Discreto, Nacional Feminino dá início às semifinais

Daniel Brito

Da forma mais discreta possível, o Nacional Feminino de Basquete chega nesta terça-feira à semifinal. A competição iniciada em 7 de outubro, com nove equipes de quatro Estados, realizou 72 jogos ao longo de oito semanas e resumiu a disputa pelo título a quatro paulistas, numa semifinal em melhor-de-cinco jogos.

Ourinhos, líder da fase de classificação com 15 vitórias após 16 apresentações, recebe, às 18 horas, o surpreendente Santo André. Na outra chave, Americana, segundo melhor time do Nacional, recebe Catanduva, às 20 horas, os dois jogos com transmissão pela TV.

Com o status de atual tetracampeão, o Ourinhos já é dado como certo em mais uma decisão pela própria técnica adversária. "Para ser bem razoável, posso dizer que não existe chance para meu time", avisou Laís Elena, treinadora de Santo André. A equipe do ABC classificou-se em quarto após uma vitória emocionante sobre o estruturado time de São Bernardo no domingo, por 80 a 71. O placar foi decisivo para a classificação do time de Laís, que alcançou as mesmas oito vitórias de São Bernardo. Avançou porque sofreu 32 pontos a menos.

A semifinal contra o poderoso Ourinhos é o mais longe que as meninas do ABC poderiam chegar. "Tenho atuado apenas com seis jogadoras, porque tenho cinco atletas da base: três juvenis e duas do infanto", justificou.

Urubatan Paccini, que substituiu o técnico da seleção brasileira feminina, Paulo Bassul, no comando de Ourinhos, prefere não cantar vitória antes do tempo. "Playoff é um outro campeonato. Não tem tempo para se recuperar de uma derrota", opinou o treinador, que tem no time cinco atletas que disputaram os Jogos Olímpicos de Pequim. "Se a gente levar uma bordoada em casa já inverte tudo e a decisão será na casa deles, o que complica muito."

O equilíbrio, ao contrário, deve ser a marca do confronto entre Americana e Cantanduva. A segunda colocada na fase de classificação, Americana, retornou ao Nacional organizado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB) após três temporadas de ausência. Sob o comando da ex-jogadora da seleção Branca, medalha de prata nos Jogos de Atlanta e irmã de Magic Paula, a equipe perdeu somente dois dos 16 jogos. Um deles justamente para o Catanduva.

Recém-chegada do basquete espanhol, onde atuou por duas temporadas, a ala-armadora Palmira tem média de 19 pontos por partida e lidera o time catanduvense. Só perde para a pivô do eliminado Sport Recife, Tayara, com 20. "Essa estatística pode ajudar as outras jogadoras da minha equipe a pontuar mais, já que estarei muito marcada nesta semifinal", afirmou.

EM DEFESA

Os protagonistas desta edição do Nacional são ferrenhos defensores da competição. Com apenas nove equipes, cinco delas de São Paulo, sem jogadoras de grande expressão no cenário internacional e baseado em disputas regionalizadas - como é o caso da rivalidade entre Americana e Ourinhos, por exemplo -, o Nacional da CBB ainda assim merece rasgados elogios.

"Sempre questiono os jornalistas que escrevem sobre o basquete feminino, porque o vôlei feminino tem apenas 10 ou 12 equipes, no handebol, seis ou oito", alegou Laís Elena, treinadora do Santo André. "O basquete feminino nunca foi de quantidade e sim de qualidade. Diferentemente do masculino, onde a qualidade é fraca, apesar do grande número de equipes", disparou.

Laís citou o êxodo para a Europa de atletas de nível de seleção como fator decisivo para falta de clubes. "Temos 32 jogadoras lá fora e nosso campeonato mantém um patamar de bom para razoável."

Urubatan Paccini, rival de Laís na semifinal, acredita que o nível do Nacional 2008 está muito mais alto do que o anterior. "No ano passado tínhamos nove equipes na competição, mas as quatro semifinalistas já estavam bem definidas", lembrou. "Neste ano, eram seis equipes disputando quatro vagas e dois times bons ficaram de fora", disse, citando Sport e São Bernardo.

Fonte: O Estado de São Paulo