quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Responsabilidade em dobro

Por Fábio Zambeli no Rebote


Amistosos de luxo. Com essa definição da comissão técnica brasileira, a seleção feminina embarcou para a seqüência de jogos da Copa América, cuja largada está marcada para esta quarta-feira em Santo Domingo, na República Dominicana.
A avaliação feita pelo treinador Antonio Carlos Barbosa soa simplista demais. Afinal, o Brasil defende a hegemonia continental e entra em quadra com o status de país-sede do Mundial de 2006 – o que, apesar de assegurar a vaga antecipada, confere ao selecionado brazuca responsabilidades de sobra na competição que se inicia.

Com a ausência das norte-americanas, as brasileiras passam a ter a obrigação de trazer o caneco.

As rivais mais parelhas prometem ser as canadenses e cubanas – ambas verdadeiras freguesas no retrospecto recente.

E, para a missão, a seleção coloca em ação uma espécie de time B. Das 12 relacionadas para o certame, seis têm chances de figurar na lista do Mundial.

A grande estrela é a pivô Érika, do Barcelona, candidata a MVP do Torneio das Américas. Aos 23 anos e com 1,97m, aparece como líder da equipe de Barbosa e toda-poderosa nos garrafões. Mostra irrepreensível progresso nos tiros de meia distância – meta, aliás, perseguida por ela desde o fim da temporada espanhola, seguindo orientação da treinadora Maria Helena Cardoso.

De olho no tri das Américas, a campanha preliminar da seleção foi marcada pela regularidade. Foram 19 partidas e somente um revés, diante da Itália, por um ponto de diferença, nos domínios das adversárias.

Segundo o próprio Barbosa, o período foi marcado por “experimentações”. Sua idéia foi ampliar a base de selecionáveis e dar experiência a jogadoras com reduzida cancha internacional.

O rol de oponentes não foi dos mais expressivos. Entre os times europeus, por exemplo, só adversárias do chamado segundo escalão, como Itália e Grécia.

A ausência dos sparrings de peso certamente não fará falta na Copa América, mas dispara um alarme se a comissão técnica persistir em um planejamento contínuo com vistas ao pódio no próximo ano.

O Europeu recém-encerrado na Turquia mostrou ao mundo que seleções como República Tcheca, Rússia, Espanha, Lituânia e França desembarcarão em solo tupiniquim almejando medalha. A competição revelou ainda outro dado preocupante: o contato físico está cada vez mais tolerado nas arbitragens européias – o que favorece as truculentas do Leste Europeu nos matchups.

Enquanto isso, na Copa América, que terá arbitragem predominantemente centro-americana (sete dos 11 nomes escolhidos estão no eixo caribenho), a obrigação do ouro e as implicações de tal tarefa parecem ser o mais duro obstáculo a ser transposto.

Esvaziada com as desistências das seleções colombiana e guatemalteca, a competição contará com seis times em um formato tradicional de confrontos entre todos e classificação das quatro melhores para as semifinais.

O emparelhamento para a fase derradeira exige que o Brasil termine em primeiro lugar a etapa de classificação para evitar um embate com Cuba ou Canadá na semifinal, poupando energias para a decisão.

Na estréia, marcada para as 20h desta quarta, a seleção encara as argentinas, em fase ascendente, mas distantes de oferecer algum risco.

Mais uma vez a participação brasileira será rastreada pelos dois principais canais esportivos de TV paga do país – Sportv e ESPN Brasil anunciam as transmissões.

Depois do título conquistado pela seleção masculina, confirmando o favoritismo, as meninas de Barbosa herdaram o dever de consolidar a intertemporada vitoriosa do bola-ao-cesto nacional em 2005.

Que cumpram com louvor o dever de casa.

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Zona Morta

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))) Hortência ingressou com pompa e circunstância no Hall da Fama do basquete na última quinta-feira. Os méritos da Rainha são inquestionáveis e o feito é digno de reverência. Boa parte do teor de seu discurso ao ser agraciada com a comenda em Springfield, entretanto, foi infeliz. O primeiro escorregão foi mencionar que ela emergira em um país sem tradição na modalidade (embora fragilizado atualmente, o Brasil é uma potência mundial louvada pela Fiba). A segunda, fruto de um ufanismo que em nada colabora com o esporte, foi a menção à crise política, descabida e inoportuna. As façanhas na carreira da jogadora dispensavam o apelo à pieguice, evidenciado na solenidade.

))) Depois de contratar a ala Micaela, o poderoso time de Ourinhos pode contar com um reforço internacional de altíssimo nível para a disputa do Mundial de Moscou, em outubro próximo. O site Ourinhosbasket informa que a australiana Lauren Jackson, do Seattle Storm, da WNBA, está sendo sondada pelo dirigente Francisco Quagliato. A ala-pivô é uma das estrelas de primeira grandeza do bola-ao-cesto mundial, mas sua contratação para o torneio serviria também como boa plataforma de marketing para o conjunto ourinhense.

))) Começa no sábado, dia 16, o Europeu masculino, reunindo 16 seleções. Certamente, trata-se da competição mais importante do ano no globo. O torcedor brasileiro terá o privilégio de acompanhá-la de perto via ESPN Brasil, que anuncia a exibição do evento de forma inédita. A mesma emissora acaba de proporcionar ao aficionado brazuca a chance de assistir ao Eurobasket feminino, vencido de forma dramática pelas tchecas ante as russas na final por 72 a 70.


Fonte: Rebote

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