Feminino pede direitos do masculino para evitar mesmo destino
Bruno Doro
Em São Paulo
Excursões no exterior, jogos contra equipes de escolas diferentes, uma seleção B para abrigar jovens promessas. Todos esses são benefícios que a seleção masculina, há duas edições fora dos Jogos Olímpicos, conquistou. A feminina, que chegou à semifinal das últimas três Olimpíadas, ainda não.
O ano olímpico foi marcante para isso. As duas seleções principais disputaram, cada uma, 17 partidas na temporada. Os homens, cujo principal torneio da temporada era o Sul-Americano, enfrentaram oito dos 12 times que foram às Olimpíadas. As mulheres, incluindo os oitos jogos que fizeram para chegar ao quarto lugar olímpico, só enfrentaram sete.
Na preparação para os Jogos, o Brasil enfrentou Grécia e China. Em Atenas, os rivais foram Japão, Grécia, Nigéria, Rússia e Austrália. A equipe enfrentou também Cuba, que não foi às Olimpíadas, quatro vezes.
"Nós jogamos pouco internacionalmente e isso pode fazer falta no futuro. Precisamos de uma seleção de novos, precisamos enfrentar escolas diferentes, como a asiática, a européia. Não adianta jogar contra Cuba, que tem um estilo de jogo muito parecido com o nosso", reclama Paulo Bassul, assistente-técnico da seleção feminina.
A seleção masculina, enquanto isso, se dividiu em duas, a principal e a de novos (que fez uma excursão à China). A primeira enfrentou a campeã olímpica Argentina, a vice Itália, além de Angola, Austrália, Porto Rico, Espanha, Grécia e Lituânia. Os brasileiros só não enfrentaram China, Nova Zelândia, Estados Unidos e Sérvia e Montenegro.
"Eu não posso reclamar. Desde que assumi a seleção (em 2003), fizemos muitas partidas internacionais. Infelizmente, não conseguimos a vaga para as Olimpíadas de Atenas, mas o trabalho para o próximo ciclo olímpico já começou", diz o técnico Lula Ferreira, da seleção masculina.
No feminino, as coisas são um pouco diferente. "Ainda nem fizemos a avaliação do trabalho de Atenas", diz o técnico Barbosa. Assuntos para se discutir quando essa preparação para Pequim-2008 não vão faltar.
A pivô Alessandra, uma das principais jogadoras da seleção brasileira nos últimos anos, não vai jogar. Ela deve fazer sua despedida da seleção em 2006, no Mundial do Brasil. Janeth, maior cestinha do basquete feminino nacional, terá 39 anos nos próximos jogos. Renovação, portanto, será necessária.
"Isso já vem ocorrendo normalmente. Em Sydney, a equipe era formada por cinco jogadoras estreantes e fomos bronze. Em Atenas, foram mais cinco estreando e ficamos em quarto", diz o presidente da CBB (Confederação Brasileira), Gerasime Bozikis, o Grego.
Isso, porém, pode não ser o bastante. Para a posição de Janeth, por exemplo, o Brasil corre o risco de passar pelo mesmo fenômeno que enfrentou quando Paula e Hortência deixaram a seleção, na década de 90.
"Naquela época, criou-se um vácuo, que demorou um pouco para ser preenchido", admite Barbosa. "A Adriana Santos e a Helen, que chegaram para ocupar os espaços, sofreram com o impacto de virar titulares", lembra Paulo Bassul, que começou a trabalhar com a seleção em 1999.
Para evitar isso, a solução seria a criação de uma seleção de novos, como a masculina. Grego admite a formação da equipe, mas não diz como ou quando isso será feito. Um problema se consideradas as características de jogo que a seleção apresentou nos últimos anos.
A seleção ainda depende muito de veteranas como Helen (31 anos), Alessandra (30) e Janeth. "A maioria das jogadas era feita para a Janeth e a Alessandra", admite a ala-armadora Iziane, de 22 anos, mais talentosa da nova geração.
"Temos uma geração talentosa, que já está aí, mas outras meninas da sub-21 também podem aparecer", avisa Janeth. Metade da seleção que foi a Atenas pode chegará a Pequim com menos de 30 anos. Tempo de jogo, porém, pode ser um problema.
Micaela, a principal candidata para ser a sucessora de Janeth, por exemplo, não disputou nem Mundial, nem Olimpíada. Kelly e Érika, as sucessoras de Alessandra, jogaram cerca de dez minutos de jogo em Atenas.
Barbosa, porém, não vê um problema nesse fato. "Quando se fala em renovação da seleção, parece que o Brasil tem 30 jogadoras fora, esperando. Mas não é assim. Nossa base de atletas diminui na razão inversa dos resultados que obtemos", diz.
Fonte: UOL
Nota do Painel:
Uma bela reportagem de Bruno Duro no UOL. Mais bela ainda é a tentativa de Bassul em mostrar que as coisas não estão na mais perfeita harmonia
e que há muito a mudar.
Boas também são as declarações de Iziane e Janeth.
Já de Grego e Barbosa, é unânime: não há nada de útil que possa sair daquelas bocas.
Bruno Doro
Em São Paulo
Excursões no exterior, jogos contra equipes de escolas diferentes, uma seleção B para abrigar jovens promessas. Todos esses são benefícios que a seleção masculina, há duas edições fora dos Jogos Olímpicos, conquistou. A feminina, que chegou à semifinal das últimas três Olimpíadas, ainda não.
O ano olímpico foi marcante para isso. As duas seleções principais disputaram, cada uma, 17 partidas na temporada. Os homens, cujo principal torneio da temporada era o Sul-Americano, enfrentaram oito dos 12 times que foram às Olimpíadas. As mulheres, incluindo os oitos jogos que fizeram para chegar ao quarto lugar olímpico, só enfrentaram sete.
Na preparação para os Jogos, o Brasil enfrentou Grécia e China. Em Atenas, os rivais foram Japão, Grécia, Nigéria, Rússia e Austrália. A equipe enfrentou também Cuba, que não foi às Olimpíadas, quatro vezes.
"Nós jogamos pouco internacionalmente e isso pode fazer falta no futuro. Precisamos de uma seleção de novos, precisamos enfrentar escolas diferentes, como a asiática, a européia. Não adianta jogar contra Cuba, que tem um estilo de jogo muito parecido com o nosso", reclama Paulo Bassul, assistente-técnico da seleção feminina.
A seleção masculina, enquanto isso, se dividiu em duas, a principal e a de novos (que fez uma excursão à China). A primeira enfrentou a campeã olímpica Argentina, a vice Itália, além de Angola, Austrália, Porto Rico, Espanha, Grécia e Lituânia. Os brasileiros só não enfrentaram China, Nova Zelândia, Estados Unidos e Sérvia e Montenegro.
"Eu não posso reclamar. Desde que assumi a seleção (em 2003), fizemos muitas partidas internacionais. Infelizmente, não conseguimos a vaga para as Olimpíadas de Atenas, mas o trabalho para o próximo ciclo olímpico já começou", diz o técnico Lula Ferreira, da seleção masculina.
No feminino, as coisas são um pouco diferente. "Ainda nem fizemos a avaliação do trabalho de Atenas", diz o técnico Barbosa. Assuntos para se discutir quando essa preparação para Pequim-2008 não vão faltar.
A pivô Alessandra, uma das principais jogadoras da seleção brasileira nos últimos anos, não vai jogar. Ela deve fazer sua despedida da seleção em 2006, no Mundial do Brasil. Janeth, maior cestinha do basquete feminino nacional, terá 39 anos nos próximos jogos. Renovação, portanto, será necessária.
"Isso já vem ocorrendo normalmente. Em Sydney, a equipe era formada por cinco jogadoras estreantes e fomos bronze. Em Atenas, foram mais cinco estreando e ficamos em quarto", diz o presidente da CBB (Confederação Brasileira), Gerasime Bozikis, o Grego.
Isso, porém, pode não ser o bastante. Para a posição de Janeth, por exemplo, o Brasil corre o risco de passar pelo mesmo fenômeno que enfrentou quando Paula e Hortência deixaram a seleção, na década de 90.
"Naquela época, criou-se um vácuo, que demorou um pouco para ser preenchido", admite Barbosa. "A Adriana Santos e a Helen, que chegaram para ocupar os espaços, sofreram com o impacto de virar titulares", lembra Paulo Bassul, que começou a trabalhar com a seleção em 1999.
Para evitar isso, a solução seria a criação de uma seleção de novos, como a masculina. Grego admite a formação da equipe, mas não diz como ou quando isso será feito. Um problema se consideradas as características de jogo que a seleção apresentou nos últimos anos.
A seleção ainda depende muito de veteranas como Helen (31 anos), Alessandra (30) e Janeth. "A maioria das jogadas era feita para a Janeth e a Alessandra", admite a ala-armadora Iziane, de 22 anos, mais talentosa da nova geração.
"Temos uma geração talentosa, que já está aí, mas outras meninas da sub-21 também podem aparecer", avisa Janeth. Metade da seleção que foi a Atenas pode chegará a Pequim com menos de 30 anos. Tempo de jogo, porém, pode ser um problema.
Micaela, a principal candidata para ser a sucessora de Janeth, por exemplo, não disputou nem Mundial, nem Olimpíada. Kelly e Érika, as sucessoras de Alessandra, jogaram cerca de dez minutos de jogo em Atenas.
Barbosa, porém, não vê um problema nesse fato. "Quando se fala em renovação da seleção, parece que o Brasil tem 30 jogadoras fora, esperando. Mas não é assim. Nossa base de atletas diminui na razão inversa dos resultados que obtemos", diz.
Fonte: UOL
Nota do Painel:
Uma bela reportagem de Bruno Duro no UOL. Mais bela ainda é a tentativa de Bassul em mostrar que as coisas não estão na mais perfeita harmonia
e que há muito a mudar.
Boas também são as declarações de Iziane e Janeth.
Já de Grego e Barbosa, é unânime: não há nada de útil que possa sair daquelas bocas.
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