Treinador se diz adaptado ao trabalho na seleção feminina de basquete, comemora vaga olímpica e projeta medalha em Londres
Luís Araújo, especial para o iG, em São Paulo
O anúncio de Ênio Vecchi como comandante da seleção feminina de basquete, em dezembro de 2010, foi visto com surpresa por muitos. Afinal de contas, o treinador jamais havia trabalhado com mulheres. A carreira toda foi construída como técnico de equipes masculinas. Prestes a completar um ano na nova função, agora de maneira exclusiva no cargo, ele demonstra estar bem à vontade em seu novo habitat. “As mulheres são mais alegres”, brinca.
Vecchi observa que o basquete feminino não tem a mesma força física do masculino, e que até por isso as atletas se aplicam mais à parte tática e prestam maior atenção aos detalhes. Mas a diferença entre homens e mulheres que mais chama atenção não aparece dentro de quadra. “Elas têm uma preocupação muito grande em manter o bom humor e resolver os problemas de maneira suave”, garante.
Apesar da eliminação na semifinal do Pan-Americano diante de Porto Rico, Vecchi julga como satisfatório o primeiro ano à frente da seleção feminina por conta da conquista da vaga às Olimpíadas. Agora, ele já planeja a preparação para 2012, quando o seu desafio será voltar de Londres com uma medalha olímpica.
Leia abaixo a entrevista com Ênio Vecchi:
iG: Qual o balanço que você faz do primeiro ano à frente da seleção feminina?
Ênio Vecchi: Trabalhar com as mulheres foi uma grande mudança na minha carreira, mas me adaptei bem. Fui muito bem recebido por todo mundo da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) e pelas jogadoras. Isso foi ótimo. Os resultados atingidos neste primeiro ano foram muito satisfatórios. Nosso grande objetivo era conquistar a vaga para as Olimpíadas, e nós conseguimos cumprir essa meta.
iG: Depois de passar a carreira toda treinando equipes masculinas, quais as diferenças que você sentiu em trabalhar com as mulheres?
Ênio Vecchi: O aspecto físico é um ponto importante. Elas procuram superar isso com muita disciplina tática e técnica, e têm uma atenção aos detalhes muito maior. Isso ajuda bastante o trabalho do treinador.
iG: E fora de quadra, como é lidar com elas?
Ênio Vecchi: Ao contrário do que geralmente é falado, as mulheres são mais alegres. Não que o masculino não seja, mas isso ficou bastante evidente no feminino. Elas têm uma preocupação muito grande em manter o bom humor e resolver os problemas de maneira suave, dentro do próprio grupo, não individualmente. As mulheres são ponto de referência nas suas respectivas famílias, por isso elas sabem da importância de manter um ambiente com clima positivo.
iG: A eliminação diante de Porto Rico na semifinal do Pan escancara que tipo de defeito a ser corrigido na equipe?
Ênio Vecchi: Sempre fazemos uma avaliação minuciosa depois de uma derrota como essa. Sabemos que o nível das Olimpíadas será muito mais forte. Precisamos apresentar maior concentração do que tivemos no Pan para enfrentarmos as seleções mais fortes em Londres.
iG: Além da concentração, no que mais o time pecou?
Ênio Vecchi: Nós erramos mais do que acertamos. Não tivemos o aproveitamento que normalmente temos. Tivemos um volume de jogo de 190 pontos e tivemos apenas cerca de 30%. Foi um dia pouco inspirado, nada deu certo para nós. Ao mesmo tempo, deu tudo certo para as portorriquenhas.
iG: Como você imagina utilizar as atletas que ficaram em terceiro lugar no Mundial Sub-19 deste ano?
Ênio Vecchi: Essa geração tem muito potencial, nós precisamos fazer com que elas continuem se desenvolvendo. Existe uma lacuna na transição do juvenil para o adulto. Nossa preocupação é facilitar essa transição dando sequência ao trabalho. Vamos acompanhar as garotas nos seus respectivos clubes ao longo dos próximos meses e trazê-las para competições internacionais, para que adquiram experiência internacional cada vez maior. Já fizemos isso no Pan com a Carina e a Isabela, que treinaram com a gente. O objetivo disso tudo é poder contar com número maior de jovens jogadoras selecionáveis.
iG: Encerrado o Pan, qual o planejamento de preparação para as Olimpíadas?
Ênio Vecchi: Nossa intenção é ter três meses de treinamentos para as Olimpíadas, mas isso pode variar. Temos convites da China, Austrália e Rússia para jogar torneios amistosos. E nós podemos também organizar aqui um evento como esse. A ideia é adquirir o máximo de experiência internacional possível.
iG: Conquistar um lugar no pódio em Londres é otimismo demais ou é uma possibilidade concreta?
Ênio Vecchi: É fundamental todos nós termos a medalha como objetivo. Essa é a nossa motivação. Sem esse pensamento, não há razão para fazer uma preparação desse jeito. Ainda não falamos disso entre a gente, mas naturalmente todo mundo vai ter essa mesma resposta. A nossa preparação está sendo feita para ganharmos uma medalha.
iG: E quais são os concorrentes mais fortes nas Olimpíadas?
Ênio Vecchi: A seleção mais forte é a dos EUA. Rússia, Austrália, China, França e o Brasil também estão na briga. A República Tcheca foi finalista no último Mundial e está mostrando desenvolvimento, assim como Turquia e Croácia – que eliminou a Espanha no Pré-Olímpico europeu. Todos esses nove países têm chances de medalha.
Fonte: iG
Um comentário:
Será que ele sabe que elas não estão menstruando? segundo a Hortência!rsrs... mas nem gritar com elas ele grita, por isso que elas estão tão doceis. parece que ele não conhece a seleção que tem em mãos... será que foi isso que faltou para que elas acordessem contra Porto Rico? Gritos?????
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