Técnico da equipe feminina de basquete de São Bernardo, que lidera a Série A-2 do Paulista, Marcio Bellicieri ficou profundamente irritado quando o espanhol Carlos Colinas assumiu o comando da seleção feminina. Na época, Marcio redigiu um texto, que foi publicado aqui no blog, chamado Hablas Espanhol ?
Isso foi há mais de cinco anos. De lá pra cá vários técnicos passaram pela função com resultados ruins. Mas o momento atual - com Zanon no comando - registra certamente o pior basquete da seleção nos últimos trinta anos e os piores resultados.
No meio dessa tristeza, me lembrei que o texto de Marcio seguia atual e que os problemas retratados ali se repetiam. Resolvi escrever ao Marcio pedindo a opinião dele sobre essa passagem de tempo.
Segue a resposta dele:
O texto "Hablas espanhol", escrito em um momento de extrema indignação, um desabafo, realmente acabou assim, como previram as letras.
Ou melhor, o texto não acabou. A história do basquete continua sendo escrita em linhas tortas.
E infelizmente o discurso fica na esfera do verbo, do dito pelo não dito, afinal tanto faz. Mas discurso sem atitude não marca ponto, só pontua uma ou outra opinião; e isso se dilui. É rapidamente esquecido. O tempo passa rápido em quadra, quando se vê, o jogo acabou... Que pena. Mas será que o jogo acabou? É nesse mesmo basquete, que passa o tempo e vira jogo no final; é desse imprevisível que impulsiona para a sempre vontade de vitória até o instante último, é nesse basquete que eu e tantos outros fizemos escola, e é desse basquete, de construção e time, desse que joga junto e reconhece o esforço, passa a bola, que sabe que os pontos nao se fazem sem que cada mão tenha tocado a bola e desejado a cesta. É nesse basquete que ainda tento acreditar. Bola, salto, jogo; não discurso e colarinho de atleta. Discurso sem atitude é falta, de ataque ou defesa, já nem se sabe mais. Quem é, afinal, o adversário? O basquete feminino brasileiro não joga em equipe, não joga em seu favor. Mesmo sendo tão poucos, nós que fazemos e vivemos o basquetebol feminino, aindanão entendemos que em aceitando e nos submetendo a alguns posicionamentos arbitrários, aos quais somos contrários , nos tornamos também nossos próprios adversários.
Ao passo que, se transformássemos a crítica em atitudes estaríamos trabalhando para modificar a forma de jogar.
Um sistema de jogo eficaz em conjunto pode ganhar o jogo...
Que estrutura é essa que deixa na reserva e insiste em desrespeitar permanentemente um contingente de dirigentes, técnicos,também atletas, que mantém o basquete vivo no trabalho cotidiano de preparar a base, instruir,construir com inúmeras dificuldades manter, patrocinar, encorajar?
Que sistema é esse que canibaliza a si próprio deixando de lado o trabalho de tantos, para que apenas alguns se olhem no espelho ?
Esporte é muito mais que auto-contemplação, esporte é jogo e jogo só se joga com os afins...
Não podemos deixar que o basquete brasileiro torne-se seu mais potente adversário.
E a matéria, cansada , depois de cinco anos ainda acaba assim: uma indignação entrelinhas. Sinceramente, espero que não ineficaz ou muda , porque no fundo, todos que vivemos de fato o Basquetebol Feminino Brasileiro, torcemos por ele...
Cesta!
Marcio Bellicieri
12 comentários:
Além de ser um desrespeito enorme com dirigentes, técnicos e atletas que com seu grande esforço e total dedicação mantém o basquete feminino no Brasil ainda vivo, as escolhas equivocadas dos últimos técnicos da seleção feminina pela CBB (Colinas, Enio, Tarallo e Zanon) tornam ainda mais difícil o trabalho que acontece nos clubes, porque os péssimos resultados da seleção feminina refletem no dia a dia dos clubes. Patrocinadores fogem, torcedores deixam de ir aos ginásios, clubes fecham as portas, novos talentos vão preferir praticar outros esportes, atletas de ponta não tem a mesma motivação para treinar, pois sabem que não importa o que façam em quadra, podem até fazer 40 pontos de média, mas se o técnico não for com a cara, não fará parte da panela da seleção e outras que treinam menos, que tem menos qualidade, podem fazer -5 de eficiência de média que continuarão a ser convocadas simplesmente porque o técnico quer. A CBB além de não ajudar, o que deveria ser a sua obrigação, trabalha contra o basquete feminino. Eu penso assim: os clubes precisam ser consultados pela CBB (tem alguém lá responsável pelo basquete feminino?), ou contrata um técnico que seja consenso, que conhece o dia a dia da LBF, que tenha resultados na bagagem, que tenha o respeito de todos e competência incontestável ou traga um técnico com currículo olímpico, que entenda de basquete internacional. Chamar esses caras, que são semi-amadores, sem experiência em grandes competições internacionais e que não vivem o dia a dia da LBF é dizer: " vocês (dirigentes, técnicos e atletas) que estão aí ralando no dia a dia e dando o sangue pelo basquete feminino não sabem de nada e não servem pra nada". Absurdo.
Enquanto isso a seleção SUB 23 Feminina de volei foi campeã mundial vencendo a Turquia na Turquia, com muito investimento, seriedade, motivação e todo mundo querendo sucesso.
No BF até as atletas se conformam e se acomodam.
Alguém pode informar o que aconteceu com a Janeth, que estava nas seleções de base e seria a técnica da seleção nas olimpíadas de 2016, hoje ela parece que foi banida do basquete? O que aconteceu e por onde anda Janeth?
Essas história de renovação é furada. Convoque o que temos de melhor:
Armadoras: Adrianinha, Joice Rodrigues e Tássia
Alas: Karla, Iziane, Palmira e Joice Coelho
Pivôs: Erika, Clarissa, Damiris, Nádia e Gil
Técnico: Vendramini
OBSERVADOR
Muito boas as colocações do post acima! Se não há bons resultados internacionais o reflexo recai totalmente no basquete interno,sem patrocinadores que não querem seus nomes ligados a derrotas!A insensibilidade da CBB,ao lado do desinteresse,incompetencia e omissão total nos assusta e causa revolta!Um diretor técnico claramente interessado e só no basquete masculino, que apesar de todo o oba oba com Magnano,foi conquistar seu primeiro titulo em um esvaziado Pan,que antes o Lula Ferreira já tinha sido bi campeão!A escolha do Zanon no momento que foi feita a meu ver foi correta,mas no momento que ele deixou Americana, o laço que o unia ao feminino foi desfeito e não tinha mais sentido sua permanencia! Renovação pessimamente feita,erros que desde a Hortencia já vinha ocorrendo com a volta da Helen e Alessandra para a Seleção depois de anunciarem a aposentadoria, não resolveu nada e segurou o desenvolvimento de outras atletas!!Levar a Iziane no Pré e não também no Pan demonstra uma incoerencia e falta de uma linha de planejamento!!Enfim são erros que não devem e não poderiam terem sido cometidos!Técnicos inexperientes em seleções de base!!!Enfim há esperança desde que haja um mínimo de interesse desta figura folclórica e até simpatica do pseudo presidente,Carlos Nunes!!!
concordo plenamente com o anônimo das 13;37, não da mais tempo de ficar testando atletas.
1:37 faz tudo parecer facil..mas realmente nao tem mais o k inventar...eh isso ai mesmo!
Pois é, cada Janeth? Foi extremamente bem na base. Chegou em 6o no Mundial sub19 com metade do tempo de preparação promotido pela CBB e com desfalques importantes. Seria uma excelente opção se tivessem dado sequencia ao trabalho dela.
Será que a Janeth quer ser treinadora? Se ela quiser tem vários clubes com os quais tem contato e não seria difícil conseguir uma oportunidade para trabalhar no dia a dia, sol a sol, lapidando talentos na base ou sendo cobrada por resultados nas competições do adulto. Agora se para ela só serve a seleção, complicado... Seleção é (ou deveria ser) consequência do trabalho que ocorre durante a temporada, tanto para as jogadoras, como para o técnico. Como jogadora excepcional que foi, ela trabalhava a temporada inteira para chegar à seleção. Como treinadora não sera diferente, tem que trabalhar e apresentar resultados, não basta (ou não bastaria) ter apenas um grande nome ou QI (quem indica).
ANONIMO DAS 14:01
ONDE ESTÃO ESTES "VÁRIOS CLUBES"?
AQUI NO BRASIL?
ONDE ESTÃO?
VC ESTÁ LIGADO OU LIGADA MESMO NO BASQUETE FEMININO DESTE PAÍS, NOSSA...
AHAHAHAH
Tem pelo menos 20 clubes por aí e Janeth conhece todos. A Lisdeive por exemplo, já foi assistente e já trabalhou em três clubes como técnica, desde que parou de jogar. É só querer.
Anonimo das 14:59
Por favor, cite apenas 12 clubes destes 20 que vc diz que tem...
Não vale sub-19, sub-17, sub-16...tá?
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