quarta-feira, 14 de setembro de 2005

A dúvida continua

Coluna - Juarez Araújo

Há um mês, escrevi uma coluna cujo tema era: Duas Ligas no Brasil? É
o fim. E cada vez que passa um mês e vai ficando mais próximo dessa tragédia
que pode ocorrer no esporte, fico temeroso, triste e pessimista.
Pessimista em todos os sentidos. Porque não será a CBB a vencedora da queda
de braço. Não será a NLB que sairá perdedora. Quem sairá perdendo, pelo menos
por algum tempo, será o basquete brasileiro. E ao que parece, ninguém vai
ceder. Ninguém quer perder a parada, lamentavelmente.
Particularmente sou favorável a uma Liga Independente como pretende fazer o
grupo liderado por Oscar Schmidt. Basquete não é igual ao futebol. Mas no
futebol tem até o clube dos 13 que comanda a parte grande da grana das tvs.
Pouca gente sabe disso, mas o presidente da Confederação Brasileira de
Futebol, Ricardo Teixeira, pouco se incomoda com as competições de clubes. O
que ele quer mesmo é ver o Brasil bem nas competições internacionais. E como
seria bom se o presidente Grego Bozikis copiasse o presidente da CBF.
Dar o direito a uma só Liga, para quem é de clubes, seria a maior decisão. Mas
no Brasil sempre há pessoas que preferem complicar as coisas. Se todos
estivessem pensando no esporte, sem a parte política, sem o interesse
pessoal e sim do esporte, talvez a Nossa Liga tivesse uma única saída para
sairmos do buraco que nos encontramos. A Liga Nacional passada foi uma
vergonha para um esporte que é o segundo no mundo inteiro. Mas talvez até o
surgimento da NLB tenha acordado a trupe da CBB.
Não que queira tirar o poder de Grego Bozikis. É que ele não conseguiu, até
hoje, me convencer com uma boa organização no Brasileiro. No feminino, nem se
fala. É um desastre. O problema maior é que ele é cercado de incompetentes.
São poucos aqueles que estão ao lado dele que exercem uma função com
grandeza. Acabam não fazendo nada para melhorar o basquete e sim para
garantir cargos. E como Bozikis é cercado por incompetentes, o culpado nada
mais é que o próprio presidente da CBB que agora vai apostar todas suas
fichas em conquistas com essa geração maravilhosa que ganhou a Copa América.
Mas não se iluda amigo internauta. Ganhar uma Copa América, com todas as outras
seleções pela metade é uma coisa. Ganhar uma vaga para uma Olimpíada é uma
história bem diferente. E, pelo menos o técnico Lula e os jogadores estão
cientes de toda a responsabilidade.
Mas nosso assunto é outro – já que garanto que temos tudo com essa geração
para conseguirmos voltar a uma Olimpíada. O problema agora é o futuro do
nosso basquete. Se ainda temos dificuldades para organizar uma Liga, imagine
duas. Por isso é que fico contando os dias para saber qual é que vai engolir
a outra. Pelo pessoal que vem fazendo o trabalho de preparação para a NLB, eu
aposto neles. Entregar o trabalho para uma Traffic foi um passo que nunca
conseguiu Grego Bozikis. E quem sabe, em curto espaço de tempo – um, dois ou
mais tardar três anos – o Brasil tenha uma Liga Profissional digna das suas
tradições no basquete.
O que não pode é continuar com o marasmo de tantos anos, digamos, como foi a
abertura do Campeonato Paulista.
Sai a tabela, se coloca os times para jogar. E o trabalho do dirigente se acabou. A não ser que tenha um problema político.
Meu Deus... Não é isso! É preciso atrair público, mídia e patrocinadores e isso
só acontece, com ações de marketing feitas por profissionais da área.
Outra coisa. Eu fico torcendo para que tudo que escrevo por conhecimento - por ter
acompanhado NBA por 3 anos morando nos EUA, por experiência de ter
acompanhado os surgimentos das Ligas de Porto Rico, Venezuela, Argentina e
Espanha - aconteça também no Brasil.
O basquete brasileiro interno – competições internas – tanto no masculino como no feminino, precisam de uma mexida muito grande. Caso contrário, nossos jogadores já a partir do mirim, irão jogar no exterior. E o basquete de clubes pode acabar. É isso.


Fonte: CanalSP


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