quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Rainhas do basquete estão indecisas sobre ‘sim’ no referendo

Renan Cacioli
Do Diário do Grande ABC


Dentro das quadras, elas entraram para a história graças à precisão de seus arremessos e cestas, tanto nos clubes pelos quais passaram quanto na Seleção Brasileira. Fora do garrafão, no entanto, Hortência, Paula e Janeth ainda não definiram com 100% de certeza qual lado apoiar no referendo sobre o desarmamento, marcado para o dia 23. A única que esboça mais convicção no voto é Hortência, que mês passado entrou para o Hall da Fama do basquete mundial.

"Eu sou contra o comércio, vou votar no ‘sim’. Eu não tenho 100% de certeza de que isso vai resolver ou que vai ajudar, mas acho que é uma saída para a violência, uma luz no fim do túnel", afirma a ex-ala campeã mundial de 1994, que faz uma ressalva: "É um precedente muito perigoso que nós vamos abrir mão, que é o direito de você optar. Cada vez que eu abro mão de um direito que eu tenho, é um direito a menos", alerta Hortência.

Para impedir que os altos índices de violência no país sejam mantidos caso o comércio de armas de fogo e munição realmente seja proibido, Hortência aponta a cobrança da população aos políticos como única maneira de o referendo dar certo. "Nós temos uma arma muito forte que é o voto. Não é só se mobilizar para votar no ‘sim‘ ou no ‘não‘. É também se mobilizar para tirar aquelas pessoas que não vão dar condições para que a gente ande desarmado", diz a ex-atleta.

Se Hortência praticamente definiu seu voto, sua antiga companheira de Seleção, a ex-armadora Magic Paula, afirma não ter ainda opinião formada sobre o assunto. "Principalmente porque acho que está faltando um debate maior, esclarecimentos", ressalta a medalhista de prata nos Jogos de Atlanta (1996). "Me parece algo para que possamos esquecer um pouco de tanta sujeira", diz Paula em referência ao atual cenário político do país.

Exemplo de fora – Única das três a continuar em atividade como atleta, Janeth Arcain acaba de voltar da oitava temporada pela WNBA, a liga de basquete profissional norte-americana, onde já conquistou quatro títulos pelo Houston Comets. Há cerca de 25 dias no Brasil, ela tem acompanhado um pouco de cada propaganda eleitoral para decidir seu voto. "Eu ainda estou indecisa, assisto programas que passam para analisar melhor e definir minha opinião", comenta a jogadora.

Moradora de Santo André há 12 anos, onde já foi assaltada duas vezes com arma de fogo, Janeth traz dos Estados Unidos uma experiência diferente para analisar a situação brasileira. "Devida à lei rígida do Texas, que tem pena de morte, isso não é tão exposto. Então, eu não via muita coisa com relação a assaltos, tiros. Eram coisas pequenas, em bares, supermercados ou postos de gasolina."

Fonte: Diário do Grande ABC

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