamos enxugar'.
Na opinião de Grego, a situação precária da instalação oferecida para o torneio não irá comprometer uma futura candidatura nacional para outro Mundial. 'Para outra candidatura teremos outras arenas e sei que há um projeto para recuperar o Ibirapuera', explicou, referindo-se aos ginásios que estão sendo construídos no Rio de Janeiro para os Jogos Pan-americanos.
A campeã mundial Paula, que também assistiu ao confronto entre Brasil e Austrália pelas semifinais, destacou que 'goteira não é um privilégio de São Paulo', mas criticou a ausência de instalações esportivas com nível internacional na cidade. 'São Paulo precisa de uma arena multiuso. De que adianta o basquete evoluir se a estrutura não evolui'.
Fonte: Gazeta Esportiva
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