segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Magic Paula pede drástica reformulação do Basquete no Brasil

POR DANIEL CARMONA

04paula630div Elegância e autenticidade. Aos 50 anos, Magic Paula parece ainda mais à vontade para reforçar as características marcantes que deram o toque especial a uma das maiores jogadoras de basquete do mundo. “Eu sempre paguei caro por isso e hoje não é diferente, mas eu prefiro voltar para casa, colocar a cabeça no travesseiro e dormir com tranquilidade. Isso é dignidade”, pondera ao MARCA BRASIL, a ex-atleta, após participar de um debate sobre os rumos dos esportes olímpicos no País.
Idealizadora do Instituto Passe de Mágica, onde há uma década utiliza o basquete como meio de formação social de jovens menos privilegiados, Paula mantém o protagonismo dos tempos da quadra, de maneira mais discreta, embora não menos efetiva.
De um ano e meio para cá, gerencia por meio do seu instituto, o projeto Plataforma 2016, que, com ajuda da Lei de Incentivo ao Esporte e recursos da Petrobras, investe no desenvolvimento de atletas de alto rendimento do boxe, esgrima, levantamento de peso, remo e taekwondo.
Com a bagagem de quem já foi atleta e hoje transita do outro lado, ela reforça a preocupação sobre os rumos do desenvolvimento do esporte no País.E avalia o tempo que o Brasil tem perdido para aproveitar os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, para buscar uma verdadeira transformação.
“Nada me assusta. A gente não se posiciona politicamente, não coloca a boca no trombone, não vai atrás e deixa tudo nas mãos de poucos. A Olimpíada é do Brasil, não do Rio. A gente tem uma grande janela para buscar uma transformação verdadeira e efetiva sobre a política de esporte no País, mas caminhamos para o mesmo círculo vicioso de quatro anos de trabalho. Com recursos mal gerenciados, políticas equivocadas e tudo que já vimos antes”, criticou Paula.

O que move a ex-jogadora a seguir na luta por novos caminhos? A resposta está na ponta da língua. “A gente está seguindo um caminho, aos poucos e bem lentamente, de querer as coisas um pouco diferente de como elas estão. Vai demorar um pouco? Talvez sim, mas não podemos abrir mão dos nossos princípios. E os próprios Jogos no Rio, depois do evento, podem abrir os olhos para esse novo caminho”, disse.
Sobre o basquete, especialmente o feminino, Magic Paula lamentou os erros na recente transição de geração e não crê em grande mudança até 2016. Mas aponta o caminho a ser trilhado. “Não dá mais tempo de renovar. Temos que utilizar o que temos hoje, mas é preciso ter continuidade. A seleção se encontra uma vez por ano, quando tem competição importante, então tem que ser um trabalho mais permanente. Agora, ser visionária para dizer onde vamos estar em 2016, vejo uma situação complicada. Não há quantidade de boas jogadoras no país e as boas atletas estão concentradas em um único time. Isso é muito ruim. É um panorama bastante inverso em relação ao masculino.” Paula também não se conteve ao falar de outros temas.
RENOVAÇÃO NA SELEÇÃO
Atleta no Brasil está em terceiro ou quarto plano. A gente tem a oportunidade de criar uma cultura, mas, hoje, vejo que está muito difícil fazer o jovem praticar esporte. Minha preocupação é essa. O governo teria que favorecer essa base da pirâmide, de oferecer o esporte como base da cultura.
ATLETAS SEM DINHEIRO
Nunca teve tanto recurso como tem hoje. O problema é como esse dinheiro é gerenciado. A Olimpíada de 2016 vai sair como sempre saiu: um cara que precisava vender o quimono para conseguir competir e vai ganhar medalha. Vamos continuar a comemorar com esses ídolos esporádicos.
CULTURA OLÍMPICA
Não temos uma cultura de longo prazo. Só falamos em Olimpíada em ano de Olimpíada. Só pensamos em uma nova geração quando termina a atual. E essa renovação leva tempo. O exemplo do vôlei tem que ser seguido. No vôlei, você nem percebe a mudança de uma geração para outra. A cultura esportiva no Brasil é aquela do brinca quem pode. E isso faz parte lá na Educação Física que é dada nas escolas.
GOVERNO BUROCRATA
Tudo no governo é muito burocrático. Não sei o que vai ser desse projeto Medalha 2016 da presidente Dilma (Rousseff). Têm atletas medalhistas que já deveriam receber esse recurso pelo que fizeram, mas sabe-se lá quando isso vai chegar. Além do mais, fizeram o que os atletas de ponta mais queriam, que eram recursos. Mas e os garotos, as garotas, o pessoal que está começando sem apoio?

FALTA DE TALENTOS
A gente culpa muito as confederações, mas elas são responsáveis apenas pelas Seleções. O desafio, como educadora física que sou, é impulsionar a prática esportiva. É um desafio grande porque quem sai da faculdade dificilmente será um formador. Vai para a recreação de um hotel, trabalhar em cruzeiro, em academia, mas dificilmente quer ser um formador. O formato (da decisão da NBB), por exemplo, foi péssimo. Jogaram vários meses para a decidir em um jogo. Isso é muito ruim para os atletas. O único que foi beneficiado foi a TV.
SELEÇÃO FEMININA
Para ficar como está, era melhor ter renovado. A seleção (feminina de basquete) agora vai ter que sofrer, pegar pelo descaso e ainda tomar muito pau. Pena, porque as atletas não têm nada a ver com isso. Mas é o único caminho. Tá tão ruim o basquete no Brasil que as pessoas que ainda me reconhecem na rua dizem que eu sou a Paula, jogadora do vôlei.
FALTA COBRANÇA
Quando eu jogava e perdia uma partida, era uma vergonha. Saia no jornal e me sentia mal, mas hoje em dia as meninas vão lá, perdem, ficam em nono nos Jogos de Londres e está tudo ótimo. Você vai nas redes sociais e elas estão sorrindo e está tudo bem. Sinto muito por essa falta de cobrança.
SER UMA DIRIGENTE
Eu jamais seria dirigente. Não (assumiria um cargo diretivo). Eu não tenho aquele perfil de engolir sapos.

Fonte: Marca Brasil

6 comentários:

Anônimo disse...

Paula é isso ai... Pau na gentalha que frequenta os corredores do basquete feminino.
Cambada de incompetentes, fora de espaço para quem esta afim de fazer um trabalho que perpetue.

Swoopes disse...

Magic Paula, sempre certeira e sublime nos seus posicionamentos! Eu apenas completaria traduzindo o eufemismo "engolir sapos" por "compactuar com muita coisa errada"! É essa a prática de grande parte dos dirigentes esportivos no Brasil, infelizmente... Pior ainda é que os bons acabam se afastando para não conviver com essa corja!! Pobre Brasil...

Murillo disse...

Paula já demonstrou toda a sua experiência e brilhantismo como gestora em todos os projetos que assumiu, seja no Centro Olímpico, no Instituto Passe de Mágica e agora dando a sua colaboração na gestão de cinco modalidades olímpicas, entre elas o boxe que trouxe a primeira medalha na história do boxe feminino brasileiro já em Londres 2012!!!
Paula com certeza sabe que o problema do basquete feminino não passa somente pelas atletas, mas por toda a sua (falta de) estrutura... Ela conhece bem o basquete nacional, vivenciou o céu e o inferno... sabe também de toda podridão... então é justo que ela resolva atuar em outros meios mais saudáveis... Ainda assim, continua sempre procurando ajudar com as suas sábias colocações!!
E eu continuo com a torcida para que os Deuses do basquete permitam florescer nessa terra árida que é o basquete nacional algum projeto com a filosofia e a competência da nossa eterna Magic Paula!!
MAS SE POR ENQUANTO A PAULA JÁ DISSE QUE NÃO QUER, DECIDIU FICAR LONGE DA PODRIDÃO, TEMOS QUE RESPEITAR! ELA JÁ DEU A SUA ENORME CONTRIBUIÇÃO PARA O BASQUETE FEMININO DO BRASIL!! QUEM TEVE O PRIVILÉGIO DE VER MAGIC PAULA JOGAR NÃO TEM DÚVIDAS DISSO... E COMO EU AGRADEÇE ATÉ HOJE TODOS AQUELES MONETNTOS MÁGICOS!! SAUDADES ETERNAS!!!

Anônimo disse...

Então se ela não quer nada com o basquete que fique na dela caladinha nao criticando, ou bota em pratica o q ela fala por ai magic!

Fernando disse...

Paula, admiro sua competência.
Ac?ho que você tem toda condições de criticar.
Mais quem critica tem que também dar sugestões.
Você diz que jamais seria dirigente, mas pode sugerir como um dirigente deve agir.
Acho que sua opionião iria contribuir.

MeninoBionico disse...

Paula, dê aula pra Hortência e mostre a ela como se faz, porque essa anta está metendo o pé pelas mãos!