terça-feira, 1 de março de 2005

Passarada

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE


Para meu espanto, um passarinho me assoprou que o tetracampeão paulista estuda ajustes na comissão técnica, que Lula poderia deixar de comandar o dia-a-dia de treinos e jogos e ficaria só como supervisor do COC.
Supersticioso, o passarinho lembrou que estão desempregados os três últimos treinadores elogiados neste espaço (Carlão Rodrigues, Marcel e Paulo Bassul). Safado, pediu que eu não defendesse a promoção de Cadum ou sugerisse outro nome para a eventual posição -e que eu começasse a falar bem do Antonio Carlos Barbosa.
Ouvi de um passarinho, aliás, que Bassul, assistente da seleção na Olimpíada de Atenas, ficou tão desolado com o fechamento da equipe profissional de Americana e com a falta de horizontes para o basquete feminino brasileiro que já não descarta arriscar uma incursão no masculino.
Um passarinho me disse que outro com dias contados em Ribeirão Preto é Nezinho. O armador caiu nas graças de Joe Santos, o agente que encaixou Nenê na NBA, e deve perseguir o sonho internacional no meio do ano.
Nem os medalhões do Rio de Janeiro, como Marcelinho e Demétrius, escaparam do sacrifício. Como os atletas de outras equipes, eles seguem de ônibus apertado pelo Nacional afora. Mas o manager/garoto-propaganda/arrecadador/assistente da equipe carioca, Oscar Schmidt, refestela-se no conforto do avião, desabafou um passarinho com inveja.
Segundo um passarinho que costuma sobrevoar Massachusetts, é remota a chance de Hortência emplacar o Hall of Fame. A maioria dos 24 jurados não ouviu falar da Rainha. Mas o adversário dela, o técnico italiano Sandro Gamba, apesar de quatro Olimpíadas e muita politicagem nos EUA, é ainda menos conhecido, o que pode ajudar. Do contrário, o primeiro brasileiro no memorial será mesmo Oscar, em 2008.
Outro passarinho me cantou detalhes do encontro entre Toni Chakmati e um dos candidatos oposicionistas à presidência da Confederação Brasileira. Parece que Hélio Barbosa se fez acompanhar de Renato Brito Cunha, cacique do esporte nos anos 80/90, na não-divulgada visita ao presidente da Federação Paulista.
Os passarinhos falam que Hélio, justamente por causa do apoio de Brito Cunha, possui um pouco mais de penetração no colégio eleitoral do que o outro nome da oposição, José Medalha. Mas um desses passarinhos me segredou que este não se sente nada confortável com a perspectiva de compor uma chapa única com aquele.
Os dois, aliás, se reuniram para um debate na terça-feira no Rio. Um passarinho desolado contou menos de 30 pessoas na platéia (e nenhum repórter), prova do desdém do país pelo esporte.
De todo modo, uma verdadeira revoada, passarinhos do Norte e do Nordeste e passarinhos do Sul e do Centro-Oeste me cantam que o resultado da eleição de maio já está selado, que o basquete seguirá sob o jugo do simpático, porém ineficiente, Gerasime Bozikis.
Pelo jeito, a única coisa que poderemos mudar por aqui é o forro da gaiola. Ao menos o jornal serve para isso, não é? Piu.


Fonte: Folha de São Paulo

Nenhum comentário: