Iziane e Érika vão à final da WNBA e atrapalham preparação brasileira

Daniel Neves

O sucesso do Atlanta Dream na temporada 2010 da WNBA tem complicado o planejamento da seleção feminina. Criada em novembro de 2007, a franquia mais nova da liga norte-americana chegou pela primeira vez à final da competição e atrasou a apresentação da pivô Érika e da ala Iziane à delegação que se prepara para defender o Brasil no Mundial da República Tcheca, no final do mês.

O planejamento inicial previa que Érika e Iziane se apresentassem ao técnico Carlos Colinas ainda durante o período de treinamentos em Barueri e participassem de torneio amistoso contra Polônia e Cuba. O Dream, porém, avançou às finais da Conferência Leste na WNBA e a seleção brasileira encerrou sua preparação em solo nacional sem a presença das atletas da liga norte-americana.

A expectativa, então, ficou por conta da presença das duas jogadoras nos últimos jogos amistosos que o Brasil realizará na Europa antes de disputar o Mundial. A classificação do Dream para a decisão da WNBA, porém, pode complicar ainda mais a situação. A quinta partida das finais contra o Seattle Storm, caso seja necessária, está marcada para o dia 21 de setembro – dois dias antes da estreia da seleção feminina na República Tcheca contra a Coreia do Sul.

"É bem provável [que se apresentem apenas na República Tcheca]. Não sei quantificar o quanto, mas que atrapalhou, atrapalhou", disse Hortência, diretora da seleção feminina. "A expectativa era de que se apresentassem ainda em Barueri, mas infelizmente não deu".

Apesar de não terem participado de sequer um treinamento durante os quase três meses de preparação para o Mundial, Érika e Iziane são consideradas ‘intocáveis’ pela cúpula da CBB. E devem ter lugar cativo no time que vai estrear no Mundial.

"Não é tratamento diferenciado. Todas as jogadoras são importantes. Elas apenas chegam para dar maior qualidade ao grupo", argumentou Hortência. "Não me envolvo com a parte técnica, isso é com o Colinas. Mas elas estarão ao menos no banco na estreia [contra a Coréia do Sul]".

Para promover a entrada das atletas, no entanto, Colinas está tendo de improvisar. Ele levou para a Europa, por exemplo, uma delegação de 12 atletas. A seleção está na França para a fase final de amistosos e duas dessas jogadoras vão sair para a entrada da dupla do Atlanta.

Érika não defende a seleção brasileira desde 2006, quando participou do time que ficou em quarto lugar no Mundial do Brasil. A pivô também participou do torneio em 2002 e da Olimpíada de Atenas-2004. Ficou de fora do grupo que fracassou em Pequim-2008 por causa de lesão e é considerada uma das melhores pivôs da WNBA.

Já Iziane retorna ao time nacional após a polêmica com o técnico Paulo Bassul no Pré-Olímpico Mundial de 2008. Na ocasião, a ala desobedeceu a solicitação do treinador para entrar em quadra e não foi convocada para a Olimpíada de Pequim. A pedido de Hortência, a jogadora foi convocada posteriormente, mas só aceitou voltar à seleção após a troca na comissão técnica.

"Hortência é ídolo, é uma deusa. Voltei por causa dela. Posso conversar com ela sobre tudo, e isso dá um grande conforto", disse Iziane, em entrevista ao ESPN.com.

Conhecida por sua personalidade forte, Iziane também traz a experiência de suas participações nos Mundiais de 2002 e 2006, além da Olimpíada de Atenas-2004. Seu bom desempenho na atual temporada da WNBA lhe rendeu o convite para participar do Jogo das Estrelas da liga norte-americana.

Fonte: UOL