quinta-feira, 14 de agosto de 2003

Grego nega crise na seleção feminina

O pedido de dispensa da ala Silvinha deu margem a uma possível crise entre jogadoras da seleção e o técnico Antônio Carlos Barbosa. O presidente da CBB desmentiu.

Rio de Janeiro - Uma possível crise entre jogadoras da seleção e o técnico Antônio Carlos Barbosa foi desmentida hoje pelo presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Grego Bozikis, que na quarta-feira recebeu o pedido de dispensa da ala Silvinha, do Unimed/Ourinhos. "Ela me ligou e alegou problemas particulares. São as coisas tristes do esporte. A Silvinha é uma das glórias do basquete do Brasil, mas temos que respeitar sua posição", disse Grego.

O treinador disse ter "estranhado" a decisão da atleta, mas afirmou que ao mínimo sinal de uma rebelião (a exemplo do que aconteceu com o ex-técnico da seleção feminina de vôlei Marco Aurélio Motta) seria o "primeiro" a pedir demissão.

"Não vejo nada de anormal na atitude dela. E não tenho problemas com ninguém", assegurou Barbosa, que lembrou o fato de Silvinha vir atuando como titular da equipe. "Mas, às vezes, as jogadoras precisam fazer uma auto-análise. Tem gente que quer jogar 45 minutos quando só é possível 40."

O assunto da dispensa de Silvinha para Barbosa foi superado. Mas a ex-jogadora Hortência, presente hoje ao evento de parceria da CBB com a Eletrobrás, no Rio, ficou surpresa quando soube da informação. "Eu não sabia de nada. Estou achando isso estranho. Se ela tomou essa decisão, é porque está havendo algum problema. Tem que ver o que é", disse.

"A Silvinha é uma grande jogadora. Não sei o que aconteceu", continuou Hortência.

Jogos - Agora, o treinador faz planos para o total de oito amistosos que realizará com a seleção, entre os dias 26 de agosto e 8 de setembro, na Rússia e na Espanha. A equipe se apresenta no Rio no domingo à noite e embarca para a Europa no dia 22.

"Os amistosos vão servir para analisar as jogadoras e escolher o grupo do Pré-olímpico", explicou Barbosa. A competição classificatória para Atenas será realizada entre os dias 17 e 21 de setembro, no México. Do grupo de convocadas, o treinador precisará fazer dois cortes.

Michel Castellar e Silvio Barsetti


Fonte: Estadão

Estou com medo de não ter condições de comentar as declarações de Barbosa hoje, mas serei forte. Dai-me força (e paciência).

Primeiro: O treinador disse ter "estranhado" a decisão da atleta, mas afirmou que ao mínimo sinal de uma rebelião (a exemplo do que aconteceu com o ex-técnico da seleção feminina de vôlei Marco Aurélio Motta) seria o "primeiro" a pedir demissão.

Barbosa, meu caro. Eu sei que você é um dos leitores do meu blog e vou me aproveitar disso hoje. Suas atletas não vão dizer nunca que há problemas. O basquete não tem tradição nenhuma em reinvidicações, em organização de atletas. Ninguém quer se queimar. Por isso até hoje ninguém falou nada objetivamente pelo tema. Mas se você ler as declarações de Paula, Hortência, Adriana, Branca, Claudinha e agora de Silvinha, saberá que seu trabalho está sendo desaprovado.

Por favor, peça a demissão, porque a rebelião já começou e você não percebeu!


Segundo: (...) às vezes, as jogadoras precisam fazer uma auto-análise. Tem gente que quer jogar 45 minutos quando só é possível 40."


Trecho terrível. Barbosa parece querer insinuar que Silvinha saiu porque ele estava "abrindo espaço" para Vívian.

Mas imagino como deve ser doloroso para uma atleta se ver no banco, sendo substituído por outra com um "basquete inconsistente", para repetir a expressão de Melchiades Filho.


Terceiro: "Não vejo nada de anormal na atitude dela. E não tenho problemas com ninguém"


Realmente, Barbosa, você não tem problemas com ninguém.

Quem tem problemas, sou eu; porque realmente é um senhor-problema ser apaixonado por um esporte tão mal-gerenciado, tão desorganizado, tão pobre e desrespeitado como o basquete feminino brasileiro.

Ponto final.




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