A oposição apareceu
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Está lançada a cruzada para destronar Gerasime Bozikis, o Grego, presidente da Confederação Brasileira de Basquete há seis controvertidos anos.
A Folha descobriu que o seguinte documento começou a chegar nesta semana às mãos dos presidentes das federações estaduais:
"Decálogo do compromisso de mudança - Gestão 2005-2008:
1) Transparência total, com balanço trimestral na internet e auditoria externa nas contas, independente do Conselho Fiscal;
2) Reestruturação administrativa, com a profissionalização dos departamentos, criação de cinco vice-presidências (nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e a descentralização de tomada de decisões;
3) Implementação do Plano Quadrienal de Resgate do Basquetebol com a participação direta das federações estaduais em marketing, investimento e divulgação da modalidade;
4) Incentivo à criação de ligas profissionais no masculino e no feminino;
5) Apoio ao basquete escolar e universitário visando a popularização da modalidade;
6) Criação de pólos regionais de desenvolvimento de talentos na sequência dos campeonatos de base com atuação das federações;
7) Intercâmbio com universidades e entidades internacionais propiciando aos dirigentes vivências de modelos organizacionais;
8) Incentivo à especialização de técnicos e árbitros em parceria com universidades;
9) Incentivo à criação de sindicatos de técnicos e árbitros;
10) Conquista das vagas olímpicas para Pequim-2008.
Assinado, José Medalha."
O movimento de oposição germinou durante meses no país, mas só traçou sua estratégia em território porto-riquenho, durante a fracassada campanha da seleção masculina no Pré-Olímpico.
No ginásio Roberto Clemente, o espectador Medalha foi convencido a "dar a cara para bater".
Sua chapa nasce com a vocação de anticandidatura, simbólica, posto que os extemporâneos mecanismos estatutários do esporte nacional favorecem as reeleições.
Mas o técnico, que dirigiu a seleção na Olimpíada de Barcelona-92 e é um estudioso da história do basquete, parece apostar na curta, porém explosiva, plataforma para aglutinar insatisfações e ressentimentos -e decolar.
Nota-se no texto, por exemplo, a preocupação em defender o "federalismo", promessa da campanha de 1997 de Grego que não saiu da gaveta -ex-aliados reclamam que o presidente não só manteve a estrutura centralista como golpeou o estatuto a fim de garantir, em 2000, o mandato 2001-05.
Aparecem também bandeiras populares entre os basqueteiros: a abertura das finanças ao público e a autonomia administrativa dos campeonatos (modelo, aliás, consagrado por todos os que se classificaram para os Jogos de Atenas-04 no masculino).
Como a eleição nem data tem, muitos chamarão o manifesto de oportunista. Eu prefiro caracterizá-lo de oportuno. O exercício da democracia, o debate de idéias e a dialética do jogo político podem tirar o zero do placar.
Contraponto 1
Medalha precisa da adesão de pelo menos duas federações estaduais para homologar a candidatura. Seus coligados já contam cinco votos.
Contraponto 2
Faltou no manifesto o compromisso com uma reforma política da CBB, no sentido de assegurar a alternância no poder.
Contraponto 3
A chapa da oposição, com fortes bases no movimento do desporto escolar, já lançou até um site: www.mudacbb.com.br.
Contraponto 4
Medalha, aliás, tem site próprio: www.josemedalhabasketball.com.
E-mail - melk@uol.com.br
Fonte: Folha
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