Na noite do Hall da Fama, Hortência fala de flores e da crise política do Brasil
Curiosamente, a Rainha do basquete brasileiro precedeu o Rei americano. Por causa de sua decisão de voltar a jogar pelo Washington Wizards depois da aposentadoria com seis títulos pelo Chicago Bulls, Michael Jordan só poderá entrar no Hall da Fama do esporte em 2008, quando terá completado cinco anos de afastamento definitivo das quadras. A cerimônia da noite de sexta-feira marcou a entrada no Hall de quatro técnicos e uma única atleta, representando o Brasil de forma inédita, foi a consagração da ex-cestinha campeã mundial em 94 e vice-campeã olímpica em 96 Hortência Marcari. Em seu discurso em inglês para uma platéia ilustre, a Rainha lembrou que tem nome de flor, nasceu no primeiro dia da primavera (23 de setembro) na pequena Potirendaba, nome indígena que significa cesta de flores e estava ali para ser homenageada em Springfield (campo primaveril, em inglês) por ter passado a vida inteira correndo atrás da cesta. Mas como nem tudo são flores, a ex-jogadora que impressionou o ditador Fidel Castro derrotando Cuba na final dos Jogos Pan-Americanos de Havana em 1991 lembrou a crise política que afeta o Governo Lula no Brasil. Também foram incluídos no Hall ontem o Técnico do Ano da NBA em 2004 Hubie Brown, ex-Memphis Grizzlies, os treinadores campeões da liga universitária Jim Calhoun (Connecticut) e Jim Boeheim (Syracuse) e postumamente a técnica Sue Gunter, que morreu em agosto.
Hortência começou seu discurso perguntando aos presentes no que acreditavam e citou as coincidências de sua vida envolvendo as flores e as cestas. Ela recebeu o troféu das mãos da ex-jogadora americana Nancy Lieberman, que foi vice-campeã olímpica em Montreal-76 aos 18 anos, e se emocionou ao ver a bandeira do Brasil no alto do palco, à sua direita. Pode-se dizer que foi a maior honraria recebida por uma brasileira na terra do Tio Sam desde que a grande atriz Fernanda Montenegro foi indicada ao Oscar pelo filme "Central do Brasil".
“Para uma garota pobre nascida numa pequena cidade do interior, este é o maior prêmio que um atleta do basquete pode receber. Para quem acredita em estatísticas de basquete, os números falam por si (até os 100 pontos feitas por ela em uma partida de Paulista foram lembrados). Para quem acredita em destino, esta é uma boa teoria. Para quem acredita em missão e carma, é uma boa razão para discussão. Mas para aqueles que não acreditam em nada, que tudo é apenas coincidência, esses são os que não chegaram aqui (no Hall) e nem chegarão. Cresci em um país acostumado a vencer adversidades, um país que não tinha tradição no basquete feminino, sem nenhum apoio, e depois de uma vida dedicada ao esporte vejo que quando aparece uma oportunidade, mesmo que seja pequena, tudo é possível. Dedico este prêmio ao povo brasileiro, espero que ele signifique um motivo de orgulho e alegria no meio da séria crise política que estamos atravessando. Agradeço a minhas colegas jogadoras, técnicos, preparadores, aos meus pais, filhos e familiares, e acima de tudo a Deus. Obrigado, Senhor, por ter me plantado em solo bom, em um lugar chamado cesta de flores no primeiro dia da estação das flores. Obrigado a todos. Obrigado, América”, foram alguns trechos do discurso de Hortência em Springfield (Massachussets).
Nossa Rainha não estava bem à vontade com o inglês, mas fez muito mais bonito que o presidente da Câmara Federal Severino Cavalcanti na Assembléia da ONU em Nova York, que discursou em mau português como representante do Brasil criticando o governo americano por não ter dado visto de entrada para os cubanos e no dia seguinte voltou a Brasília para responder às denúncias de corrupção que podem acabar na cassação de seu mandato.
No vídeo de apresentação de Hortência no início destacou a estréia na Seleção Brasileira aos 15 anos e seu brilho com a camisa amarela por duas décadas, as brasileiras da WNBA Iziane Castro Marques e Janeth Arcain elogiaram a ex-ala dizendo que queriam ser como ela, e o Mão Santa Oscar Schmidt deu seu depoimento em português lembrando que ela acreditou no seu potencial numa época em que o basquete feminino não tinha repercussão nenhuma, batalhou nos treinos e conseguiu algo jamais imaginado, um título mundial contra as estrelas americanas. Janeth citou o Pan-Americano de Havana quando o ditador cubano Fidel Castro, inimigo histórico dos Estados Unidos, foi ao pódio durante a entrega das medalhas perguntar como Hortência acertava tantos arremessos de três pontos daquele jeito. O vídeo lembrou também o Mundial da Austrália-94 quando o Brasil derrotou a favorita seleção americana nas semifinais e sagrou-se campeão contra a China, com média de 27,6 pontos por jogo de Marcari na competição. Na Olimpíada de Atenas-96, as americanas deram o troco na final jogando em casa contra o incrível trio Hortência/Janeth/Magic Paula.
“Em um momento estávamos perdendo por 13 ou 14 pontos, e a Hortência reuniu a gente dizendo que não poderíamos parar de acreditar, as americanas tinham uma grande equipe, mas nós tínhamos dois braços e duas pernas como elas. Quando a conheci pessoalmente vi o quanto ela é forte e quis ser assim também”, elogiou Janeth.
O falecido pivô campeão mundial Ubiratan "Cavalo de Aço", o rei do tapinha, foi o primeiro brasileiro cogitado para entrar no Hall da Fama americano, mas acabou perdendo duas eleições, Hortência então aparece como a pioneira e espera abrir caminho para outras feras como a parceira de Seleção Magic Paula e o ex-cestinha Oscar Schmidt, que ainda precisa esperar cinco anos de aposentado para concorrer. Engajada na política esportiva brasileira, ela e Oscar estão juntos à frente da Nossa Liga que pretende organizar campeonatos nacionais independentes da CBB a partir deste ano.
A Rainha já fazia parte do Hall da Fama feminino mantido pela WNBA desde 2002. Curiosamente, ela disse à agência de notícias Associated Press que sua maior emoção foi fazer a cesta da vitória contra a Austrália que classificou a Seleção Brasileira para a primeira Olimpíada dela em Barcelona-1992, Jogos marcados pela presença do Time dos Sonhos com os maiores astros da história da NBA, agora ela vai figurar ao lado deles no Hall de Springfield.
“Ela sabe que seu nome ficará marcado para sempre na história do basquete e quer que seus filhos vejam o quanto a mãe deles foi importante para o Brasil, as crianças nunca a viram jogar e agora podem saber da grandeza da carreira dela”, afirmou a intérprete Quevia Leite.
Para o internauta que possui recursos de vídeo em seu computador, vale conferir o discurso de Hortência e o clipe de apresentação acessando o link: http://www.nba.com/history/hof_2005.html
Outro momento marcante da noite em Springfield foi a premiação póstuma da técnica Sue Gunter, terceira maior vencedora da história da liga universitária feminina com 708 vitórias, 14 classificações aos playoffs da NCAA e uma aparição nas finais dirigindo a Universidade de Louisiana State. Ela morreu em 4 de agosto aos 66 anos de enfisema pulmonar e foi representada pela auxiliar-técnica da LSU Pokey Chatman, que foi sua atleta e grande amiga por muitos anos. Os diretores do Hall também prestaram um tributo a um antigo integrante da galeria, o ex-técnico de 87 anos Red Auerbach, recordista de títulos da NBA como arquiteto da dinastia de nove troféus do Boston Celtics. Ele foi hospitalizado na UTI com um problema respiratório esta semana, chegou a ficar em coma induzido, mas teve uma melhora ontem, já está consciente e conversando. Famoso por ser fumante inveterado de charutos a cada vitória do Boston, especula-se que a doença de Red seja também nos pulmões.
“Eu estava ao lado da cama em que ela lutava contra a doença quando soubemos em abril que Sue seria incluída no Hall da Fama. Aquele brilho nos olhos azuis suaves e o sorriso no canto da boca disseram mais que quaisquer palavras. Eu deveria ser a pessoa menos nervosa aqui neste palco, só tinha que fazer uma coisa, receber este prêmio para Louisiana State, mas me lembrei de quando era uma colegial e escolhi a LSU. Foram 18 anos testemunhando a mestria da técnica Gunter. Aprendi muito sobre o basquete e mais ainda sobre a vida”, disse Chatman, emocionada.
Jogadores da NBA também marcaram presença na cerimônia. O ala-pivô do Charlotte Bobcats, Emeka Okafor (eleito o melhor novato da temporada passada), o ala-armador eleito o melhor reserva da liga Ben Gordon, do Chicago Bulls, e o ala Caron Butler, do Washington Wizards, eram os destaques dentre os mais de 50 atletas que foram cumprimentar o técnico Jim Calhoun, revelador de talentos da Universidade de Connecticut. O treinador de 63 anos e 20 de carreira na UConn recebeu o prêmio das mãos do legendário ex-astro do Boston Celtics Bob Cousy.
“Vocês atletas preencheram minha vida com muitas memórias e grandes tesouros. Vocês ousaram sonhar e enriqueceram minha vida, tornando o basquete um jogo ainda mais bonito para mim”, agradeceu Calhoun.
“Não posso descrever o que esse momento significa, é uma honra enorme que não dá para imaginar quando você começa a brincar com a bola aos cinco anos de idade e tudo o que quer fazer da vida é jogar basquete ou quando você para de jogar e deseja ser técnico para ensinar o que aprendeu. O Hall da Fama é uma tremenda honra, mas não muda o futuro, a vida continua. Você ainda tem de recrutar os jovens atletas e fazer o melhor trabalho de treinamento possível, esse prêmio infelizmente não vai nos ajudar a derrotar ninguém na próxima temporada”, afirmou o outro homenageado Jim Boeheim, campeão da NCAA por Syracuse em 2003 no comando do time que tinha o astro do Denver Nuggets Carmelo Anthony. Curiosamente, Boeheim e Calhoun têm 703 vitórias na carreira, dividindo a sexta posição no ranking histórico da liga universitária.
O vovô da turma de 2005 do Hall da Fama, o setentão Hubie Brown, foi reconhecido pelas suas três décadas de trabalho na NBA como técnico e comentarista. Apesar de nunca ter sido campeão da liga, ele é um grande professor do jogo, oito ex-auxiliares seus já conseguiram empregos de treinadores principais na liga profissional americana. Brown ganhou duas vezes o prêmio de Técnico do Ano da NBA por levar times considerados fracos aos playoffs, como aconteceu com o Memphis Grizzlies em 2004 e com o Atlanta Hawks em 1978. Ele deixou o time do Tennessee no ano passado por problemas de saúde.
“É uma tremenda honra entrar no Hall da Fama junto com três técnicos que respeito muito por serem treinadores de treinadores. Em décadas diferentes de trabalho na NBA, minha maior lição foi que ninguém é maior do que o time. Você tem de chegar no horário, treinar duro para jogar forte, conhecer seu trabalho, e saber quando passar a bola e quando arremessar. Se você não fizer essas quatro coisas, não vai chegar aqui não importa quem você seja”, destacou Hubie Brown.
Nos próximos anos, o Hall da Fama terá muita concorrência para a inclusão de astros da NBA aposentados entre 2003 e 2005 e integrantes do Dream Team original como o armador recordista da liga em assistências pelo Utah Jazz John Stockton, o ala-pivô Karl Malone, o superpivô David Robinson, o ex-ala do Chicago Bulls Scottie Pippen e, é claro, Michael “Air” Jordan.
Fonte: BasketBrasil
Curiosamente, a Rainha do basquete brasileiro precedeu o Rei americano. Por causa de sua decisão de voltar a jogar pelo Washington Wizards depois da aposentadoria com seis títulos pelo Chicago Bulls, Michael Jordan só poderá entrar no Hall da Fama do esporte em 2008, quando terá completado cinco anos de afastamento definitivo das quadras. A cerimônia da noite de sexta-feira marcou a entrada no Hall de quatro técnicos e uma única atleta, representando o Brasil de forma inédita, foi a consagração da ex-cestinha campeã mundial em 94 e vice-campeã olímpica em 96 Hortência Marcari. Em seu discurso em inglês para uma platéia ilustre, a Rainha lembrou que tem nome de flor, nasceu no primeiro dia da primavera (23 de setembro) na pequena Potirendaba, nome indígena que significa cesta de flores e estava ali para ser homenageada em Springfield (campo primaveril, em inglês) por ter passado a vida inteira correndo atrás da cesta. Mas como nem tudo são flores, a ex-jogadora que impressionou o ditador Fidel Castro derrotando Cuba na final dos Jogos Pan-Americanos de Havana em 1991 lembrou a crise política que afeta o Governo Lula no Brasil. Também foram incluídos no Hall ontem o Técnico do Ano da NBA em 2004 Hubie Brown, ex-Memphis Grizzlies, os treinadores campeões da liga universitária Jim Calhoun (Connecticut) e Jim Boeheim (Syracuse) e postumamente a técnica Sue Gunter, que morreu em agosto.
Hortência começou seu discurso perguntando aos presentes no que acreditavam e citou as coincidências de sua vida envolvendo as flores e as cestas. Ela recebeu o troféu das mãos da ex-jogadora americana Nancy Lieberman, que foi vice-campeã olímpica em Montreal-76 aos 18 anos, e se emocionou ao ver a bandeira do Brasil no alto do palco, à sua direita. Pode-se dizer que foi a maior honraria recebida por uma brasileira na terra do Tio Sam desde que a grande atriz Fernanda Montenegro foi indicada ao Oscar pelo filme "Central do Brasil".
“Para uma garota pobre nascida numa pequena cidade do interior, este é o maior prêmio que um atleta do basquete pode receber. Para quem acredita em estatísticas de basquete, os números falam por si (até os 100 pontos feitas por ela em uma partida de Paulista foram lembrados). Para quem acredita em destino, esta é uma boa teoria. Para quem acredita em missão e carma, é uma boa razão para discussão. Mas para aqueles que não acreditam em nada, que tudo é apenas coincidência, esses são os que não chegaram aqui (no Hall) e nem chegarão. Cresci em um país acostumado a vencer adversidades, um país que não tinha tradição no basquete feminino, sem nenhum apoio, e depois de uma vida dedicada ao esporte vejo que quando aparece uma oportunidade, mesmo que seja pequena, tudo é possível. Dedico este prêmio ao povo brasileiro, espero que ele signifique um motivo de orgulho e alegria no meio da séria crise política que estamos atravessando. Agradeço a minhas colegas jogadoras, técnicos, preparadores, aos meus pais, filhos e familiares, e acima de tudo a Deus. Obrigado, Senhor, por ter me plantado em solo bom, em um lugar chamado cesta de flores no primeiro dia da estação das flores. Obrigado a todos. Obrigado, América”, foram alguns trechos do discurso de Hortência em Springfield (Massachussets).
Nossa Rainha não estava bem à vontade com o inglês, mas fez muito mais bonito que o presidente da Câmara Federal Severino Cavalcanti na Assembléia da ONU em Nova York, que discursou em mau português como representante do Brasil criticando o governo americano por não ter dado visto de entrada para os cubanos e no dia seguinte voltou a Brasília para responder às denúncias de corrupção que podem acabar na cassação de seu mandato.
No vídeo de apresentação de Hortência no início destacou a estréia na Seleção Brasileira aos 15 anos e seu brilho com a camisa amarela por duas décadas, as brasileiras da WNBA Iziane Castro Marques e Janeth Arcain elogiaram a ex-ala dizendo que queriam ser como ela, e o Mão Santa Oscar Schmidt deu seu depoimento em português lembrando que ela acreditou no seu potencial numa época em que o basquete feminino não tinha repercussão nenhuma, batalhou nos treinos e conseguiu algo jamais imaginado, um título mundial contra as estrelas americanas. Janeth citou o Pan-Americano de Havana quando o ditador cubano Fidel Castro, inimigo histórico dos Estados Unidos, foi ao pódio durante a entrega das medalhas perguntar como Hortência acertava tantos arremessos de três pontos daquele jeito. O vídeo lembrou também o Mundial da Austrália-94 quando o Brasil derrotou a favorita seleção americana nas semifinais e sagrou-se campeão contra a China, com média de 27,6 pontos por jogo de Marcari na competição. Na Olimpíada de Atenas-96, as americanas deram o troco na final jogando em casa contra o incrível trio Hortência/Janeth/Magic Paula.
“Em um momento estávamos perdendo por 13 ou 14 pontos, e a Hortência reuniu a gente dizendo que não poderíamos parar de acreditar, as americanas tinham uma grande equipe, mas nós tínhamos dois braços e duas pernas como elas. Quando a conheci pessoalmente vi o quanto ela é forte e quis ser assim também”, elogiou Janeth.
O falecido pivô campeão mundial Ubiratan "Cavalo de Aço", o rei do tapinha, foi o primeiro brasileiro cogitado para entrar no Hall da Fama americano, mas acabou perdendo duas eleições, Hortência então aparece como a pioneira e espera abrir caminho para outras feras como a parceira de Seleção Magic Paula e o ex-cestinha Oscar Schmidt, que ainda precisa esperar cinco anos de aposentado para concorrer. Engajada na política esportiva brasileira, ela e Oscar estão juntos à frente da Nossa Liga que pretende organizar campeonatos nacionais independentes da CBB a partir deste ano.
A Rainha já fazia parte do Hall da Fama feminino mantido pela WNBA desde 2002. Curiosamente, ela disse à agência de notícias Associated Press que sua maior emoção foi fazer a cesta da vitória contra a Austrália que classificou a Seleção Brasileira para a primeira Olimpíada dela em Barcelona-1992, Jogos marcados pela presença do Time dos Sonhos com os maiores astros da história da NBA, agora ela vai figurar ao lado deles no Hall de Springfield.
“Ela sabe que seu nome ficará marcado para sempre na história do basquete e quer que seus filhos vejam o quanto a mãe deles foi importante para o Brasil, as crianças nunca a viram jogar e agora podem saber da grandeza da carreira dela”, afirmou a intérprete Quevia Leite.
Para o internauta que possui recursos de vídeo em seu computador, vale conferir o discurso de Hortência e o clipe de apresentação acessando o link: http://www.nba.com/history/hof_2005.html
Outro momento marcante da noite em Springfield foi a premiação póstuma da técnica Sue Gunter, terceira maior vencedora da história da liga universitária feminina com 708 vitórias, 14 classificações aos playoffs da NCAA e uma aparição nas finais dirigindo a Universidade de Louisiana State. Ela morreu em 4 de agosto aos 66 anos de enfisema pulmonar e foi representada pela auxiliar-técnica da LSU Pokey Chatman, que foi sua atleta e grande amiga por muitos anos. Os diretores do Hall também prestaram um tributo a um antigo integrante da galeria, o ex-técnico de 87 anos Red Auerbach, recordista de títulos da NBA como arquiteto da dinastia de nove troféus do Boston Celtics. Ele foi hospitalizado na UTI com um problema respiratório esta semana, chegou a ficar em coma induzido, mas teve uma melhora ontem, já está consciente e conversando. Famoso por ser fumante inveterado de charutos a cada vitória do Boston, especula-se que a doença de Red seja também nos pulmões.
“Eu estava ao lado da cama em que ela lutava contra a doença quando soubemos em abril que Sue seria incluída no Hall da Fama. Aquele brilho nos olhos azuis suaves e o sorriso no canto da boca disseram mais que quaisquer palavras. Eu deveria ser a pessoa menos nervosa aqui neste palco, só tinha que fazer uma coisa, receber este prêmio para Louisiana State, mas me lembrei de quando era uma colegial e escolhi a LSU. Foram 18 anos testemunhando a mestria da técnica Gunter. Aprendi muito sobre o basquete e mais ainda sobre a vida”, disse Chatman, emocionada.
Jogadores da NBA também marcaram presença na cerimônia. O ala-pivô do Charlotte Bobcats, Emeka Okafor (eleito o melhor novato da temporada passada), o ala-armador eleito o melhor reserva da liga Ben Gordon, do Chicago Bulls, e o ala Caron Butler, do Washington Wizards, eram os destaques dentre os mais de 50 atletas que foram cumprimentar o técnico Jim Calhoun, revelador de talentos da Universidade de Connecticut. O treinador de 63 anos e 20 de carreira na UConn recebeu o prêmio das mãos do legendário ex-astro do Boston Celtics Bob Cousy.
“Vocês atletas preencheram minha vida com muitas memórias e grandes tesouros. Vocês ousaram sonhar e enriqueceram minha vida, tornando o basquete um jogo ainda mais bonito para mim”, agradeceu Calhoun.
“Não posso descrever o que esse momento significa, é uma honra enorme que não dá para imaginar quando você começa a brincar com a bola aos cinco anos de idade e tudo o que quer fazer da vida é jogar basquete ou quando você para de jogar e deseja ser técnico para ensinar o que aprendeu. O Hall da Fama é uma tremenda honra, mas não muda o futuro, a vida continua. Você ainda tem de recrutar os jovens atletas e fazer o melhor trabalho de treinamento possível, esse prêmio infelizmente não vai nos ajudar a derrotar ninguém na próxima temporada”, afirmou o outro homenageado Jim Boeheim, campeão da NCAA por Syracuse em 2003 no comando do time que tinha o astro do Denver Nuggets Carmelo Anthony. Curiosamente, Boeheim e Calhoun têm 703 vitórias na carreira, dividindo a sexta posição no ranking histórico da liga universitária.
O vovô da turma de 2005 do Hall da Fama, o setentão Hubie Brown, foi reconhecido pelas suas três décadas de trabalho na NBA como técnico e comentarista. Apesar de nunca ter sido campeão da liga, ele é um grande professor do jogo, oito ex-auxiliares seus já conseguiram empregos de treinadores principais na liga profissional americana. Brown ganhou duas vezes o prêmio de Técnico do Ano da NBA por levar times considerados fracos aos playoffs, como aconteceu com o Memphis Grizzlies em 2004 e com o Atlanta Hawks em 1978. Ele deixou o time do Tennessee no ano passado por problemas de saúde.
“É uma tremenda honra entrar no Hall da Fama junto com três técnicos que respeito muito por serem treinadores de treinadores. Em décadas diferentes de trabalho na NBA, minha maior lição foi que ninguém é maior do que o time. Você tem de chegar no horário, treinar duro para jogar forte, conhecer seu trabalho, e saber quando passar a bola e quando arremessar. Se você não fizer essas quatro coisas, não vai chegar aqui não importa quem você seja”, destacou Hubie Brown.
Nos próximos anos, o Hall da Fama terá muita concorrência para a inclusão de astros da NBA aposentados entre 2003 e 2005 e integrantes do Dream Team original como o armador recordista da liga em assistências pelo Utah Jazz John Stockton, o ala-pivô Karl Malone, o superpivô David Robinson, o ex-ala do Chicago Bulls Scottie Pippen e, é claro, Michael “Air” Jordan.
Fonte: BasketBrasil
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