sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Em jogo cheio de erros, brasileiras vencem Porto Rico na Copa América e lideram

Numa partida de nível técnico sofrível, a renovada Seleção Brasileira adulta feminina de basquete chegou a levar sufoco do modesto time de Porto Rico, mas conseguiu sua segunda vitória na Copa América Pré-Mundial da República Dominicana, por 83 a 67 (33 a 27 no intervalo). O Brasil teve um desempenho ainda pior que o da estréia vencida por 86 a 69 diante da Argentina, precisa melhorar muito para seu primeiro jogo difícil da competição em Hato Mayor, nesta sexta-feira às 20h (de Brasília) contra o Canadá, que na preliminar derrotou as argentinas por 77 a 57 (40 a 31 no intervalo) com 23 pontos de Kim Smith e 21 de Isabelle Grenier na recuperação da derrota inaugural para Cuba. A cestinha recém-contratada pelo Ourinhos Micaela decidiu para o time brasileiro marcando 14 de seus 25 pontos no último quarto e um total de nove rebotes, contando com o apoio de 18 pontos e 19 rebotes da pivô campeã espanhola pelo Barcelona Érika. A ala-pivô de Ourinhos Êga ajudou com 16. O destaque porto-riquenho foi a armadora Lindsay Gonzalez com 21 pontos, auxiliada por 19 de Cynthia Valentin. Numa noite ruim em que as titulares Vivian e Lílian zeraram, a jovem armadora do São Caetano Fabianna novamente melhorou o time com sua entrada, já está merecendo ser titular.

A Seleção do técnico Antonio Carlos Barbosa começou explorando o óbvio diante da pequena estatura da equipe porto-riquenha e abriu 6 a 0 jogando com as pivôs Érika e Êga no garrafão, a vantagem inicial de 9 a 2 dava a entender que seria um passeio. Mas o voluntarioso time caribenho reagiu aproveitando a apatia da defesa brasileira e encostou em 9 a 7 com uma cesta de três de Valentin. Após erros seguidos de arremesso de Micaela, Gonzalez chegou a virar o jogo para 14 a 13, mas Érika rapidamente recolocou o Brasil à frente, Kaé acertou dois lances livres e a gigante de 1,97m do Barça fez seu décimo ponto na parcial, o placar dos primeiros 10 minutos ficou em 18 a 17.

No segundo período, Porto Rico virou o jogo novamente com uma cesta de três de Gonzalez, mas uma jogada de três pontos de Êga sofrendo falta e convertendo o lance livre de bonificação e um bom contragolpe de Micaela fizeram 23 a 21. Barbosa mexeu no time colocando quatro reservas em torno de Érika e a Seleção melhorou com as entradas de Fabianna e Zaine, que fez duas cestas consecutivas abrindo 27 a 23. Esperta nas roubadas de bola e rápida nas penetrações, Martinez fez quatro pontos seguidos e Porto Rico encostou em 29 a 27 após uma bola convertida embaixo da cesta por Érika. Fabi tranqüilizou as coisas com um belo “jumper” e dois lances livres de Kaé fecharam a parcial levando seis pontos de vantagem para o intervalo, apesar da grande quantidade de erros de passe.

Na terceira etapa, a Seleção voltou com um pouco mais de velocidade e disposição começando com mais uma cesta de Zaine, ala-pivô do Reyer Venezia (ITA). Porto Rico diminuiu com uma bola de três de Gonzalez, mas a cestinha do Paulista pelo Ribeirão Preto Tayara entrou com vontade fazendo uma bandeja e uma cesta da zona morta abrindo 40 a 31. Martinez respondeu com mais uma bola de três, mas Fabi deu troco com uma boa penetração e finalização certeira da zona morta. Uma cesta de três de Êga com assistência de Fabi ampliou a diferença para 45 a 35 e forçou o técnico boricua Hector Laboy a pedir tempo. As porto-riquenhas reagiram com rapidez aproveitando mais um apagão do ataque brasileiro e uma cesta de três de Valentin encostou em 47 a 44. Érika chamou para si a responsabilidade e conseguiu uma cesta com falta e lance livre de bonificação, depois a parcial terminou com placar de 50 a 45 para o Brasil, incrivelmente Porto Rico ganhou o quarto por 18 a 17.

O último quarto começou perigoso com uma cesta de Otero encostando em 50 a 47, mas aí brilhou a estrela da pivô reserva do Penta Faenza (ITA) Graziane, bem acionada para duas cestas seguidas no garrafão abrindo 54 a 49. Depois de uma infiltração de Gonzalez, Grazi conseguiu uma importante cesta sofrendo a falta e acertou o lance livre de bonificação, foram sete pontos seguidos dela no início da parcial final. A ala-pivô porto-riquenha De Jesus fez bobagem ao reclamar acintosamente de uma falta clara sobre Êga e foi punida com falta técnica, daí a brasileira converteu quatro lances livres seguidos abrindo 61 a 51. Depois de outra bela cesta de Fabianna, Micaela apareceu para decidir. Com um contra-ataque, uma bela bandeja de costas, outra infiltração e dois lances livres da ex-ala do Pool Comense (ITA) o Brasil ficou tranqüilo com 71 a 55 no marcador. Barbosa movimentou bastante as reservas (à exceção das novatas Ísis e Jaqueline), mas Silvia Gustavo novamente entrou muito mal, está fora de forma considerando o fato de ser uma atleta olímpica, parece ser a síndrome da família Nezinho em Copa América. Inexplicavelmente o treinador deixou Érika no banco na maior parte do período e manteve a apagada Vivian em quadra, Êga voltou a forçar arremessos de três, em um deles a bola nem deu aro, daí Porto Rico gostou da brincadeira e iniciou uma reação desesperada com as formiguinhas Valentin-Gonzalez-Martinez. Uma jogada de três pontos (cesta e lance livre de bônus) de Gonzalez deu um susto no Brasil diminuindo a diferença de 14 pontos para 73 a 67, lembrou até o filme da derrota de virada da Seleção masculina para os porto-riquenhos na Copa América, embora a tradição do basquete dos homens no país centro-americana seja muito maior. Érika finalmente voltou à quadra, mas foi Micaela quem acabou com a reação boricua com duas cestas seguidas, restou às porto-riquenhas fazerem faltas para parar o relógio, daí o Brasil abriu vantagem nos lances livres e Êga fechou o placar dessa forma decretando os 16 pontos de frente.

Depois de surrar as dominicanas por 94 a 55 na estréia, Porto Rico vem surpreendendo e mostrando força para concorrer com a Argentina pela última vaga das Américas no Mundial, o que seria um feito inédito para o país no feminino, enquanto sua seleção masculina está fora do Mundial do Japão-2006. A Seleção Brasileira continua pecando por falta de variação de jogadas ofensivas e dependência excessiva de Érika no garrafão, além de lances individuais de Micaela. Os arremessos de três são raros, Êga vem assumindo essa função de chutar de fora que não é o seu forte, pois Lílian e Vivian não convertem, a primeira está com uma lesão no tornozelo e a segunda também saiu mancando, mas o fato é que jogou muito mal, depois de ter sido cestinha com 20 pontos contra as argentinas. É bom lembrar que na sexta-feira Érika terá pela frente a pivô canadense da WNBA Tammy Sutton-Brown (Charlotte Sting), e não as baixinhas que enfrentou até agora. Outra preocupação são com os arremessos de três de Smith e Grenier.

“Nós não jogamos o que treinamos durante a fase de preparação. Deixamos o adversário gostar do jogo e não podemos permitir que isso aconteça novamente. Ainda precisamos corrigir alguns detalhes para as próximas partidas”, comentou a pivô Érika.


Fonte: BasketBrasil


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