Pra não dizer que não falei das flores e dos espinhos...
A seleção brasileira jogou 2 vezes em casa contra o Canadá. Da análise desses dois jogos, apesar da alegria de ver as meninas jogando em casa; os sabores da tristeza, da decepção, da monotonia voltam a passear em nossa boca, passada a euforia e o ôba-ôba de jogar na tela da Globo e Brasil-sil-sil.
Primeiro, o adversário: o Canadá. O país está tentando se reerguer, depois de perder vaga nos últimos Mundiais e Olimpíada. A maioria das jogadoras está no basquete universitário americano. São jovens, voluntariosas. O basquete segue a escola americana. Parece que estamos vendo um jogo das universidades de lá. A não ser na defesa, em que as canadenses não se assemelham às vizinhas. O time vem de uma série de amistosos, preparando-se para a Copa América. Contra a Espanha, por exemplo, uma derrota por 87-63.
Bem, vamos às flores primeiro. Pois eu sou do tipo que prefere as boas notícias primeiro.
Primeiro, a torcida apareceu. Bom saber com alguma divulgação, uma jabázinho da Eletrobrás, o público aparece e se identifica com o jogo; mesmo com a seleção desfalcada de seus principais nomes.
Dentro da quadra; dois nomes encheram os nossos olhos.
Érika está estupenda. É quem assume as responsabilidades com mais intensidade na equipe, sem medo. Está em boa forma, ágil. Precisa no ataque (27 e 25 pontos); reboteiríssima (21, no total) e atenta na defesa (6 tocos). Uma felicidade vê-la em ação.
Ao lado de Érika, o brilho está com Micaela. Que bom ver a menina de volta. O arremesso está belíssimo; dos melhores do país. Está em excelente forma; veloz. Boa postura defensiva, e inteligência acima da média no posicionamento em quadra.
Também afinada está Adrianinha; embora ainda deva melhorar, já que treinou pouco com a equipe. A pontaria está boa. A velocidade também. Às vezes, falta um pouco de calma e sobra fome.
Encerrando o quarteto mais empolgante nesses dois jogos, está Êga. Como bem assinalou um dos Biais na Globo, Êga faz o trabalho sujo na seleção. Tem feito com competência. O único senão é que Barbosa a tem usado muito aberta. É mais uma ala. Na maioria das vezes, Érika tem ficado sozinha no garrafão. Muitas vezes, ela é pressionada por 2, 3 adversárias e se Êga estivesse melhor colocada, teria um arremesso fácil. Na maioria das vezes, Êga está próxima da linha dos 3; o que enfraquece nosso jogo embaixo e a luta pelo rebote.
Do ponto de vista coletivo, parece ter havido uma discreta melhora. Em alguns momentos, a busca pelo melhor arremesso funcionou. E alguns lances como a ponte aérea Êga-Érika surgiram...
Fora isso, o cenário é meio sombrio.
Na defesa, parece que Bassul já começa a fazer falta. O time defende com desatenção, sem empenho. No primeiro jogo, tomou 10 bolas de três das canadenses. No segundo jogo, nem aprendeu a lição: tomou mais 8. A facilidade com que nossas jogadoras são dribladas nas infiltrações das canadenses chega a constranger. Isso não parece preocupar Barbosa, que já disse que pra ganhar jogo o necessário é fazer pontos... Então tá!
Nos rebotes, nossa obrigação era um amplo domínio. Mas o posicionamento é medíocre; o bloqueio inexiste. Assim, mesmo contra adversárias mais baixas; empacamos em 68 rebotes, contra 65 das canadenses.
Voltando à análise individual, há um buraco no time. Falta o quinto elemento ao quarteto.
Lílian continua sua trajetória por caminhos pedregosos. É bem intencionada. Foi a maior assistentes dos jogos (9), mas patina no repertório ofensivo. A monotonia dos arremessos de três entedia. Foram 10 tentativas e 1 acerto na série. A lateral não tentou nem um outro tipo de cesta nos encontros...
A substituta Vívian responde com um empenho defensivo maior em quadra. Mas no ataque, é fominha e igualmente previsível. Na armação, um engodo.
E Barbosa vive um real dilema na posição. Reprovou Tayara e Chuca. Trouxe Sílvia de volta, que não empolgou na reestréia.
O revezamento entre Zaine-Mamá-Graziane não chega a comprometer, nem a empolgar, apesar da boa atuação da segunda no jogo de ontem.
Fabianna, Jaqueline e Ísis ficaram inexplicavelmente presas ao banco.
Barbosa já disse também que não acredita nisso de usar 12 jogadoras. Então tá.
Enfim, mudaram os personagens, mas o autor da novela continua o mesmo. E Barbosa consegue ser cada vez mais contraditório, previsível e acomodado...
Juro que queria ser um pouco mais generoso, mais otimista. Mas foi assim que meus olhos viram esses jogos. Da próxima vez, vou pingar o colírio alucinógeno do Zé Simão...
Enquanto isso, AFE!
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