segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vinte anos depois, o Pan

A conquista do ouro pelo basquete feminino no Pan de Havana, em 1991, continua sendo um fato extremamente marcante no esporte nacional. Vinte anos depois, a conquista das meninas sob as barbas de Fidel ainda é lembrada e comentada.

Jennifer Azzi Katrina McClain Teresa Edwards

O time americano que o Brasil bateu naquela competição (87-84) contava com Jennifer Azzi, Teresa Edwards, Andrea Lloyd, Venus Lacey, Katrina McClain e Lynette Woodard, entre outras. Nenhuma delas estava estreando na seleção americana, como se tornou comum nas edições seguintes.

A seleção cubana que Paula, Hortência & Cia bateram por duas vezes em Havana (90-87 e 97 x 76) havia sido bronze no Mundial da Malásia (1990) e ficou com o quarto lugar em Barcelona (1992).

[Adriana Aparecida dos Santos (12), Ana Lúcia Mota (7), Hortência de Fátima Marcari (133), Janeth dos Santos Arcain (87), Joycenara Baptista (7), Maria Paula Gonçalves da Silva (110), Marta de Souza Sobral (92), Nádia Bento Lima (24), Roseli do Carmo Gustavo (5), Ruth Roberta de Souza (23), Simone Pontello (9) e Vânia Hernandes de Souza (9). Técnica: Maria Helena Cardoso]

E – por incrível que pareça e por mais que seja ‘exaltado’ o baixo nível técnico da competição – nunca mais o Brasil foi ouro na disputa.

Em Mar del Plata -1995, a competição foi cancelada por falta de interessados.

Nas três próximas edições, o técnico Antônio Carlos Barbosa comandou o time e acumulou fracassos.

Em Winnipeg-1999, o time esteve irregular como sempre sob o comando do treinador. Conseguiu superar Cuba na estreia (84-78), as dominicas a seguir (124-68) , o  Canadá no terceiro jogo (70-59) e ainda os EUA (77-72, no site da CBB, consta derrota por 70-72), e jogou muito mal em mais uma vitória sobre as argentinas (67-65). Na semifinal, uma cesta de Tammy Sutton-Brown (então uma menina de 21 anos) definiu a vitória das canadenses. Na decisão do bronze, a seleção americana não tomou conhecimento e voou (85-59).

marci Naquela equipe americana, o nomes de maior destaque foram Michelle Marciniak (na época com já 25 anos) e Edwina Brown (21). As duas e suas dez companheiras naquele Pan não voltaram a disputar competições pela seleção americana. Uma das atletas, Danielle Monique McCulley teve passagem discreta por Americana em 2004.

Outro fato que marca a competição foi a contusão de Leila Sobral, que gerou um pôlemico processo judicial contra o COB e afastou a atleta da seleção por cinco anos.

[Adriana Aparecida dos Santos (99), Adriana Moisés Pinto "Adrianinha" (40), Cíntia Regina dos Santos Luz (77), Helen Cristina dos Santos Luz (115), Ilisaine Karen David "Zaine" (11), Kelly da Silva Santos (63), Leila de Souza Sobral (66), Lilian Cristina Lopes Gonçalves Lopes (22), Patrícia Mara Silva (21), Rosângela Aparecida Pereira (0) e Roseli do Carmo Gustavo (21)]

Quatro anos depois, na República Dominicana, o time se comportou de maneira semelhente.Na primeira fase, bateu Canadá (62x53), Argentina (86-43), perdeu dos EUA (77x64). Depois venceu as donas-da-casa (102-44)  Cuba (79x70). Na semifinal, nova derrota para a seleção americana (75x69), num jogo com prorrogação e marcado por um lance polêmico em que a mesa anotou dois pontos a mais para as americanas.

Na decisão do bronze, o Brasil superou o Canadá (55x46) em um jogo muito ruim, no qual –se a memória não me trai – algumas bolas de três de Lilian ajudaram bastante.

Logo após o Pan, Silvinha Luz pediu afastamento da seleção. O astral era péssimo com o degaste com Barbosa, o afastamento de Laís Elena (assistente na época e que não foi a Santo Domingo alegando “medo de avião) e o grupo enfrentaria um Pré-Olímpico em um mês.

Felizmente, o retorno do assistente Paulo Bassul (ocupado durante o Pan com a seleção sub-21, que conquistava a prata no Mundial) e as incorporações de Janeth, Leila e Iziane mudaram o rumo.

rebekkah_brunson_big O time americano daquela vez tinha como destaque Rebekkah Brunson, então em início de carreira, com 21 anos, idade média do time. Brunson e as demais onze atletas que perderam o ouro para a Cuba não voltaram à seleção americana em torneios oficiais.

[Adriana Moisés Pinto "Adrianinha" (82pts), Alessandra Santos Oliveira (80), Cíntia Silva dos Santos “Cíntia Tuiú” (67), Jacqueline Godoy (15), Jucimara Evangelista Dantas “Mamá” (9), Kelly da Silva Santos (45), Lilian Cristina Lopes Gonçalves (46), Micaela Martins Jacintho (61), Renata Santos Oliveira (9), Silvia Andrea dos Santos Luz “Silvinha” (67), Soeli Garvão Zakrzeski “Ega” (8) e Vivian Cristina Lopes (30)]

Rio de Janeiro, 24/07/2007 - XV Jogos Pan-Americanos Rio 2007 - Competição de basquete feminino - Disputa da medalha de ouro entre Brasil X EUA, na Arena Municipal Multiesportiva, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. Na foto, a jogadora brasileira Adrianinha, em lance do jogo. Foto de Nelson Perez / COBEm 2007, no Rio, havia a expectativa do ouro na despedida de Janeth. Depois de vitórias sobre Jamaica (81-69), México (88-44), Canadá (77-63) e de eliminar Cuba nas semifinais (79-60), o time caiu na decisão contra as americanas (79 a 66 – no site da CBB, registrado como 69-66).

O time americano que esteve no Brasil era muito jovem. O destaque foi Angel McCoughtry (na época, com 20 anos). Do grupo, Angel mais a pivô Jayne Appel (19) já estiveram em ação no último Mundial Adulto.

[Adriana Moisés Pinto "Adrianinha" (72pts), Graziane de Jesus Coelho (4), Ísis de Melo Nascimento (2), Janeth dos Santos Arcain (86), Jucimara Evangelista Dantas “Mamá” (14), Karen Gustavo Rocha (21), Kelly da Silva Santos (57), Micaela Martins Jacintho (87), Palmira Cristina Marçal (7), Patrícia de Oliveira Ferreira “Chuca” (0), Soeli Garvão Zakrzeski “Ega” (29) e Tatiana Castro Conceição (12)]

 Basquete

Daqui a duas horas, a seleção feminina começa a escrever um novo capítulo dessa história na semifinal contra Porto Rico. Dessa vez, os rivais dos últimos vinte anos (Cuba, Canadá e EUA) não estarão mais presentes.

O significado de um possível ouro aqui, bem como o real valor dessa equipe americana (que patinou escandalosamente na competição) só entenderemos em alguns anos.

Enquanto isso, que as meninas corram atrás desse ouro!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ouço muitas críticas e comentários sobre a participação do Brasil em Jogos Pan Americanos. A grande maioria acha que devemos mandar uma seleção de novas ou um time mesclado. Sinceramente, acho que não. O Pan não é uma competição de teste, pois existe todo um histórico e valor. Acho uma pena que os países americanos não mandem suas seleções principais, como os EUA já faz em algumas ediçoes, como bem descreveu o Bert, nesse ano Canadá e Argentina, e Cuba, que nem enviou time para o México. Infelizmente, esses países apenas desvalorizam (ou desprezam) uma competição por onde já desfilaram Maria Helena, Norminha, Marlene, Heleninha, Paula, Hortência, Janete, Marta, Leonor Borrel, Bev Smith, Teresa Edwards, Katrina Macclain, Regla Hernandez,Cheryl Miller entre outras. Por isso que eu acho que esse time do Brasil deve ser valorizado por essa postura de manter a tradição da competição.